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20% das empresas brasileiras desistentes de IPO passam por reestruturação

Devido à restrição monetária, empresas que não conseguiram realizar oferta pública de ações em 2021 e 2022 buscam formas de resolver suas dívidas

IPO - Shutterstock
IPO - Shutterstock

Segundo uma pesquisa realizada pelo Valor, cerca de um quinto das aproximadamente 90 empresas que não obtiveram êxito na abertura de capital na bolsa brasileira nos dois anos passados passam por um processo de reestruturação de suas dívidas.

Esse panorama reflete a situação de aperto financeiro enfrentada por muitas empresas, agravada por um mercado de capitais mais restrito neste ano, tanto em renda variável quanto em renda fixa, com os eventos corporativos das empresas Americanas (AMER3) e Light (LIGT3).

Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e country manager da Savel Capital Partners, analisa que algumas dessas 90 empresas conseguiram acessar a bolsa de valores e, com isso, obtiveram um alívio financeiro.

No segundo grupo (20 empresas) estão as empresas que não prosseguiram com o IPO porque se recusaram a conceder descontos em relação ao preço pretendido diante da pressão dos investidores. 

Por fim, um terceiro grupo perdeu a oportunidade e teve que retirar seus planos de oferta. “Um grupo já procurava ajustar sua estrutura de dívidas e enxergou uma capitalização legítima por meio da oferta de ações”, destacou.

De acordo com Bravo, uma alternativa potencialmente eficaz seria a utilização de crédito internacional, uma solução muitas vezes negligenciada, mas que pode resolver os problemas de crédito.

Essa abordagem traria benefícios significativos, como taxas de juros mais favoráveis e condições flexíveis, com estímulo a recuperação econômica e impulso ao crescimento das empresas.

Além disso, o acesso a fontes de financiamento estrangeiras permitiria diversificar as opções de crédito disponíveis no mercado, com a redução da dependência das instituições financeiras locais.

Essa solução pouco discutida poderia desempenhar um papel crucial na resolução dos problemas enfrentados pelas empresas com questões de crédito.

Ao receber recursos estrangeiros, as empresas em processo de recuperação judicial teriam acesso a capital adicional, o que possibilitaria a retomada de suas atividades e a superação da crise financeira.

Bravo, CEO da empresa de Inteligência Comercial, destaca que atualmente 24% das novas empresas abertas acabam por fechar antes de completar dois anos de existência, e esse percentual chega a 50% ao final de quatro anos, o que evidencia a magnitude do problema.

“Se pelo menos metade dessas empresas pudesse utilizar o crédito internacional, os resultados seriam muito diferentes e mais promissores”, finaliza.

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