O presidente eleito dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, reafirmou sua intenção de obter o controle da Groenlândia e do Canal do Panamá. Na terça-feira (7), o bilionário classificou ambas as medidas como estratégicas para os interesses de segurança nacional e econômica dos EUA.
Durante uma coletiva de imprensa em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump evitou descartar o uso de força militar ou econômica para alcançar seus objetivos.
“Não, não posso garantir nada em relação a nenhum dos dois”, declarou o presidente eleito ao ser questionado sobre possíveis estratégias para assumir o controle desses territórios.
Ele complementou: “Mas posso dizer o seguinte: precisamos deles para a segurança econômica”.
Por que a Groenlândia passou a ser vista de um ponto estratégico?
A Groenlândia, território autônomo da Dinamarca, tem sido alvo de interesse geopolítico por sua localização estratégica e recursos naturais.
A ilha, situada na rota mais curta entre a América do Norte e a Europa, abriga uma importante base espacial americana e possui vastos depósitos de minerais raros, cruciais para tecnologias modernas, como baterias e dispositivos eletrônicos.
O presidente eleito argumentou que a Groenlândia seria vital para monitorar atividades militares de países como China e Rússia. A jornalistas, Trump disse querer “proteger o mundo livre”.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, respondeu às declarações de Trump e reafirmou que “a Groenlândia pertence aos groenlandeses” e que somente seus habitantes têm o direito de decidir sobre o futuro da ilha.
Ela enfatizou que “a Groenlândia não está à venda”, mas destacou a importância da parceria entre Dinamarca e Estados Unidos como aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
E quanto ao Canal do Panamá?
Outro ponto central das declarações de Trump foi a retomada do controle do Canal do Panamá. Ele classificou o canal, que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, como “vital para o país” e criticou o atual modelo de gestão. “Dar o Canal do Panamá ao Panamá foi um grande erro”, afirmou.
Trump referia-se aos tratados de 1977 que transferiram gradualmente o controle da infraestrutura para o governo panamenho.
O presidente eleito também acusou o Panamá de sobrecarregar os navios norte-americanos com taxas excessivas e levantou preocupações sobre suposta influência chinesa na operação do canal.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, rejeitou categoricamente as alegações, e afirmou que “não há absolutamente nenhuma interferência chinesa” no canal.
Uma empresa de Hong Kong, a CK Hutchison Holdings, administra dois portos nas extremidades da hidrovia, mas o controle operacional do canal permanece totalmente com o Panamá.
A fronteira com o Canadá: “Linha Artificial”
Além da Groenlândia e do Canal do Panamá, Trump gerou controvérsia ao sugerir que o Canadá deveria se tornar um estado norte-americano.
Ele criticou as políticas comerciais canadenses, como as importações de madeira, laticínios e automóveis. “Eles deveriam ser um estado [americano]”, declarou, e chamou a fronteira entre os dois países de “linha artificialmente traçada”.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que recentemente renunciou ao cargo, rejeitou a ideia de fusão entre os países. “Não há a menor chance”, afirmou Trudeau.
Outras declarações polêmicas de Trump
A coletiva de imprensa foi inicialmente convocada para anunciar um investimento de US$ 20 bilhões da empresa Damac Properties, de Dubai, na construção de data centers nos Estados Unidos.
No entanto, Trump desviou o foco para temas como regulamentações ambientais, processos judiciais contra ele e críticas ao sistema eleitoral americano.
Entre suas afirmações mais controversas, ele sugeriu mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América” e reiterou sua oposição à energia eólica uma vez que as turbinas, na sua opinião, “enlouquecem as baleias”, sem apresentar evidências.
Visita de Trump Jr. à Groenlândia
Enquanto Trump fazia essas declarações, seu filho, Donald Trump Jr., estava em uma “viagem pessoal” à Groenlândia. Segundo ele, o objetivo era conversar com moradores locais, sem encontros oficiais programados.
Frederiksen minimizou a visita e reafirmou que a Groenlândia não está à venda.