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Banco Central independente: analistas comentam sobre embate entre Lula e presidente do BC

Nas últimas semanas, atritos entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Roberto Campos Neto preocupou o mercado

A autonomia do Banco Central no Brasil completa dois anos em fevereiro. A lei que garante independência do órgão foi sancionada por Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente, e permite que a instituição defina a Selic sem interferências do governo e de forma que a taxa fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. 

Nas últimas semanas, um embate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, preocupou o mercado. Lula criticou a Selic e afirmou que o Brasil tem cultura de juros altos. Enquanto isso, o presidente do BC reforçou em diversas falas a defesa à independência da instituição. 

Apolo Duarte, planejador financeiro e sócio da AVG Capital, comenta que o Banco Central precisa subir os juros para tentar conter o aumento de preços. Na prática, isso significa manter os empregos e renda conquistados no decorrer dos anos. 

"A autonomia do Banco Central é uma conquista positiva para todos os brasileiros no longo prazo, separando a decisão política da decisão técnica. Não podemos correr o risco de que uma decisão técnica seja influenciada pela política. Até porque, senão seria fácil, todo governo quando assumisse era só dar uma canetada e baixar os juros", diz o planejador financeiro.

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, acredita que há uma parte do mercado que concorda com Lula pelo fato da Selic estar em um patamar alto. No entanto, segundo Cardozo, ameaçar a independência do Banco Central pode ser um erro. 

“Essa lição já foi aprendida por outros países. Na Turquia, por exemplo, em que há um presidente que quis baixar a taxa de juros a qualquer custo, amarga hoje uma inflação próxima a 80% no ano”, relembra o sócio da Matriz Capital.  

Para Lenon Rissardi, sócio da GT Capital, não há como negar que a taxa de 13,75% é um custo alto que prejudica diversas camadas da população.

Baixar os juros em um momento em que o mundo sobe as taxas poderia aumentar o risco de inflação ficar maior ainda, é muito arriscado. O Banco Central não tem um cunho político e essa autonomia é o que faz com que tenhamos, de fato, uma economia real sem vieses políticos, o que é fundamental”, afirma.

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