Coluna do TradingView

A China voltou

É de se esperar que a China volte a crescer fortemente, porém, ainda temos que aguardar o resultado das eleições americanas

-
-

Tivemos um fim de setembro muito agitado na Ásia após o tão, tão esperado estímulo ao mercado pelo governo. Caso você não saiba, o mundo espera um estímulo à economia da China há pelo menos dois anos.

Vamos recapitular

A China é a fábrica do mundo, por consequência, o maior consumidor de matéria-prima e exportador de semiacabados do mundo, um importante player na indústria.

Todavia, após a pandemia em 2021, essa indústria desacelerou fortemente depois de ter se expandido de forma significativa. Particularmente, a indústria imobiliária chinesa, a maior consumidora de Ferro e cliente da Vale.

Podemos ver abaixo a alta do ferro, que estava abaixo de 80 dólares antes de 2020 e chegou a bater 220 dólares em julho de 2021.

Isso aconteceu pelos estímulos incessantes do governo chinês, que visavam financiar as empreiteiras para construir infraestrutura e, por consequência, gerar um crescimento descomunal no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Isso funcionou até o momento em que a dívida atingiu as incorporadoras, que não conseguiam vender os imóveis por falta de moradores. Assim surgiram as famosas cidades fantasmas da China.

Quem não se lembra do famoso caso da Evergrande (HKEX:3333)?

Essa foi uma das maiores incorporadoras da China, que teve a falência decretada em 29 de janeiro deste ano, sendo responsável por 40% das casas e prédios construídos no projeto.

Um belo retrato de como não funciona criar oferta quando não há demanda, usando artifícios financeiros.

O que aconteceu agora?

Mas isso é passado.

No dia 24 de setembro de 2024 começaram os rumores, mas em 27 tivemos um comunicado do Presidente Xi Jinping de que a China estimulará a economia em 2 trilhões de iuanes (284 bilhões de dólares), acompanhado de um corte de 20 bps na taxa de reverse swap de 7 dias e um corte de 50 bps no compulsório dos bancos, o que deve ajudar a China a bater a meta de crescimento de 5% no ano, estimando elevar a produção industrial para 0,4%.

Isso não aconteceu isoladamente, o governo chinês estava esperando uma sinalização mais concreta de reaceleração dos EUA, pois um depende do outro para fabricar e consumir.

O resultado foi um só: festa no parquinho.

Todas as bolsas asiáticas subiram forte, com o Hang Seng acumulando uma alta de mais de 20% em menos de 10 dias no momento em que escrevo este texto.

Os mercados nos EUA também puxaram positivamente, especialmente as mineradoras e beneficiadoras brasileiras beneficiando o Ibovespa:

É importante ressaltar que o estímulo não vai apenas para a indústria de infraestrutura, mas também para explorar novos horizontes como baterias elétricas, carros elétricos e chips para IA, o que afeta outras commodities metálicas relevantes na indústria e pode também afetar diretamente, no longo prazo a cotação do petróleo.

O que esperar?

É de se esperar que a China volte a crescer fortemente, porém, ainda temos que aguardar o resultado das eleições americanas.

Caso Trump ganhe a eleição, ele aposta em uma política econômica protecionista, onde evitará envolver a China em comércios estratégicos. Isso pode atrapalhar o crescimento do gigante e, com isso, o fluxo de investimentos para a China pode acabar indo para outros lugares, como México, Índia ou Chile.

Um pouco pode vir ao Brasil, mas estamos muito atrelados à China. Ao investir em certas empresas no Brasil, indiretamente você investe na China.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, e não refletem, necessariamente, a visão da SpaceMoney.



Sair da versão mobile