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BRF e JBS avançam mesmo com China suspendendo importação de duas plantas

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Por Gabriel Codas

Investing.com – Apesar da notícia de que a China suspendeu as importações de duas unidades processadoras de carne suína do Brasil pertencentes à JBS (SA:JBSS3) e à BRF (SA:BRFS3), as ações das companhias operam com ganhos nesta segunda-feira na bolsa paulista. O anúncio foi feito pela autoridade aduaneira chinesa, restringindo os embarques em meio a preocupações com o novo coronavírus.

Por volta das 13h10, os ativos da JBS subiam 2,41% a R$ 22,48 (ver abaixo), enquanto que os da BRF tinham ganhos de 3,32% a R$ 20,86. O Ibovespa registrava alta de 2,23% a 98.917 pontos.

A China suspendeu temporariamente as importações de uma unidade da BRF em Lajeado e de uma da JBS em Três Passos, ambas no Estado do Rio Grande do Sul, segundo publicação com data de sábado no site da Administração Geral de Alfândega da China (GACC, na sigla em inglês).

A BRF informou que a fábrica de Lajeado é a primeira da companhia a ser suspensa desde o início do Covid-19. A JBS já tem duas plantas suspensas.

A publicação chinesa, que apenas identificou os frigoríficos por seu SIF, não dá o motivo para a suspensão. O Brasil é o segundo país com maior número de casos do novo coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A China é o maior comprador de carne suína, bovina e de frango do Brasil. O país asiático solicitou que os exportadores de carne certifiquem globalmente que seus produtos estão livres de coronavírus, o que BRF, JBS e outras processadoras de alimentos do Brasil já fizeram.

Visão dos analistas

A XP Investimentos destaca que desde a semana retrasada, as autoridades chinesas vêm bloqueando diversos frigoríficos em todo o mundo por causa da contaminação de covid-19 entre funcionários.

Embora não existam evidências de que os alimentos possam transmitir o vírus, o país asiático aumentou o controle sobre as importações com o intuito de evitar uma segunda onda de contaminação da doença;

Os analistas avaliam que, com a suspensão das duas unidades, o Brasil passou a contar com 14 plantas de suínos autorizadas a vender aos chineses. Eles lembram que grandes indústrias como JBS e BRF contam com várias plantas habilitadas para exportar para a China, ainda que tais suspensões e fechamentos temporários de diferentes plantas possam contribuam para a volatilidade das margens no curto prazo.

JBS e Cade

As ações da JBS têm uma limitação para sua alta.

O órgão brasileiro de defesa da concorrência decidiu aprofundar análises sobre a aquisição pelo grupo de ativos de maioneses e margarinas da norte-americana Bunge no país, uma operação anunciada em dezembro passado.

A transação foi declarada “complexa” pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que pediu esclarecimentos às empresas e solicitou a realização de estudos econômicos sobre a operação, segundo despacho no Diário Oficial da União desta segunda-feira.

No alvo do órgão estatal estão preocupações principalmente com o mercado de margarinas, uma vez que há entendimento de que a aquisição, que seria realizada pela JBS por meio da Seara, eleva a concentração de mercado no setor.

O índice de concentração no mercado de margarinas poderia passar de entre 70% e 80% atualmente para entre 80% e 90% com o negócio, apontou parecer do Cade.

“Cabe avaliar, portanto, em que medida essa ampliação de portfólio pode incrementar o poder de mercado da Seara no mercado de margarinas, bem como em mercados de produtos correlatos”, afirmou.

As empresas terão que apresentar esclarecimentos “sobre a possível elevação da probabilidade de exercício de poder coordenado” e sobre as condições de entrada nos mercados de margarina, “com ênfase nos aspectos logísticos e necessidade de investimentos em Propaganda e Marketing”, segundo requerimentos do Cade.

O prazo para análise sobre a operação de aquisição, no entanto, não foi prorrogado por ora.

O Grupo JBS anunciou em meados de dezembro acordo para comprar ativos de margarina e maionese da Bunge Alimentos no Brasil por 700 milhões de reais, em operação que envolve três unidades fabris em São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco. O acordo inclui marcas como Delícia, Primor e Gradina.

*Com contribuição de Reuters

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