Dois presidentes de bancos centrais estarão no Senado de seus países falando aos parlamentares e no centro das atenções dos mercados financeiros. No Brasil, o novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, deverá ser sabatinado no Senado na terça-feira, abrindo espaço para a definição da data de sua posse no lugar de Ilan Goldfajn. A sabatina estava marcada para as 10h15, mas por conta da votação de um empréstimo para o Estado da Paraíba foi adiada para as 10h45. A apresentação pode ser acompanhada pela TV Senado. Já havia 21 senadores inscritos para fazer perguntas ao novo presidente do BC.
Será uma troca de perfil de comando do BC brasileiro, já que Campos Neto tem perfil mais de operador de mercado, tendo comandando a Tesouraria do Banco Santander até o fim do ano passado, enquanto Goldfajn é economista de carreira. Campos Neto traz um perfil também mais liberal para o BC, de acordo com a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, o que pode significar menor intervenção nos mercados. Não que hoje haja grandes intervenções, mas a expectativa está especialmente no mercado de câmbio e nos leilões de swap cambial para regular as disparadas e fortes quedas do dólar nos momentos de crise e euforia.
Campos Neto deverá ser bastante questionado sobre as taxas de juros dos empréstimos, que não recuaram tanto, apesar da diminuição da taxa básica Selic. A própria manutenção da taxa básica, hoje de 6,5% ao ano, deverá ser questionada, se vai continuar baixa por mais tempo, assunto que pode influenciar os mercados. A concentração bancária e as reservas internacionais podem ser assuntos que os senadores abordarão e interessam aos investidores.
Já no exterior, destaque para a fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) hoje no Senado e amanhã na Câmara. Hoje ele falará por volta das 12 horas no Comitê Bancário do Senado. Para a LCA Consultores, ele deve reafirmar a disposição do Fed de ser paciente para ajustar a taxa de juros. Nas últimas atas e declarações, Powell e outros participantes do Fed indicaram que são favoráveis à paciência antes de elevar novamente os juros básicos dos EUA, devido aos recentes sinais de desaceleração do crescimento econômico americano e mundial. O mercado futuro indica que os investidores estão apostando que o Banco Central não aumentará as taxas de juros em 2019.
A manutenção dessa posição do Fed é importante para que os mercados de risco, como bolsas e moedas emergentes, continuem se fortalecendo. As economistas emergentes e as commodities também se beneficiam de juros baixos nos EUA.
O Índice Bovespa abriu estável, com pequena alta, de 0,16%, aos 97.395 pontos. Também o dólar está em alta, de 0,2%, para R$ 3,75 no mercado comercial e os juros futuros também sobem, com o contrato para 2021 projetando 7,11%, 0,03 ponto percentual acima de ontem. Essa alta geral mostra um mercado ainda indefinido, aguardando a tendência das bolsas nos EUA, que ainda vão abrir e apontam para queda, com o Dow Jones projetando baixa de 0,40% e o Standard & Poor’s 0,21%.
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