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Campos Neto reconhece esforços do Ministério da Fazenda em novo arcabouço fiscal

Presidente do Banco Central não viu detalhes da proposta, mas destaca preocupação da equipe econômica com trajetória da dívida

- REUTERS/Adriano Machado
- REUTERS/Adriano Machado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu os esforços do Ministério da Fazenda na elaboração do arcabouço fiscal, ressaltando que a equipe demonstra preocupação com a trajetória da dívida pública.  

Em coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) nesta quinta-feira (30), Campos Neto afirmou que ainda não chegou a analisar a nova regra fiscal, mas que o BC irá incorporar as projeções dentro de sua própria estratégia no controle de inflação e flutuação do cambio.

O diretor do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou que não existe uma relação mecânica entre a regra fiscal e o controle da inflação, mas que o canal de expectativas é o que traz o maior impacto dentro dessa cesta de estratégias. 

No RTI divulgado na manhã desta quinta-feira (30), o BC elevou sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, de 1,0% para 1,2%.

No relatório, foi mantida a estimativa para a expansão da agropecuária de alta de 7,0%. A revisão para a indústria foi de variação 0 para 0,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de crescimento de 0,9% para 1,0%.

Nova alta de juros em 2023? 

Quando perguntado sobre o comunicado do Copom na última decisão de juros, em que não foi descartada a possibilidade de uma nova alta de juros em 2023, o presidente do BC reiterou que existe agora uma "politização" do texto da autoridade. 

Neste sentido, ele afirmou que a possibilidade já existia desde o comunicado de novembro e que o trecho em questão está ligado às projeções da autoridade. 

Para Campos Neto, não haveria sentido retirar a hipótese, tendo em vista a piora de expectativas inflacionárias do próprio Boletim Focus. Ele reiterou que a decisão do Copom é técnica e baseada em diversas variáveis.

Crise dos bancos

No último comunicado do BC, a autoridade já havia demonstrado uma preocupação com o cenário externo se deteriorando, principalmente no que diz respeito à crise de bancos na Europa e nos Estados Unidos. 

Na coletiva, os membros da autarquia voltaram a citar essa preocupação. No entanto, apesar de ser um sinal de alerta, Campos Neto acredita que o crédito no Brasil não será impactado de forma tão forte por esses fatores. 

Ele afirmou ainda que o sistema bancário brasileiro está extremamente capitalizado, mas que existem modalidades de crédito que preocupam, citando como exemplo o caso da Americanas (AMER3) e suas debêntures. 

"Entendemos que existe um processo de desaceleração de crédito, que é próximo ao que esperavamos, mas é importante ficar vigilante ao tema", ressalta. 

Campos Neto pontuou que no caso de problemas de liquidez advindas deste tema, o BC está preparado para agir no controle da situação. 

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