Banco do Brasil

Bolsonaro justifica nova intervenção em estatal ao censurar propaganda do BB; medida pode afetar outras estatais

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O presidente Jair Bolsonaro voltou a intervir em uma empresa estatal na semana passada, poucos dias depois de obrigar a Petrobras a voltar atrás no reajuste do óleo diesel. O presidente fez o Banco do Brasil (BB) a retirar do ar uma peça publicitária que tratava de diversidade de gênero, mostrando jovens negros, gays e transexuais. A intervenção, que incluiu a demissão do diretor de marketing do banco, Delano Valentim, chamou a atenção do mercado e deve ter repercussão na imagem do banco e em outras empresas estatais em um momento em que o governo fala em vender participações no próprio BB e na Caixa Econômica Federal e na Eletrobrás. Basta imaginar que as políticas de marketing e comerciais das estatais estarão sujeitas ao crivo do presidente da República, que pode mudá-las caso não goste de seu conteúdo.

A medida também vai contra a linha liberal, de não intervenção, defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que já tinha sido surpreendido pelo veto de Bolsonaro ao aumento da Petrobras quando estava participando da reunião do FMI em Washington. Sem ter sido consultado, Guedes saiu-se com evasivas ao ser questionado sobre a intervenção, para não admitir o desgaste de ter sido desautorizado em um processo envolvendo a maior estatal do governo. A nova intervenção representa ainda um desgaste para o presidente do Banco do Brasil, Ruben Novaes, que teve de acatar o pedido do presidente de retirar a propaganda do ar e demitir o diretor de Marketing do banco.

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Censura da Secom

O governo chegou a divulgar uma resolução determinando que as propagandas e campanhas publicitárias das empresas estatais teriam de ser submetidas à aprovação da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, mas voltou atrás após ser informado que a medida desrespeitaria a Lei das Estatais.

A Instrução Normativa 2 foi publicada em 20 de abril de 2018, no governo do ex-presidente Michel Temer. Ela define em seu artigo 19 que “não serão analisados pela Secom “o conteúdo das ações” patrocinadas por estatais quando forem “de Publicidade Mercadológica não vinculada a políticas públicas do Poder Executivo federal”.

Bolsonaro reafirma censura

Hoje, o presidente reafirmou a censura e disse que a linha de propaganda do governo mudou. Ele defendeu a decisão do Banco do Brasil de retirar do ar o comercial que incentivava a abertura de conta no banco. A peça, de 30 segundos, exibia imagens de homens e mulheres jovens, de diferentes estilos.

“Quem indica e nomeia o presidente do Banco do Brasil, não sou eu? Não precisa falar mais nada, então. A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito a família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira”, disse o presidente, após visitar a estudante Yasmin Alves, de 8 anos, que foi alvo de uma onda de notícias falsas na internet. A menina foi gravada negando algo ao presidente e sites divulgaram que ela teria se recusado a cumprimentar Bolsonaro, quando na verdade apenas respondia que não torcia para o Plameiras. Bolsonaro foi até a casa dela, na Estrutural, uma das regiões mais pobres do Distrito Federal.

A assessoria do Banco do Brasil informou, em nota, que “faltaram outros perfis” na publicidade, que saiu do ar no último dia 14. O diretor de Marketing do BB, Delano Valentim, foi demitido do cargo.

A intervenção, porém, levanta novamente o risco de o governo voltar a proibir outras estatais de tomar determinadas medidas, o que pode afetar o interesse de potenciais compradores. Uma grande multinacional com políticas mundiais de combate à discriminação de gênero ou raça, caso da maioria das companhias hoje, pode se sentir incomodada em participar de uma empresa que não pode defender esses princípios. Isso pode resultar em prejuízo para o próprio governo em seu processo de privatização.

Com informações da Agência Brasil.

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