terça, 23 de abril de 2024
finançaspessoais

Já em queda antes do coronavírus, setor de serviços deve encolher entre 4% e 8% em 2020

08 abril 2020 - 16h57Por José Márcio Camargo

Em fevereiro de 2020 o setor de serviços variou -1% mom, na comparação com janeiro, (média das expectativas era de queda de 0,1% mom, Broadcast). Foi o pior resultado para um mês desde julho de 2018. Na comparação interanual, houve crescimento de 0,7% yoy. A queda no volume de serviços prestados foi acompanhada por três das cinco atividades investigadas. O destaque negativo foi a atividade de serviços profissionais e administrativos (-0,9%). As atividades turísticas também apresentaram retração em fevereiro (-0,3%). Com dois meses seguidos de queda, o setor acumula perda de 0,7% no ano. Diferentemente do que ocorreu entre julho-outubro de 2019, quando o setor apresentou recuperação significativa, desde novembro de 2019 o setor de serviços apresenta predomínio de taxas negativas.

Evolução Recente

O resultado de fevereiro não capta o impacto negativo do coronavírus. A política pública de confinamento em combate ao vírus impactará negativamente o setor de serviços de forma significativa. Indicadores antecedentes já dão sinais da retração do setor que ocorrerá nos próximos meses. O PMI (IHS Markit) do setor de serviços (índice de atividade dos gerentes de compras que avalia mudanças nas condições de negócios do setor) recuou de 50,4 em fevereiro para 34,5 em março, uma queda de 15,9 pontos. Foi a maior queda desde o início da pesquisa, há treze anos. A título de comparação, na Zona do Euro a queda do PMI Serviços foi de 26 pontos em março (recuou de 52,6 em fevereiro para 26,4 em março). Nos EUA, a queda foi de 10,3 pontos (recuou de 49,4 em fevereiro para 39,1 em março). Essa queda de 15,9 pontos foi quase que inteiramente atribuída ao fechamento de empresas e à retração da demanda por parte dos clientes em resposta à pandemia do coronavírus: pedidos cancelados, queda nas vendas para exportação e paralisações de empresas em resposta à emergência de saúde pública. Além disso, a pesquisa apontou uma queda acentuada nos números de empregos em março. A taxa de corte de empregos foi a mais rápida registrada desde outubro de 2016. Esperamos uma queda forte na prestação de serviços em março e abril. Entendemos que a curva de contaminação de coronavírus no Brasil vai seguir a média da Europa, portanto, devemos ter queda forte no volume de serviços pelo menos até a terceira semana de abril, com recuperação a partir de maio. Sob esse cenário, para 2020, esperamos queda no volume de serviços entre 4%-8%. Com recuo mais significativo nos serviços prestados às famílias.