Por Agência EY – Contar comum time diverso em uma empresa é muito importante para contribuir para um mundo sem racismo. Mas, se as grandes corporações brasileiras continuarem a caminhada por inclusão de forma tão lenta e desproporcional, a igualdade racial no mercado de trabalho só será alcançada daqui a 150 anos, de acordo com o Instituto Ethos.
O cenário desolador fez com que Patrícia Santos fundasse a EmpregueAfro, a primeira consultoria de recursos humanos do país com foco emdiversidade étnico-racial.
A ideia inicial era capacitar jovens negros para processos seletivos em grandes multinacionais, mas, com o tempo, essas empresas demandaram serviços de recrutamento e seleção, treinamentos e workshops sobre a temática, segundo Patrícia.
A ideia é ajudar a acabar com a desigualdade racial nas empresas.
"Embora as oportunidades estejam crescendo, elas ainda não são proporcionais ao que somos enquanto população. Infelizmente, falta muito para que a gente possa alcançar uma equidade em nosso país", afirma a CEO da consultoria.
No mês da Consciência Negra, Patrícia falou com a Agência EY sobre os desafios e os avanços no mercado de trabalho.
EY: Quais os principais desafios para o país alcançar o equilíbrio da balança étnica no mercado de trabalho?
Patrícia Santos: O principal desafio é sempre o racismo estrutural. É ele que está presente na estrutura das organizações impedindo que os negros possam alcançar oportunidades.
As empresas estão investindo em ações afirmativas para equilibrar essa balança por meio de treinamento, recrutamento e seleção específicos, além de programas de capacitação para profissionais negros. As iniciativas respondem o que as empresas precisam fazer.
EY: O que as empresas precisam fazer para incluir, reter, ascender e desenvolver o profissional negro?
PS: É preciso uma consciência muito grande de quem está dentro das empresas, principalmente dos brancos, para fazer um debate racial justo, letrado, com sensibilidade e com consciência, além de estratégias com treinamento interno, educação corporativa para os dois lados, para que a cultura seja inclusiva e transformadora e com ações específicas para que esse profissional possa crescer.
Falo muito para nossos clientes sobre a importância de analisar quantos funcionários negros são promovidos, quantos não são e o que fazer para que eles possam chegar a carreiras de liderança.
EY: Houve avanço nas contratações de profissionais negros?
PS: Acredito que sim. Houve um avanço na temática racial durante a pandemia por causa da morte de George Floyd (assassinado em Minneapolis, nos Estados Unidos, no dia 25 de maio de 2020, estrangulado por policial branco).
Na EmpregueAfro, no ano passado, ocupamos mais vagas do que costumávamos e, no primeiro semestre deste ano, já contabilizamos o dobro do ano passado inteiro.
EY: A pandemia levou mais trabalhadores negros ao empreendedorismo?
PS: A pandemia contribuiu para que o empreendedorismo crescesse, mas foi por necessidade. Nem todo mundo consegue uma oportunidade no mercado de trabalho.
Embora as oportunidades estejam crescendo, elas ainda não são proporcionais ao que somos enquanto população. Então, infelizmente, ainda falta muito para que a gente possa alcançar uma equidade em nosso país.