Notícias

Argentina: em meio à vitória de Milei, cenário econômico permanece incerto

Dólar blue mostrou uma queda de 2% em relação ao peso argentino

Javier Milei - Ilan Berkenwald/Flickr
Javier Milei - Ilan Berkenwald/Flickr

O panorama econômico da Argentina permanece envolto em incertezas após a vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais no último domingo (19). Embora entre investidores haja otimismo, as expectativas variam consideravelmente quanto aos rumos econômicos sob seu governo.

As primeiras reações aos resultados eleitorais refletem certo otimismo nos mercados. O ETF ARGT, que representa as ações de empresas listadas em Buenos Aires, registrou um salto de mais de 13% no pré-mercado dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20).

O comportamento do principal índice de ações da Argentina, o Merval, será observado na terça-feira (21) quando o mercado local retomar suas atividades após o feriado do Dia da Soberania Nacional.

Segundo o jornal El Clarín, o dólar blue (câmbio não oficial) mostrou uma queda de 2% em relação ao peso argentino, alcançando cerca de 950 pesos. Enquanto isso, o dólar oficial é cotado próximo a 350 pesos.

Apesar das reações inicialmente positivas nos mercados, economistas expressam grandes reservas quanto à viabilidade dos planos propostos por Javier Milei, notadamente a dolarização da economia argentina e o fim do Banco Central. A crítica central se concentra na ausência dos dólares necessários para efetivar tal política.

Desafios substanciais estão no horizonte para o governo recém-eleito. "No curto prazo, a taxa de câmbio altamente gerenciada será uma variável crítica", alertou o economista do Goldman Sachs, Sergio Armella, em um relatório.

Além disso, o presidente eleito enfrentará o desafio da oposição, dado que seu partido não conquistou a maioria no Legislativo. Isso ocorre em um contexto de inflação acima de 100% ao ano e uma relação dívida/PIB próxima a 90%.

As projeções do Goldman Sachs para a economia argentina até 2024 são sombrias. "Antecipamos uma contração econômica pelo segundo ano consecutivo. A inflação anual está aproximando-se dos 150% e espera-se que continue a subir nos próximos meses", diz o analista.

"A taxa de câmbio está sobrevalorizada, as reservas internacionais estão em níveis críticos, as reservas líquidas são significativamente negativas, o desequilíbrio fiscal persiste, as obrigações soberanas são negociadas em níveis desafiadores e o governo carece de acesso aos mercados financeiros internacionais", continuou Armella.

O relatório do Goldman Sachs alerta que, caso o novo governo não adote políticas mais convencionais, a Argentina pode enfrentar "custos sociais e econômicos ainda mais elevados".

Sair da versão mobile