O Banco Central identificou um aumento significativo no vazamento de dados vinculados às chaves PIX em 2024.
Segundo a instituição, de janeiro a setembro, quase 126 mil dados pessoais associados ao sistema de pagamento instantâneo foram expostos, o que representa um crescimento de 44% em relação a todo o ano de 2023.
O PIX, que revolucionou as transações financeiras no Brasil desde sua criação em 2020, continua a ganhar adesão e tem sido amplamente utilizado por pessoas e empresas.
Com quase 170 milhões de usuários cadastrados, ele facilitou mais de 40.000.000.000 de transações em 2023.
No entanto, essa popularidade também chama a atenção para a segurança do sistema, que, apesar de robusto, apresenta vulnerabilidades.
A origem dos vazamentos
De acordo com Rafael Reis, presidente do Instituto Nacional de Proteção de Dados, a maioria dos vazamentos de chaves PIX ocorre nas conexões entre instituições financeiras e o Banco Central.
“Esse meio de caminho pode apresentar falhas de segurança, como vulnerabilidades na criptografia, ou ser alvo de ataques nas instituições financeiras”, explica.
As chaves PIX são classificadas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como dados pessoais. Informações como CPF, e-mail e número de telefone, vinculadas às transações, somente podem ser disponibilizadas com o consentimento do titular.
Quando essas informações são vazadas, podem ser usadas por criminosos para aplicar golpes, como o famoso golpe do WhatsApp ou falsas centrais bancárias.
Consequências dos vazamentos PIX
Mauro Ellovitch, promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Cibercrime (Gaeciber) do Ministério Público de Minas Gerais, alerta que os dados vazados são “ouro nas mãos dos criminosos”.
Segundo ele, essas informações permitem que golpistas criem esquemas mais sofisticados e que utilizem dados pessoais como nome, CPF e telefone para dar credibilidade às suas fraudes.
“Os criminosos podem usar essas informações para aplicar golpes que parecem legítimos, como mensagens falsas de parentes ou até de bancos”, afirma Ellovitch.
Medidas de segurança
Apesar do aumento dos vazamentos, o Banco Central enfatiza que o sistema PIX pode ser considerado bastante seguro.
Os vazamentos registrados em 2024 correspondem a menos de 1,00% das mais de 800 milhões de chaves cadastradas no Brasil.
A instituição também informou que constantemente monitora a segurança do sistema e implementa novas medidas sempre que necessário.
Para reforçar a segurança, uma das recomendações seria o uso de chaves aleatórias.
Essa opção permite que os usuários gerem uma sequência de letras e números no aplicativo do banco e evita a exposição de informações pessoais, como CPF ou e-mail, durante as transações.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que o sistema bancário brasileiro possui uma estrutura robusta de monitoramento e garante a segurança dos usuários.
“Confiamos nas medidas adotadas pelo Banco Central para manter a integridade do PIX”, declarou a entidade.
As informações são de Jornal Nacional.