O BTG Pactual disse, em relatório divulgado nesta quarta-feira (23), que estima uma “folga” – diferença esperada entre o crescimento do teto de gastos e o crescimento projetado para as despesas obrigatórias –, de R$ 31,1 bilhões no teto de gastos públicos de 2022. O banco afirma ainda que, desde que respeitado o seu tamanho, esse espaço poderá ser ocupado por qualquer despesa pública.
Apesar da estimativa, o BTG afirma que o número não seria suficiente para comportar o possível aumento do Bolsa Família, que já vem sendo sondado pelo governo, de R$ 190 para R$ 300, juntamente com a elevação no número de famílias beneficiadas para 18 milhões, e também a intenção do governo de reajustar o salário dos servidores públicos em 5,0% para 2022.
Segundo o banco, o custo adicional em 2022 do Bolsa Família, caso haja o aumento, seria de R$31,7 bilhões. Já o do reajuste salarial dos servidores teria um impacto de R$15 bilhões.
“O governo federal terá que fazer escolhas do uso dessa folga do teto. Adicionalmente, se toda essa folga for alocada para crescimento da despesa obrigatória (crescimento do Bolsa Família e despesa com pessoal), isso pode dificultar o cumprimento do teto de gastos, em 2023, dado que o nível de despesa discricionária permanecerá em um valor excessivamente comprimido”, disse o banco no documento.
O banco também destacou que o balanço de riscos para a inflação de 2021 segue “altista”. Ou seja, comprometer todo o espaço projetado hoje para o teto parece, na visão do BTG, uma estratégia” temerária” e que pode “gerar ruídos à frente”.