Agenda Econômica

Balanços, Copom, Fed, Payroll e mais: veja o que movimenta a semana de 2 de maio

Investidores irão aguardar mais informações sobre seus próximos passos até a próxima sexta-feira (6)

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com – Com praticamente tudo certo para que o Federal Reserve eleve a taxa de juros em meio ponto percentual na sua próxima reunião, marcada para quarta-feira (4), os investidores irão aguardar mais informações sobre seus próximos passos para combater a escalada da inflação.

O mercado de trabalho tem sido outro fator essencial do mandato do Fed, e espera-se que o relatório de sexta-feira sobre o emprego nos EUA mostre que seu crescimento continuou robusto em abril.

Os balanços trimestrais continuam, enquanto os investidores contemplam o que foi o pior mês na bolsa em mais de dois anos.

Enquanto isso, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central do Brasil deve elevar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, conforme prometido no último comunicado. Os investidores vão, como no caso do Fed, monitorar o comunicado pós-reunião para determinar os próximos passos da política monetária.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Aumentos dos juros do Fed

Com um aumento dos juros do Fed de meio ponto percentual já no forno, os investidores irão se concentrar nos sinais do presidente do Fed, Jerome Powell, durante sua coletiva de imprensa ao final da reunião de política monetária quanto à trajetória futura das taxas de juros, os planos para reduzir sua folha de balanço de quase US$ 9 trilhões, além da opinião do Fed sobre quando a inflação deve atingir o seu auge.

Muitos investidores e analistas acreditam que o Fed continuará a surpreender pela agressividade ao tentar conter a pior inflação em quatro décadas, alimentando receios de que o aperto monetário agressivo pode desencadear uma recessão.

A visão dos dirigentes do Fed sobre a perenidade da velocidade atual da inflação deve continuar sendo crítica para o futuro dos planos em relação ao aperto da política monetária.

"Se o Fed continuar a esperar níveis elevados de inflação e não considerar que ela irá se atenuar no futuro, isso será uma preocupação para os investidores", disse à Reuters Michael Aran, diretor de estratégia de investimento da State Street Global Advisors.

"Isso significa que o Fed continuará aumentando os juros e apertando a política monetária, o que o mercado espera, mas talvez de forma ainda mais agressiva".

2. Relatório de folhas de pagamento não agrícolas

O relatório de folhas de pagamento não agrícolas, com divulgação prevista para sexta-feira, deve mostrar que a economia dos EUA adicionou 380.000 postos de trabalho em abril, enquanto a taxa de desemprego deve ter recuado para 3,5%. 

A média do salário-hora deve registrar mais um sólido avanço.

O relatório do emprego vem na esteira de dados divulgados na quinta-feira passada, mostrando que a economia dos EUA se contraiu inesperadamente no primeiro trimestre, embora o declínio tenha sido em grande parte impulsionado por um déficit comercial maior em função do aumento do volume de importações, além de uma desaceleração no ritmo de acúmulo de estoques.

A demanda interna se manteve robusta, dissipando os receios de uma recessão.

Mas as perspectivas para a economia continuam nubladas por preocupações quanto ao impacto econômico da guerra na Ucrânia, o aumento das taxas de retorno dos títulos, novos lockdowns na China devido ao coronavírus, que podem travar a melhoria das cadeias globais de fornecimento, bem como um aperto mais agressivo da política monetária por parte do Fed.

Além da reunião do Fed, dos resultados corporativos e do relatório de empregos de abril, o calendário econômico reserva diversos relatórios econômicos importantes na próxima semana, incluindo os PMIs de ISM manufatura e serviços, respectivamente na segunda e na quarta-feira.

Leituras sólidas provavelmente reforçariam a visão de que a economia irá se expandir no segundo trimestre, fazendo com que o Fed mantenha os planos de aperto.

O relatório sobre as vagas de emprego JOLTS tem publicação prevista para a terça-feira, seguido um dia depois pelos números das ADP folhas de trabalho não agrícolas.

O Departamento do Trabalho deve publicar o relatório semanal sobre os pedidos iniciais de auxílio-desemprego na quinta-feira, na véspera dos dados sobre as folhas de trabalho não agrícolas.

3. Copom: é o fim do ciclo de alta de juros no Brasil?

O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou em sua última reunião que vai aumentar em mais 1 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic) no próximo encontro do colegiado, em linha com a expectativa do mercado.

Na quarta-feira, será anunciada a nova taxa Selic, mas os investidores vão monitorar cada palavra do comunicado pós-reunião em busca de pistas se esse aumento seja o último de um ciclo iniciado em março de 2021.

O fim do ciclo de alta deve ocorrer nessa semana, segundo o Copom em seu último comunicado. O mercado desconfia e estima, ao menos, mais um aumento final na reunião de junho. embora sem consenso da taxa terminal: as projeções variam entre 13,25% e 13,75%.

Motivo: a inflação ainda não arrefeceu, e as incertezas aumentaram após a eclosão da guerra entre Ucrânia e Rússia.

No último dia 27 de abril, a primeira prévia da inflação de abril (IPCA-15) foi divulgada, com alta de 1,73% contra 0,95% em março, e uma taxa anualizada de 12,03%.

O conflito no Leste Europeu pressionou o preço das commodities, especialmente os energéticos, e a expectativa de aumento de taxa de juros mais agressivo nas economias desenvolvidas está pressionando a cotação do dólar para o patamar dos R$ 5,00.

A reunião inicia terça-feira e se encerra na quarta, com a decisão e o comunicado a ser divulgados após às 18h00.

4. Temporada de balanços

A temporada de resultados continua no Brasil e nos EUA.

Em Wall Street, os investidores estarão atentos à divulgação da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34), Starbucks (NASDAQ:SBUX) Starbucks Corp BDR (SA:SBUB34), Airbnb Inc (NASDAQ:ABNB) (SA:AIRB34) e ConocoPhillips (NYSE:COP) (SA:COPH34) durante a semana, entre outras.

No Brasil, as atenções estarão voltadas para Petrobras (SA:PETR4), Ambev (SA:ABEV3), Gerdau (SA:GGBR4) e Bradesco (SA:BBDC4), em uma semana marcada por uma bateria de resultados.

O mês de abril marcou a maior queda mensal do S&P 500 e do Ibovespa desde o início da pandemia do coronavírus no começo de 2020, enquanto o Nasdaq, com forte participação de empresas de tecnologia, registou seu maior recuo mensal desde a crise financeira de 2008.

Resultados pessimistas e preocupações sobre o aperto agressivo da política monetária por parte do Fed golpearam as megacaps de tecnologia e as ações de crescimento, com a bolsa brasileira seguindo o tom pessimista no exterior, mas amenizada com os preços elevados das commodities.

A liquidação se acelerou na sexta-feira quando o S&P 500 tropeçou 3,6% — sua maior queda em um mesmo dia desde junho 2020 — após decepcionantes receitas e projeções da Amazon (NASDAQ:AMZN), que derrubaram as ações da gigante de comércio eletrônico em 14%.

O Ibovespa chegou a operar no azul durante a manhã da sexta-feira, mas a aversão ao risco em Wall Street reveteu para território negativo, fechando em baixa de 1,86%.

5. Dados econômicos no Brasil e juros na Inglaterra

São incertas as divulgações dos indicadores sob responsabilidade do Banco Central no Brasil, devido à retomada da greve dos servidos.

Entre os quais estão: Boletim Focus e os dados de fevereiro do IBC-Br e das dívidas líquida e bruta (agendada inicialmente para segunda-feira), e fluxo cambial estrangeiro na quarta-feira.

Por enquanto, não houve manifestação do Copom quanto a um eventual adiamento da decisão da taxa de juros também na quarta.

Dados de atividades de outras fontes também são aguardados, como os números das contas públicas federais na segunda-feira, produção industrial na terça–feira, o nível de preços na cidade de São Paulo do IPC-Fipe na quarta, PMIs Industrial (segunda) e Composto (quarta), o IGP-DI e dados do setor automotivo na sexta.

No Reino Unido, há uma expectativa generalizada de que o Banco da Inglaterra anuncie a sua quarta elevação consecutiva das taxas de juros quando se reunir um dia depois do Fed, na quinta-feira, na primeira vez a adotar tal sequência desde 1997.

O governador do BoE, Andrew Bailey, disse que o banco está se equilibrando numa "corda bem bamba" entre conter a inflação, que, a 7%, é mais que três vezes maior que a sua meta, e evitar uma recessão.

Uma elevação de 0,25%, para 1%, cumpriria um pré-requisito para que o BoE comece a vender ativamente os títulos que detém.

As vendas ativas de títulos apertariam as condições monetárias mas poderiam prejudicar economias em debilidade, e nenhum dos principais bancos centrais do mundo já iniciou esse processo.

Com informações de Reuters.

Sair da versão mobile