O ano mal começou e a Ativa Investimentos já fez ajustes nas premissas e nos cenários para 2022. A corretora projeta que o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, terminará o ano aos 135 mil pontos, de 117 ml anteriormente. A nova estimativa fica acima do topo histórico de 130.776 pontos atingidos no fechamento do pregão de 7 de junho de 2021.
O relatório divulgado pela corretora nesta quarta-feira (29) aponta que os Bancos Centrais no mundo desenvolvido, que ainda estavam no início da retirada dos estímulos, já se depararam com choques geopolíticos vindos da Europa com a guerra Rússia – Ucrânia, seguidos de duras sanções ao governo russo e, mais recentemente, uma nova onda da Covid-19 na China, levando o governo chinês a realizar novas medidas restritivas e lockdowns em importantes centros urbanos.
Na conjuntura doméstica, o Banco Central brasileiro segue a sua politica monetária contracionista com uma inflação persistente no radar, o que levou os investidores a rever, mais uma vez, as estimativas de PIB, inflação, câmbio e juros. Entretanto, segundo a Ativa, parece que a maior parte desse ajuste já foi realizado.
Resultados
A resultante da conjuntura externa e interna foi de uma entrada de capital de investidores estrangeiros e uma saída dos locais para a renda fixa.
"Em relação ao capital estrangeiro, entendemos que o Brasil recebeu um fluxo “tático”, com investidores buscando exposição a commodities e, em seguida, um fluxo adicional de investidores “fugindo” da Rússia, Leste Europeu e também, em menor escala, da China. Em relação aos investidores locais, acreditamos que, enquanto as taxas de juros seguirem elevadas e com a aproximação das eleições, provavelmente não teremos um fluxo estrutural de compra de bolsa dos investidores locais".
Bolsa descontada?
Do lado dos Fundamentos, a Ativa Investimentos segue olhando a bolsa como barata, porém não de forma uniforme, o que reforça a importância do stock picking nesse momento.
O head de research da Ativa Investimentos Pedro Serra diz ainda que enxerga oportunidades em commodities e em algumas empresas mais ligadas ao crescimento econômico, devido ao valuation descontado, porém reforças cautela por nomes de mais qualidade, com bom histórico de resultados e que possuem mais gerência sobre a sua perspectiva de crescimento e resultados, devido à possibilidade de aumento da volatilidade dos mercados.
“Não vemos a bolsa como uma compra estrutural, mas ainda há oportunidades em algumas commodities e alguns nomes domésticos. Além disso, ainda esperamos um aumento da volatilidade e seguimos preferindo nomes de mais qualidade”, explica o head de research da Ativa Investimentos Pedro Serra.
A bolsa é trend
Olhando os dados do Google Trends, a média dos últimos 12 meses do termo “Ibovespa” teve uma busca 121% maior do que a média histórica observada antes da chegada do vírus. Serra ainda arrisca a dizer que a entrada de investidor pessoa física que ocorreu em 2020-2021, em parte, pode voltar.
“Acreditamos que uma parte razoável desses investidores, embora machucados pela volatilidade da bolsa, ainda têm interesse em investir quando se sentirem mais confortáveis”, finaliza o especialista.