Projeções

Ataque russo pode prejudicar comércio de grãos; M. Dias Branco (MDIA3) e JBS (JBSS3) seriam afetadas

Por outro lado, empresas como Brasil Agro (AGRO3) e SLC Agrícola (SLCE3) podem ser favorecidas, segundo Pedro Serra, head de Research da Ativa Investimentos; entenda

- REUTERS/Jorge Adorno
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Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou durante a madrugada desta quinta-feira, 24, o início de uma “operação militar” na Ucrânia.

A ação concretiza os temores dos últimos meses de um conflito armado na região. Ataques aéreos estão sendo realizados e já há notícias de civis mortos no conflito. 

O mercado internacional reagiu com rapidez, com o petróleo disparou enquanto os principais índices derretem.

Às 11h45, a Dow Jones recuava 2,48%, enquanto a S&P 500 e da Nasdaq caíam 2,19% e 2,12%.

No Brasil, o Ibovespa caía 2,16%, a 109.548 pontos, e o dólar disparava 2,48%, a R$ 5,140.

O gás natural avançava 3,57%, enquanto o petróleo nos EUA subia 6,22% e o Brent, 5,96%, ambos com o barril acima dos US$ 100 pela primeira vez em sete anos. 

Putin afirmou que o objetivo da ação era a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia.

O presidente russo também afirmou que os civis não seriam afetados, porém, para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, Putin tem credibilidade baixa.

Vale lembrar que Putin havia negado a intenção de invadir o país vizinho em outras ocasiões.

Sanchez afirma que o “menos pior” em meio a esse conflito “é esperar que os russos façam na Ucrânia, algo similar ao que foi feito na Criméia”.

Porém, o especialista não descarta a possibilidade de um cenário mais grave, com um conflito bélico liderado pela OTAN no leste Europeu, que poderia se estender por um longo período.

Países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, devem manifestar suas represálias ainda esta tarde para tentar fazer com que a Rússia recue.

“As sanções do ocidente serão severas ao país de Putin, com grandes restrições de comercialização, o que coloca à mesa um novo repique inflacionário”, explica o economista-chefe da Ativa.

Sanchez, porém, não acredita que a OTAN defenderá a Ucrânia de forma bélica. 

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Impactos em empresas brasileiras

Mesmo quando um ataque à Ucrânia ainda era hipotético, os mercados internacionais já desenhavam um movimento contrário ao risco, com a fuga de capital de países emergentes.

Para Pedro Serra, head de Research da Ativa Investimentos, a situação agora também pode escalar para o comércio de commodities. 

A Ucrânia se destaca na agricultura européia há vários séculos. Atualmente, o país concentra 13% da produção mundial do milho e 7% do trigo global, além de ser um dos maiores exportadores mundiais de grãos, como cevada e centeio.

De acordo com dados da organização mundial de agricultura (FAO), 14 países compram da Ucrânia o equivalente a mais de 10% de seu consumo interno de trigo.

Desses países, um número significativo já apresenta problemas de segurança alimentar, como o Iêmen e a Líbia.

Serra explica que “uma parte substancial das terras agrícolas ucranianas estão localizadas na região leste do país, justamente a posição mais vulnerável a um potencial ataque russo. Um conflito bélico pode afetar de forma significativa as safras agrícolas do país, ocorrendo efeitos diversos ao redor do mundo, inclusive nos preços de trigo, milho e fertilizantes agrícolas”.

No Brasil, isso tende a afetar empresas relacionadas ao comércio de grãos.

“A M. Dias Branco (SA:MDIA3), que depende da importação de trigo, assim como a Santa Amália, marca de massas e biscoitos recentemente adquirida pela Camil (SA:CAML3), deverão sentir efeitos negativos advindos das altas do trigo. Já a alta do milho, impulsionado pelo conflito ucraniano e a estiagem no sul do Brasil, pode ser favorável para empresas que produzem e exportam esses grãos, como a SLC Agrícola (SA:SLCE3) e a BrasilAgro. Por outro lado, empresas compradoras de milho como BRF (SA:BRFS3), JBS (SA:JBSS3) e Ambev (SA:ABEV3) deverão sentir impactos negativos em seus resultados”, diz Serra.

Às 11h48, o preço do trigo disparava 4,91%, enquanto o milho e a soja subiam 3,70% e 0,63%, respectivamente. 

O gás natural também pode ser afetado pelas sanções econômicas que devem ser impostas à Rússia. O país se responsabiliza por 40% do gás consumido na Europa.

Como consequência isso deve respingar no mercado de fertilizantes, que tem como um dos principais insumos da indústria o gás natural, além do fato de que a produção de fertilizantes na Ucrânia já foi paralisada temporariamente por motivos de segurança.

“O preço dos fertilizantes é sempre algo a ser monitorado e atualmente constitui em risco de médio prazo para as empresas listadas do agronegócio no Brasil. No entanto, vale lembrar que a volatilidade dos fertilizantes não costuma ter efeito de curto prazo no resultado dessas empresas, uma vez que elas costumam fazer a compra desses produtos com bastante antecedência”, defende Serra.

Para ele, se o conflito for resolvido até o final de 2022, o risco ao mercado de fertilizantes não deve se concretizar. 

Ações

Por volta das 11:52, as ações de M. Dias Branco (MDIA3) caíam 5,64%, a R$ 22,41. Camil (CAML3) retrocedia 1,71%, a R$ 9,18. 

SLC Agrícola (SLCE3) disparava 7,05%, a R$ 46,44, assim como BrasilAgro (AGRO3), que avançava 2,15%, a R$ 31,80.

BRF (BRFS3) recuava 6,45%, a R$ 17,27. JBS (JBSS3) registrava queda de 2,08%, a R$ 35,83. Ambev (ABEV3), por fim, despencava 3,58%, a R$ 14,28.

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