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Bolsonaro ameaça demitir presidente do BNDES sem ouvir Paulo Guedes

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O presidente Jair Bolsonaro ameaçou hoje demitir o presidente do BNDES, Joaquim Levy, mesmo sem consultar o ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Segundo os jornais, Bolsonaro teria dito, ao sair hoje de manhã do Palácio da Alvorada no início da tarde, que Levy “está com a cabeça a prêmio há algum tempo”, e a situação teria piorado depois que o presidente do BNDES anunciou que pretende indicar um executivo, Marcos Barbosa Pinto, que trabalhou no banco na época do PT. “Eu já estou por aqui com o Levy. Falei para ele demitir esse cara na segunda-feira ou eu demito você, sem passar pelo Paulo Guedes”, disse Bolsonaro.

Segundo a Folha de S.Paulo, Barbosa Pinto foi assessor do BNDES no governo do PT e, segundo reportagem do Valor Econômico, voltaria ao banco como diretor de Mercado de Capitais.

“Governo tem de ser assim: quando você coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e àquilo que ele conhece a meu respeito, ele (Levy) está com a cabeça a prêmio há algum tempo”, continuou o presidente, segundo o O Estado de S.Paulo.

Segundo o jornal, ao ser questionado por uma jornalista se estava demitindo publicamente o presidente do BNDES, Bolsonaro negou. “Você tem problema de audição?”, questionou a repórter.

Na semana passada, o BNDES anunciou uma reformulação de toda sua estrutura para torna-la mais voltada para auxiliar o governo nas privatizações.

Duas passagens por governos do PT

Levy trabalho duas vezes no governo do PT, primeiro como secretário do Tesouro no governo Lula e, depois como ministro da Fazenda de Dilma Rousseff. Na primeira passagem, vários economistas moderados de outros partidos, como o próprio presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que era do PSDB, aceitaram participar do primeiro governo Lula, que manteve a política econômica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Já no segundo mandato, quando Lula se aproximou mais dos economistas de esquerda, a maioria deixou o governo.

Levy foi trabalhar no Bradesco, na área de gestão de recursos. Somente no segundo mandato de Dilma, quanto ela tentou retomar a política econômica mais responsável e voltada para o mercado de FHC, Levy voltou ao governo, mas não conseguiu apoio suficiente para os ajustes necessários dentro do próprio PT, que o via como um neoliberal.

Estranho no ninho

A ida de Levy para o governo Bolsonaro já tinha sido tumultuada, pois boa parte do grupo do presidente não gosta de seu nome, especialmente depois de suas passagens pelo governo do PT. Levy entrou no BNDES sob a proteção de Paulo Guedes, mas sempre enfrentou críticas e é visto com desconfiança pelo grupo de Bolsonaro.

Já o presidente Jair Bolsonaro traz de volta a Brasília a instabilidade, ao desautorizar publicamente seu ministro da Economia, pela segunda vez em menos de seis meses de governo. Primeiro, fez a Petrobras voltar atrás em um reajuste de combustíveis, o que levou à queda do então presidente da estatal, Pedro Parente. Agora, ameaça demitir Levy falando claramente que não vai consultar Guedes. A relação entre o presidente e seu superministro, definida por Bolsonaro como um casamento, volta à fase de tapas e beijos.

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