Ânimos acirrados

Milei provoca Lula e elogia Bolsonaro em post no X após tensão no G20

Presidente argentino usou um tom pejorativo ao atacar o petista e fazer elogios a seu aliado no País, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Javier Milei - Ilan Berkenwald/Flickr
Javier Milei - Ilan Berkenwald/Flickr

O clima de tensão entre o presidente da Argentina, Javier Milei, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira, 18 de novembro de 2024, no G20.

O embate, cujo ápice ocorreu durante a cúpula de líderes, foi intensificada por uma provocação pública de Milei, postada em sua conta no X (antigo Twitter), onde o presidente argentino usou um tom pejorativo ao atacar o petista e fazer elogios a seu aliado no País, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O post de Javier Milei foi uma montagem em vídeo, na qual ele tenta descreditar o líder brasileiro.

A publicação mostra o presidente Lula alegre e sorridente ao cumprimentar outros líderes presentes na cúpula, mas com semblante sério ao cumprimentar Milei.

Em seguida, a montagem exibe uma cena de meses atrás, com Milei e Bolsonaro abraçados efusivamente em evento realizado no Brasil.

A legenda que acompanha o vídeo de Milei, publicado em sua conta no X, diz: “É melhor que esquerdistas e comunistas estejam longe”.

A frase, de tom provocativo e claramente despectivo, foi recebida como mais uma agressão política de Milei contra o líder brasileiro.

Este ataque não foi um caso isolado.

Milei já havia se manifestado anteriormente de forma pejorativa sobre Lula, chamou-o de “comunista” e fez críticas severas à sua gestão, especialmente no período eleitoral de 2023, quando o atual presidente argentino era candidato.

Tensões e desentendimentos entre Lula e Milei

Antes mesmo de ser eleito, Javier Milei havia chamado Lula de “comunista” e questionado sua idoneidade, e lembrou a prisão do ex-presidente brasileiro por corrupção.

Na época, Milei chegou a afirmar que, se eleito, não se reuniria com Lula.

Essa retórica agressiva havia gerado ruídos diplomáticos entre os dois países, que, apesar das divergências políticas, mantêm uma relação estreita, especialmente devido ao fato de o Brasil ser o principal parceiro comercial da Argentina.

Porém, após a vitória de Milei e sua posse, a administração argentina procurou suavizar as tensões com o governo brasileiro, e reconheceu a importância das relações comerciais.

Naquele momento, Milei amenizou sua postura e procurou apagar o fogo da crise diplomática, embora não tenha pedido desculpas ao presidente Lula, conforme o próprio brasileiro havia solicitado em algumas declarações.

Primeiras divergências no Mercosul e o desentendimento no G20

As diferenças entre os dois líderes voltaram a surgir durante a última cúpula do Mercosul, onde, mais uma vez, o presidente argentino se ausentou para participar de um evento conservador no Brasil e se encontrar com Jair Bolsonaro em Santa Catarina.

A postura de Milei em buscar mais alinhamento com líderes de direita e liberais já havia gerado desconforto no bloco do Mercosul, que traz como principais líderes os dois presidentes, Milei e Lula.

Na cúpula do G20, realizada em novembro de 2024 no Brasil, as tensões se intensificaram novamente.

Além das questões pessoais, o evento apresentou um impacto importante no cenário diplomático regional, e a delegação argentina se opôs a tópicos que já haviam sido praticamente consensuais em outras cúpulas internacionais, como as agendas de igualdade de gênero, o combate à emergência climática e a redução das desigualdades sociais.

Oposição da Argentina a agendas multilaterais e o impasse nas discussões do G20

Durante as discussões do G20, a delegação argentina se opôs fortemente a várias propostas consideradas essenciais para o consenso global, especialmente no que diz respeito às agendas de direitos humanos, igualdade de gênero e a urgente ação climática.

Essa postura reflete a agenda ultraliberal de Milei, que tem se mostrado um crítico das políticas progressistas de inclusão social e da ação direta contra as mudanças climáticas.

A Argentina, sob a liderança de Milei, também tem demonstrado uma postura resistência às iniciativas globais de enfrentamento das desigualdades sociais e outras questões de justiça econômica.

Milei, conhecido por suas visões liberais e conservadoras, foi uma figura controversa durante a presidência brasileira no G20, especialmente em sua tentativa de minar a influência de temas progressistas nas discussões multilaterais.

A delegação argentina insistiu que a busca por consenso sobre esses pontos deveria ser mais flexível, e questionou a ênfase nas políticas de igualdade de gênero e clima durante os debates.

As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

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