Preço nas alturas

Aumento da gasolina anunciado pela Petrobras (PETR4) acende sinal de alerta para a inflação de março

Inflação do mês de março deve ser pressionada por esse aumento de preço, uma vez que os principais responsáveis pela alta, recentemente, estão sendo os combustíveis e gastos com energia elétrica

- Marcello Casal Jr/Agência Brasil
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) reajuste no preço dos combustíveis e especialistas já alertam para os impactos da medida na inflação.

Após quase 2 meses de valores congelados nas refinarias, o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%, que passa a valer a partir desta sexta (11).

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.

Já para o GLP, o preço médio de venda do GLP da Petrobras, para as distribuidoras foi reajustado em 16,1%, e passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg. O produto não era reajustado há 152 dias.

"Com isso, acende o sinal de alerta para a inflação do mês de março que deve ser pressionada por esse aumento de preço, uma vez que os principais responsáveis pela alta da inflação, recentemente, estão sendo o aumento dos combustíveis e gastos com energia elétrica por conta da crise hídrica", avalia Heloise Sanchez, da equipe de análise da Terra Investimentos.

Por outro lado, aponta Heloise, acende o ponto de atenção para o Copom. Com reunião marcada para a semana que vem, o órgão, segundo a analista, deve acabar influenciando em possível alta da Selic. Na última ata, o Copom já havia afirmado que reajustes futuros iriam depender da alta das commodities, do câmbio e da inflação do país.

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Copom

A reunião do Copom acontece em meio a um cenário conturbado internacional com a guerra entre Ucrânia e Rússia. Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano, deixando para trás o percentual anterior de 9,25%. Boa parte do mercado acredita que o Banco Central deve estender ainda mais o ciclo de alta da taxa básica de juros para conter a inflação.

João Beck, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos, acredita que o Copom manterá o ritmo de 100 pontos: "Não acredito numa aceleração das altas. Acredito que ela virá de uma taxa terminal maior em 50 pontos e que pode permanecer estática por mais tempo".

Segundo o especialista, o mercado previa um ajuste negativo já no fim deste ano para a taxa, o que já mudou. "Sob as novas circunstâncias de aumento de alimentos e energia, acreditamos numa extensão de pelo menos um semestre para as taxas começarem a cair. As expectativas se adiaram para o meio do ano de 2023", diz.

Para Rob Correa, analista de investimentos CNPI e autor do livro “Guia Do Investidor de Sucesso no Longo Prazo”,  o Banco Central adotará uma postura mais incisiva na próxima reunião.

"Eu acreditava em uma taxa Selic de 11,75% no auge do ciclo de aperto em 2022, mas isso era antes da guerra na Ucrânia. Com esse fato novo no cenário e os respectivos impactos inflacionários, agora minha previsão é de 12,75% até o fim de 2022", afirma.

De acordo com Correa, a inflação atual que temos no Brasil não tem mais relação com a Covid-19, mas sim com as commodities. "Tudo isso devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Os principais componentes da inflação como alimentos e combustível estão sendo impactados pela guerra e a inflação atual ainda não reflete o conflito. A disparada do petróleo, das commodities agrícolas e o problema com fertilizantes irão pressionar ainda mais a inflação que já está além da meta", comenta.

Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, acredita no aumento de 100 pontos para a próxima reunião e em um comunicado mais forte que os anteriores: “Vejo que o mercado espera um Banco Central ainda duro ao combate à inflação, elevando a Selic nessa reunião e ainda mais duro no discurso. Já há uma expectativa de uma Selic terminal mais alta nesse ciclo devido à guerra. Algumas casas falam até em 13.25%”, diz.

Renda Fixa

Com a Selic mais alta, a renda fixa tem atraído cada vez mais investidores. Para Leandro Vasconcellos, CFP®️, Head da mesa de alocação Alta Renda e sócio da BRA, em momentos como esse, vale apostar em títulos atrelados à inflação e títulos pós-fixados.

“Eu destacaria ainda a indústria de fundos multimercados. Existe um seleto grupo de bons gestores globais que são bastante habilidosos em capturar movimentos de preços globalmente. Nós temos notado o bom desempenho de algumas gestoras com esse perfil e essa tendência deve se manter daqui para frente”, complementa.

Matéria atualizada em 10/03/2022, as 12h43

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