Ibovespa futuro

Após abrir em alta, Ibovespa futuro opera em baixa à espera do payroll

Por Gabriel Codas

Investing.com – O índice Ibovespa Futuro iniciou o dia com alta de 1,15% aos 73.060 pontos, impulsionado pela expectativa de acordo entre os países produtores de petróleo para, ao menos, diminuir a oferta da commodity no mercado em meio à deterioração da demanda com os efeitos negativos das medidas para conter o coronavírus. De acordo com a agência Bloomberg, a Rússia estaria pronta para fechar acordo de produção com Arábia Saudita e outros países.

No entanto, os índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) na Europa e na China indicando forte contração econômica devido aos “lockdown” incentivava o sentimento de aversão a risco. Com isso, o índice futuro com contrato mais curto operava em queda de 0,77% a 71.645 pontos às 09h26, antes da divulgação do payroll.

O dólar seguia em alta de 0,58% a R$ 5,2820.

Contribui para o pessimismo a evolução dos casos diagnosticados de coronavírus, que atingiu a marca global de 1 milhão de pessoas, com 50 mil óbitos, e perspectiva de evolução exponencial do número de casos. Com isso, o sentimento de que a duração das medidas de isolamento social tende a ser maiores do que o inicialmente previsto de duas semanas em várias localidades.

– Cenário Interno

Déficit primário

A equipe econômica reviu nesta quinta-feira a expectativa de déficit primário em 2020 a 419,2 bilhões de reais, rombo equivalente a 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues.

Em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, ele informou ainda que o impacto primário das medidas já anunciadas pelo governo para combate aos efeitos do coronavírus é de 224,6 bilhões de reais, ou 2,97% do PIB.

“Estamos com déficit primário que é maior da série histórica, mas é justificável pela pronta ação do governo federal”, disse ele.

“Tão logo saiamos dessa situação, buscaremos a trajetória de zelo fiscal, de solidez das contas públicas”, completou.

Ajuda à informais

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República afirmou em nota na noite de quinta-feira que os recursos que serão usados no pagamento de um auxílio de 600 reais para trabalhadores informais durante a pandemia do coronavírus já estão disponíveis e que ele será “efetivado nos próximos dias”.

“Com transparência e cumprimento às regras jurídicas e institucionais, o governo federal autorizou a medida no mais breve tempo possível. Trata-se de uma transferência de renda direta com duração de três meses podendo ser prorrogado por ato do Poder Executivo durante o período de enfrentamento da emergência pública”, afirma a nota.

O benefício, de 600 reais e que pode chegar a 1.200 reais para mulheres que sejam as únicas provedoras da família, foi aprovado pelo Congresso Nacional, que elevou o valor do auxílio posteriormente sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. O valor proposto pelo governo era de 200 reais.

– Cenário Externo

China – BC

O banco central da China informou nesta sexta-feira o corte do volume de dinheiro que bancos pequenos e médios devem manter como reserva, liberando cerca de 400 bilhões de iuanes (56,38 bilhões de dólares) em liquidez para sustentar a economia afetada pela crise do coronavírus.

O Banco do Povo da China disse em seu site que vai cortar a taxa de compulsório para esses bancos em 100 pontos básicos em duas fases. O primeiro corte de 50 pontos entrará em vigor em 15 de abril, e o segundo de outros 50 pontos valerá a partir de 15 de maio.

Além disso, a taxa de juros sobre o excesso de reservas das instituições financeiras com o banco central será reduzida a 0,35%, de 0,72%, a partir de 7 de abril.

O banco central tem afrouxado a política monetária desde que o surto do vírus aumentou em janeiro, reduzindo a taxa de empréstimo e dizendo aos bancos para oferecerem empréstimos baratos e alívio de pagamento a empresas que foram durante afetadas pelo surto.

China – Serviços

O setor de serviços da China teve dificuldades para se recuperar em março após um mês brutal de fechamentos sem precedentes de lojas e isolamento social em meio ao surto de coronavírus, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit.

As empresas de serviços cortaram empregos no ritmo mais forte já registrado conforme as encomendas despencaram pelo segundo mês seguido e as empresas buscaram reduzir seus custos operacionais. As encomendas para exportações também recuaram de novo já que mais países adotaram suas próprias medidas de contenção do vírus.

Embora o PMI de serviços do Caixin/Markit tenha se recuperado para 43 em março da mínima recorde de 26,5 em fevereiro, ele ainda permanece em território de contração e foi a segunda leitura mais fraca desde que a pesquisa começou no final de 2005. A marca de 50 separa crescimento de contração.

Zona do Euro

A atividade empresarial da zona do euro entrou em colapso no mês passado diante das tentativas de conter a pandemia de coronavírus, que levaram governos em todo o continente a fechar grandes partes de suas economias, mostrou nesta sexta-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).

O PMI Composto final do IHS Markit despencou para a mínima recorde de 29,7 em março ante 51,6 em fevereiro, abaixo da preliminar de 32,4 e marcando a maior queda mensal desde que a pesquisa começou em julho de 1998. A marca de 50 separa crescimento de contração

“Os dados indicam que a economia da zona do euro já está contraindo a uma taxa anualizada que se aproxima de 10%, com o pior inevitavelmente por vir no futuro próximo”, disse Chris Williamson, economista-chefe do IHS Markit.

A demanda recuou a uma taxa recorde, com o subíndice de novas encomendas indo a 27,7 de 51,2, muito mais fraco do que preliminar de 29,5.

BOLSAS INTERNACIONAIS

Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,01%, a 17.820 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,19%, a 23.236 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,60%, a 2.763 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,57%, a 3.713 pontos.

Os mercados europeus operam em queda nesta sexta-feira. O DAX, de Frankfurt, soma 0,07% aos 9.578 pontos, com o FTSE, de Londres, recuando 0,96%, aos 56426 pontos. Já em Paris, o CAC cede 0,62% aos 4.193 pontos.

COMMODITIES

A jornada desta sexta-feira foi marcada por uma importante valorização dos preços dos contratos futuros do minério de ferro, que são negociados na bolsa de mercadorias da cidade de Dalian. O ativo com o maior volume de operações, com data de vencimento em maio deste ano, somou 1,97% para 647,00 iuanes por tonelada, o que representa avanço de 12,50 iuanes em relação aos 634,50 iuanes de liquidação da véspera.

Na mesma direção, o último dia útil da semana teve como principal característica a alta nas cotações dos papéis futuros do vergalhão de aço, que não transacionados na também chinesa bolsa de mercadorias de Xangai. O contrato de maior liquidez, com entrega para outubro, avançou 24 iuanes para 3.1889 iuanes por tonelada. Já o de maio ganhou 38 iuanes para 3.358 iuanes por tonelada.

Os preços do petróleo seguem com importante avanço nesta sexta-feira. O barril do tipo Brent, de Londres, soma 8,95%, ou US$ 2,70, a US$ 32,64. Já em Nova York, o WTI tem avanço de 4,70%, ou US$ 1,20, US$ 26,50.

MERCADO CORPORATIVO

– Vale (SA:VALE3) e CSN (SA:CSNA3)

A Agência Nacional de Mineração (ANM) afirmou nesta quinta-feira que 47 barragens do país foram interditas por falta de declaração de estabilidade, e que a maior parte pertence à mineradora Vale.

Segundo relação de interdições enviada pela agência à imprensa, na lista também constam a Barragem de Rejeitos da ArcelorMittal Mineração Serra Azul (SA:AZUL4) e a barragem B2 Auxiliar, da Nacional Minérios, do grupo CSN. Ambas estruturas estão em Minas Gerais.

“Todas as barragens que não atestaram estabilidade estão sendo interditadas por meio de ofício e subiram no ranking de planejamento de fiscalização da ANM para terem prioridade nas vistorias”, disse o gerente de Segurança de Barragens da ANM, Luiz Paniago, em comunicado à imprensa.

Segundo a agência, das 431 barragens de mineração atualmente inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), 384 enviaram o atestado de estabilidade, 31 entregaram declaração não atestando a estabilidade das estruturas e 16 não enviaram as documentações, “o que pressupõe não terem a estabilidade da estrutura atestada”.

– Transpetro

A Transpetro, unidade de logística da Petrobras (SA:PETR4), está considerando suspender algumas operações e reduzir sua pegada imobiliária, disse a empresa em memorando interno nesta semana, afirmando à sua equipe que o corte de custos é fundamental para garantir liquidez no curto prazo.

O memorando detalhou aspectos do plano de austeridade anunciado pela petroleira na quarta-feira.

Como parte do plano, a empresa disse que a Transpetro, que opera dutos e possui uma frota de mais de 50 navios, vai reduzir ou adiar pagamentos na ordem de 507 milhões de reais.

O memorando interno da Transpetro apontou que uma economia de 205 milhões de reais virá de despesas operacionais, como a “renegociação de contratos” e a “otimização de ativos, eventualmente com a suspensão de certos serviços/ativos.”

A Transpetro também estuda “devolver prédios” e ampliar o “trabalho remoto.”

– Usiminas (SA:USIM5)

A Usiminas anunciou nesta quinta-feira que vai parar dois alto fornos da siderúrgica em Ipatinga (MG), bem como parte de atividades de aciaria na cidade, além de conceder férias de 30 dias para funcionários da companhia na usina de Cubatão (SP), após forte queda na demanda por aço gerada pela pandemia de coronavírus.

A companhia, uma das maiores produtoras de aços planos da América Latina, vai parar o alto forno 1 e atividade da aciaria 1 de Ipatinga a partir de 22 de abril. O alto forno 2 da usina será paralisado a partir deste sábado. As operações do alto forno 3, aciaria 2, laminações e galvanizações serão mantidas.

A companhia não informou os volumes de produção de ferro gusa afetados pela paralisação dos altos fornos 1 e 2, mas Ipatinga tem uma capacidade nominal para cerca de 5 milhões de toneladas por ano, das quais 2,35 milhões cabem ao alto forno 3, o maior da usina e que tem previsão de passar por reforma geral em 2022. A empresa também não informou o volume afetado na aciaria da usina.

– JBS (SA:JBSS3)

O grupo de alimentos JBS anunciou nesta quinta-feita contratação de 3 mil funcionários no Brasil, em plano de admissões que, segundo a companhia, não tem relação com medidas para garantia de produção em meio à epidemia de coronavírus.

A companhia dona de marcas como Seara, Friboi e Swift já emprega 120 mil funcionários no Brasil e informou que as vagas serão abertas em todas as regiões do país. A companhia afirmou na semana passada que vai manter investimentos previstos para os próximos cinco anos no país, no valor de 8 bilhões de reais.

Na quarta-feira, a rival BRF (SA:BRFS3), das marcas Sadia e Perdigão, anunciou a contratação de 2 mil funcionários em todas as regiões em que tem operações no mundo, a maioria no Brasil, em estratégia para manter a produção caso seja necessário imposição de quarentenas a membros de sua força de trabalho.

A JBS afirma que tem operações em cerca de 100 cidades do Brasil, sendo principal empregadora em mais de 70% deles.

– Trigo

Moinhos de trigo do Brasil estão se voltando para fornecedores além da Argentina com o objetivo de evitar a escassez do produto em meio à pandemia de coronavírus, disse à Reuters nesta quinta-feira o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa.

O Brasil, que depende da importação para 60% do consumo doméstico de trigo, está pressionando o governo a flexibilizar restrições sanitárias para importações de trigo russo e eliminar temporariamente a tarifa de 10% aplicada à importação de trigo de fora do Mercosul.

“Segundo os argentinos, haveria disponibilidade de trigo para exportação ao Brasil, mas a indústria pensa que a oferta está muito apertada, e dependendo das políticas argentinas poderá faltar trigo. Isso vai ser suprido por importação de outras procedências”, afirmou Barbosa.

– Restaurantes

A Associação Nacional de Restaurantes (ANR) afirmou nesta quinta-feira que as demissões no setor podem já ter atingido entre 600 mil e 800 mil trabalhadores no país, em meio à quarentenas impostas para frear a propagação do coronavírus.

O número estimado de demitidos envolve trabalhadores informais e com carteira assinada, afirmou a ANR.

A entidade, que afirma representar 9 mil pontos comerciais no país, realizou pesquisa com donos de bares e restaurantes entre a semana passada e esta semana que apontou que cerca de 53% perderam entre 50% e 90% do faturamento ante março do ano passado. Segundo a ANR, mais de 70% dos associados responderam a pesquisa. Entre os pontos comerciais representados estão lojas de grandes redes de fast food como Subway, Habib’s e Mcdonald’s.

“Estamos pleiteando o pagamento de até dois salários mínimos por mês nos próximos 120 dias. E, claro, uma série de outras medidas como isenção de impostos, flexibilização de regras trabalhistas e crédito facilitado a juros baixos”, afirmou o presidente da ANR, Cristiano Melles, em comunicado à imprensa.

AGENDA DE AUTORIDADES

– Jair Bolsonaro

O presidente da República se reúne nesta sexta-feira com os ministros Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

– Paulo Guedes

– Videoconferência com secretários do Ministério da Economia.

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