As medidas de distanciamento social mais rígidas aplicadas pelos governos estaduais por conta do agravamento da pandemia da Covid-19 custarão caro para o comércio e podem afetar diretamente os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) atrelados a shopping centers.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) projetou que, pela primeira vez, o Dia das Mães não traria impacto no faturamento do varejo no mês de maio. A estimativa de crescimento (2,5%) foi motivada pelo setor de materiais de construção, cuja projeção de lucro das lojas era 22,8% maior do que o obtido em maio de 2020.
O que confirma o relatório do MUFG (Mitsubishi UFJ Financial Group). O material projeta crescimento para o varejo ao longo do ano. No documento, a holding do Banco MUFG Brasil acredita que haverá uma recuperação gradual da economia nos próximos meses, influenciada pelo pagamento do auxílio emergencial.
“Olhando para o futuro, esperamos que, com um fluxo mais avançado de vacinações, as atividades de serviços tendam a apresentar uma recuperação mais sólida a partir do segundo semestre de 2021”, diz o relatório.
Funcionamento dos shopping centers
Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), atualmente nenhum shopping do país funciona com mais de 50% da capacidade e apenas 44% operam abertos 12h por dia. Cerca de 30% funcionam por 10h, 15% com 11h e 11% estão abertos de 6 a 8h.
Sobre as restrições de taxas de ocupação nos Estados, 55% dos shoppings estão autorizados a funcionar com até 50% de ocupação. 26% permitem uma taxa de 30% a 40% e 19% operam com ocupação inferior a 20%.
Quem se interessa em fundos imobiliários ligados ao comércio – especialmente shopping centers -, deve fugir desse tipo de investimento ou vale a pena adquirir cotas? Descubra abaixo!
FIIs têm queda em abril
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros (Anbima), em abril, os fundos de investimentos imobiliários tiveram volume de R$ 2,1 bilhões – 65,3% abaixo do que foi registrado no mês anterior.
No caso dos Fundos de Investimentos Imobiliários com foco em shopping centers, o desempenho do setor é um termômetro para a rentabilidade, tanto em projetos de construção aqueles que pagam dividendos sobre aluguéis dos lojistas. Com o setor atualmente em baixa, quem está interessado em cotas deve ir às compras?
FIIs: crise ou oportunidade?
Segundo Giuseppe Galante, especialista em Real Estate (negócios imobiliários) da Ouro Preto Investimentos, o momento atual pode ser de oportunidade. “Para quem quer investir, essa é a hora certa. Apesar das restrições atuais, todo o cenário de pandemia induziu mudanças de comportamento que ecoarão no mercado varejista pelos próximos anos, porém, os centros de consumo não deixarão de existir”, explica.
Para Galante, a criatividade será o diferencial que conduzirá o segmento para esse novo momento. “Existe um palco muito fértil de alternativas que podem ser criadas e os atuais shopping centers se tornarem centros de cultura e lazer com menos foco no consumo”, afirma o especialista.
Outro movimento importante, diz o especialista em Real Estate, virá da integração cada vez maior dos centros de compras com o e-commerce. “Algumas lojas precisarão continuar existindo, como lojas de roupas de ticket médio alto focadas em um atendimento mais personalizado. Porém, em muitos casos o consumidor preferirá comprar pela internet apenas ir à loja para retirar. Tudo poderá e deverá ser repensado”, finaliza ele.