Em sua segunda edição, o monitoramento trimestral do BTG Pactual (BPAC11) e da proptech Resale, BTG+Resale, sobre propriedades retomadas no país, conhecidas como BNDU (Bens de Não de Uso), aponta uma diminuição de 35,22% destes ativos totais durante o último ano.
Se entre janeiro e março de 2020 este valor estava em 71.000 unidades e correspondia a R$ 12 bilhões; no primeiro trimestre deste ano, ele estava em 46.000 unidades, o que equivale a R$ 7,8 bilhões.
Já em relação ao outro mapeamento, referente ao último trimestre de 2020, todos estes patrimônios no país, cerca de 55.000 unidades na época, valiam R$ 10,1 bilhões.
Segundo apurações com os dados da Caixa Econômica Federal, responsável por mais da metade desse estoque, o Rio de Janeiro foi o estado com o maior número de retomados,com a concentração de cerca de 22% dos imóveis totais e ultrapassava o último líder, Goiás.
A capital fluminense também passou a cidade antes campeã, Águas Lindas de Goiás, e fechou o primeiro trimestre com 105 retomados. Na contagem total, segundo a Caixa, o Nordeste não foi a região com o maior número de retomados nestes três meses, ao contrário do final de 2020, e o Sudeste assumiu a liderança com 40,9% da base nacional.
Para Igor Freire, CRO da Resale, o setor imobiliário segue em um momento positivo como apontam dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com o crescimento do setor de construção em 1,2% no primeiro trimestre, e da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), cujos números relevam que os novos empreendimentos cresceram quase 40% no mesmo período.
Em complemento a essas informações, "o mapeamento traz a redução nos estoques dos retomados pelos bancos entre 2021 e 2020, ou seja, além de construções e lançamentos, o setor de aquisições de BNDUs também segue crescente", analisa o executivo.
O valor do ticket médio, por sua vez, aumentou. Foi de R$ 128.871 no final de 2020 para R$ 257.309 no início de 2021.
O material mostra também que mais da metade dos imóveis disponíveis, aproximadamente 54,2%, eram de casas e 16,3% de apartamentos. A outra parte deste grupo está em loteamentos e salas comerciais. O número de ativos ocupados pelo ex-mutuário ou por terceiros caiu de 88% no final de 2020 para 83% em 2021.
"A redução de imóveis retomados demonstra que as estratégias dos bancos de renegociação de clientes inadimplentes durante a pandemia tem continuado. Os mutuários têm conseguido períodos de carência nos pagamentos de financiamento imobiliário quando comprovam algum tipo de impacto na renda familiar causado pela pandemia. Além disso, o setor imobiliário segue em um ótimo momento, o que também inibe a inadimplência dos mutuários", explica Gustavo Cambauva, analista de equity do BTG Pactual.
Para Cambauva, outro destaque tem sido a cautela dos bancos com a retomada dos imóveis, no momento da pandemia, que também foi vista em um pronunciamento recente da Caixa Econômica Federal.
"O banco anunciou condições extremamente boas para os compradores de imóveis retomados, como juros e tarifas bem mais baixos, financiamento de 100% do valor do imóvel e carência de 6 meses para pagar a primeira prestação. Isso demonstra que o banco está com uma gestão mais ativa da carteira de retomados e tem tomado medidas para manter o volume de ativos em patamar saudável", analisa Cambauva.
A média de deságio, desconto calculado sobre o valor de avaliação realizado pelo vendedor, não teve alterações desde o último mapeamento e seguiu em 41%. Cerca de 34,8% dos imóveis totais estão nesta faixa de desconto de 40% a 50%, ao contrário dos 58,45% do estudo anterior.
Com informações de Pineapple Hub.