Economia norte-americana

Analistas apostam em mais uma alta dos juros do Fed após Payroll de setembro

No mês, os EUA registraram a criação de 336 mil novas vagas, bem acima da previsão de 170 mil novos empregos

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

O mercado de trabalho dos EUA surpreendeu em setembro com a forte geração líquida de 336 mil empregos, apontou o relatório Payroll divulgado nesta sexta-feira (6). O número surpreendeu os analistas. 

Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero Investimentos, observa que o número – o maior desde janeiro – veio muito acima das projeções, cuja mediana era de 170 mil novas vagas, e cessa o abrandamento mais recente, além de superar a média de doze meses, de 267.000.

“O Departamento de Trabalho revisou os dados referentes a julho e agosto, cujo resultado agregado eleva o número de postos no período em 119.000, e, somado à intensa leitura do mês passado, consolida as evidências de que o mercado de trabalho dos Estados Unidos permanece historicamente apertado”, pontuou van Moorsel.

Na avaliação dele, a geração de vagas em setembro está bastante acima das cerca de 100 mil necessárias para acompanhar o crescimento da população em idade ativa, o que torna questionável o diagnóstico de que o mercado laboral dos Estados Unidos está mais equilibrado.

“Com isto, a probabilidade de a autoridade monetária implementar mais uma alta na taxa de juro neste ano aumenta, pois o mercado de trabalho resiliente continua a impulsionar o consumo, em um cenário de inflação elevada”, diz. 

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, avaliou que “A aceleração nas contratações nessa magnitude certamente vai impulsionar ainda mais a pressão sobre os retornos dos títulos do tesouro americano e as apostas de novo aumento de juros em outubro vão aumentar”.

Os efeitos desses movimentos tendem a não ser nada triviais, alerta o executivo. De imediato, bolsas e mercados emergentes devem continuar o movimento negativo.

“Na mesma direção começam a ganhar terreno especulações sobre novas dificuldades fiscais e no sistema bancário. Por fim, aumentarão as incertezas sobre o tão aguardado pouso suave”, prossegue.

Igliori afirma que existe um temor de que juros altos por tempo indeterminado na principal economia do planeta vão gerar impactos para todos os lados.

“Não sabemos ainda mapear com precisão onde estão as maiores fragilidades”, concluiu.

O economista-chefe Gustavo Sung, da Suno Research, destacou que a a taxa de desemprego se manteve estável em 3,8% na passagem de agosto para setembro – mas continua em patamares historicamente baixos.

Sung relembra ainda que o salário médio por hora trabalhada desacelerou marginalmente na comparação anual. Para o executivo, preocupa que o mercado de trabalho continue tão forte.

“O Fed precisa de mais sinais de arrefecimento deste segmento para ter segurança nos próximos passos da política monetária. Em nosso cenário, o juro deve se manter no patamar atual até o fim do ano e cortes devem demorar a acontecer. Porém, a probabilidade de uma nova alta aumentou”, sinalizou.

A Suno Research vai revisar o cenário para o juro norte-americano após os dados de inflação, que estão programados para a divulgação na próxima semana.

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