Por Gabriel Codas
Investing.com – Nos primeiros negócios da manhã desta terça-feira, as ações do Itaú Unibanco operam com fortes ganhos. A performance vem depois que a instituição informou, na noite de ontem, que seu lucro recorrente do período somou R$ 3,91 bilhões, queda de 43,1% ano a ano, e abaixo da previsão média de analistas ouvidos pela Refinitiv, de R$ 6,24 bilhões.
O lucro líquido, que serve de referência para remuneração dos acionistas, caiu ainda mais, 49,3%, a R$ 3,4 bilhões. A queda na rentabilidade foi influenciada pelo aumento da provisão do banco para enfrentar o aumento das perdas com inadimplência por causa dos impactos da pandemia de coronavírus na economia.
Por volta das 11h25, os papéis tinham alta de 5,66% a R$ 23,13.
Balanço
O maior banco privado do país ampliou fortemente a provisão para perdas esperadas com calotes e suspendeu suas projeções de desempenho para 2020, devido aos desdobramentos do coronavírus.
O principal impacto negativo foi o chamado custo do crédito -que mede as provisões para perdas com inadimplência esperada menos a recuperação de operações em atraso – que teve um salto de 165% sobre um ano antes, para 10,1 bilhões de reais.
Avaliação dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) reiterou a recomendação de compra, lembrando que no modelo para os bancos assumiu que as inadimplências e provisões começam a subir no segundo trimestre e atingem o pico no segundo semestre e no início de 2021, e é por isso que os analistas esperam que os lucros dos grandes bancos diminuam em cerca de 20% em 2020.
A equipe destaca que, com o Itaú e o Bradesco (SA:BBDC4) já antecipando provisões no primeiro trimestre, isso provavelmente forçará a reduzir ainda mais a estimativa de ganhos para 2020. Enquanto enxergam os dois bancos negociando com avaliações atraentes e reiterando compra, a visibilidade é baixa e entendem que existe uma falta de gatilhos de curto prazo para as ações.
A XP Investimentos destaca que o Itaú Unibanco reportou lucro abaixo das expectativas de R$ 5,9 bilhões estimados, queda anual de 43% e um retorno sobre patrimônio líquido de 12,6% (vs. 23% no 4T19). O lucro foi principalmente afetado por um maior provisionamento que visa enfrentar possíveis aumentos na inadimplência; o custo de crédito aumentou 165% anualmente para R$ 10,1 bilhões.
A corretora destaca que, por outro lado, impostos ajudaram o resultado com uma alíquota efetiva de 20% (vs. 26% no último trimestre e contra uma alíquota teórica de 45% aplicada no trimestre devido ao aumento da CSLL no último trimestre), uma vez que os benefícios de juros sob capital próprio pagos ficaram proporcionalmente mais importantes devido ao menor lucro do trimestre.
A equipe aponta ainda que as linhas de receita e despesas vieram conforme esperado. Os analistas esperam que o banco performe abaixo do índice, mas reiteram a recomendação neutra e preço-alvo de R$ 30,00 para o banco, uma vez que acreditam que um eventual aumento na inadimplência já esteja precificado.
Como o efeito econômico das medidas de isolamento ocorreu já perto do fim do trimestre, o efeito prático delas no resultado do Itaú foi quase imperceptível. O índice de inadimplência acima de 90 dias, por exemplo, foi de 3,1% no período, alta de apenas 0,1 ponto nas medições sequencial e anual.
Outras métricas operacionais tiveram melhora mais modesta. A margem gerencial com clientes teve alta de 3,8% e a receita com serviços e seguros evoluiu 8,2%, a 11,1 bilhões de reais. A carteira de crédito abrangente teve expansão de 18,9%, para r$ 769,2 bilhões.
Foco em redução de custos
O Itaú Unibanco se concentrará em reduzir ainda mais as despesas operacionais para ajudar a enfrentar os impactos da crise decorrente da pandemia de coronavírus, disse o diretor financeiro do banco, Milton Maluhy Filho, a jornalistas nesta terça-feira.
O executivo afirmou que o banco pode aumentar ainda mais as provisões para perdas no próximo trimestre para se ajustar ao cenário econômico, depois de já ter reservado 4,5 bilhões de reais para perdas complementares com inadimplência de clientes. Também avaliou ser provável que a receita com tarifas continue pressionada em 2020.
*Com contribuição de Reuters