Política Monetária

Campos Neto: BC vê preços “exagerados” na curva longa de juros

Durante uma coletiva no evento J.Safra Brazil Conference 2024, o presidente do Banco Central também destacou a deterioração na transparência e qualidade dos dados da política fiscal

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza sabatina de indicados para presidência e diretorias do Banco Central do Brasil (Bacen) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em pronunciamento, à mesa, indicado para exercer o cargo de presidente do Banco Central do Brasil, Roberto de Oliveira Campos Neto.

Foto: Pedro França/Agência Senado
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza sabatina de indicados para presidência e diretorias do Banco Central do Brasil (Bacen) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em pronunciamento, à mesa, indicado para exercer o cargo de presidente do Banco Central do Brasil, Roberto de Oliveira Campos Neto. Foto: Pedro França/Agência Senado | Crédito: Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (RCN), manifestou preocupação com os preços da curva longa de juros, e classificou-os como “exagerados”.

Durante uma coletiva no evento J.Safra Brazil Conference 2024, realizado em São Paulo (SP) na última terça-feira, 24 de setembro, Campos Neto também destacou a deterioração na transparência e qualidade dos dados da política fiscal.

Mercado exagera na preocupação?

Campos Neto comentou sobre a “apreensão maior” que tem sido notada no mercado e afirma que essa inquietação não se restringe apenas à trajetória da dívida pública, mas está amplamente ligada à transparência das informações financeiras.

“A gente vê que tem um aumento de prêmio na ponta relacionado a isso”, disse o presidente.

Comparações com outros países

O presidente do BC também comparou a situação brasileira com a de outros países que enfrentam dificuldades fiscais e desafios de recuperação econômica.

“Pparece um preço exagerado para a nossa realidade, principalmente quando a gente compara que outros países também estão com dificuldade fiscal e de recuperação”, acrescentou.

Para Campos Neto, a expectativa seria de uma desaceleração dos gastos públicos no futuro.

Como a política monetária foi afetada por choques positivos, segundo Campos Neto

Durante a conferência, Campos Neto citou momentos em que choques positivos no cenário fiscal do Brasil coincidiram com cortes na taxa básica de juros Selic.

Ele mencionou a aprovação do teto de gastos em 2016, a reforma da Previdência Social em 2019 e o arcabouço fiscal em 2023 como eventos fundamentais que impactaram a política monetária.

Qual leitura Campos Neto faz da inflação atualmente?

No mesmo evento, Campos Neto fez uma análise sobre a inflação, e mencionou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma deflação de 0,02% em agosto.

Embora tenha considerado esse número como “um pouquinho melhor”, ele enfatizou que o Banco Central avalia “um quadro mais completo” e monitora possíveis riscos.

“A inflação preocupa no Brasil. A gente tem um quadro, como foi mencionado na ata, onde a gente tem um crescimento bem acima do esperado, uma mão de obra apertada”, afirmou.

Expectativas para os preços e para o crescimento do País

O presidente do BC também comentou sobre as expectativas futuras de inflação, que, segundo ele, estão em alta.

“As projeções mais longas estão bem acima da meta, de 3%”, observou.

Essa elevação nas expectativas de inflação gera discussões em torno da política monetária e da necessidade de ajustes na taxa básica de juros Selic.

Como Campos Neto olha para a situação nos EUA?

Durante sua fala, Campos Neto também abordou a economia dos Estados Unidos, que recentemente anunciou uma redução na taxa de juros, o primeiro corte em mais de quatro anos.

Ele expressou preocupação com a possibilidade de uma desaceleração econômica forte na maior economia do mundo, embora tenha notado que a desaceleração observada não seria tão acentuada.

“Não é muito forte”, afirmou.

Propostas fiscais nos EUA

O presidente do Banco Central comentou sobre as propostas fiscais dos candidatos presidenciais dos Estados Unidos, o ex-presidente republicano Donald Trump e a vice-presidente democrata Kamala Harris, que indicam um aumento significativo nos gastos públicos.

“Não tem redução de déficit à vista tanto na proposta democrata, quanto na proposta republicana”, destacou.

Campos Neto notou que, embora exista uma percepção de que a proposta republicana seria um pouco pior, não se observa um debate acirrado em Washington sobre ajustes fiscais necessários.

Riscos globais e dívidas mundo afora

Além das questões internas, Campos Neto apontou que a situação fiscal nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos e emergentes pode impactar a inflação global.

Ele observou que existe um movimento de dívida “bastante explosiva” em muitos países, e que as projeções indicam déficits primários em vários países por um período prolongado.

“Tem poucos países no mundo com resultados primários positivos para pagar o custo da pandemia”, disse.

As informações são do site Poder360.

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