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Busca por ativos alternativos pode ser a nova onda do mercado financeiro

Taxas de juros baixas, pandemia e volatilidade do mercado financeiro são fatores que estimulam o segmento

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O ano de 2020 não foi fácil e 2021 segue com perspectivas não muito animadoras. Com taxas de juros muito baixas no mundo inteiro, uma pandemia que dificulta a retomada econômica e um mercado financeiro extremamente volátil, muitos investidores que só tinham olhos para o mercado financeiro tradicional agora veem os ativos alternativos como opção de bom retorno com risco menor. Esse fenômeno não ocorre apenas no Brasil, mas também em outros países.
 
Um levantamento realizado pela Preqin, empresa especializada em analisar e fornecer dados sobre o mercado de ativos alternativos, mostra que cresceu o apetite por ativos reais na América Latina. O estudo envolve diversos investidores profissionais, mas destaca a movimentação dos principais fundos de pensão da região que estão em busca de investimentos com boa rentabilidade e risco menor.
 
Os ativos alternativos hoje representam 6,86% das alocações dos dez principais fundos de pensão da região. O destaque é o fundo mexicano Afore Profuturo, que tem 17,4% de seus recursos alocados em alternativos. Segundo o relatório da Preqin, divulgado em março, o percentual médio tende a subir para 25% das alocações no longo prazo. Apesar de os fundos de pensão brasileiros não estarem incluídos, a pesquisa deixa claro que essa movimentação veio para ficar e os ativos reais, em breve, se tornarão obrigatórios na estratégia de diversificação dessas instituições.
 
Mas o que isso significa para o investidor comum? Ora, essas instituições contam com muita gente especializada para analisar as melhores opções oferecidas pelo mercado. Não é por acaso que, aos poucos, eles vêm aumentando a exposição aos ativos reais. É uma estratégia de diversificação que contribui para melhorar a rentabilidade e a saúde financeira dos fundos. Ao mesmo tempo essas entidades contribuem com a economia de seus respectivos países de forma direta.
 
Em outras palavras, a movimentação desses gigantes do mercado é uma sinalização para os pequenos investidores de que os ativos alternativos são um caminho seguro para se obter ganhos. E se antes esse tipo de investimento estava disponível a poucos endinheirados, hoje ele está aberto a um número bem maior de pessoas. E oportunidades não faltam.

Precatórios e royalties 

O segmento de precatórios é um bom exemplo. De acordo com dados informados durante webinar realizada pela Fundação Getúlio Vargas em 31 de março deste ano, os precatórios a serem pagos pelo poder público brasileiro (União, Estados e Municípios) totalizam R$ 104 bilhões. E investir em precatórios proporciona bons retornos.

A rentabilidade varia conforme o ativo, mas pode chegar, em média, de 12 a 22% ao ano. O precatório de R$ 17,1 milhões que a IBM tem direito junto à Prefeitura de São Paulo oferece rentabilidade de 20,14% ao ano com prazo de 17 meses e aporte mínimo de R$ 20 mil. Já outro ativo, o Precatório Estadual São Paulo, cujo valor é de cerca de R$ 1 milhão, oferece rentabilidade de 18,5% ao ano com prazo de 18 meses.
 
Há também os royalties musicais. Esse tipo de operação está entre as modalidades de investimento alternativo que mais crescem no mercado internacional, onde se destaca a plataforma Royalties Exchange, que oferece aos investidores de varejo e institucionais acesso aos recebíveis de royalties oriundos do ECAD e dos streamings online (Youtube, Apple Music, Spotify, Deezer etc.). Essa plataforma já realizou mais de mil operações do tipo, movimentando US$ 84 milhões com retorno médio de 10% ao ano.
 
São apenas dois exemplos para mostrar que existe um mar de oportunidades para os investidores brasileiros. E se há alguns anos centenas de milhões de reais migraram da renda fixa para a Bolsa de Valores em busca de ganhos maiores, minha aposta é que muito em breve a corrida por ativos reais será a nova onda do mercado financeiro nacional. Afinal, assim como os grandes investidores, os pequenos também prezam por bons retornos com menos risco.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.

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