No meio da crise trazida pelo coronavírus para a economia, os que mais sofrem, muito provavelmente, são os micro e pequenos empresários. São mais de 15 milhões de negócios, segundo dados do SEBRAE, que, por sua menor estrutura, são os mais atingidos pelo isolamento social ditado pela pandemia.
Muitas vezes, empreendedores recorrem a empréstimos para manter a roda girando. Pensando nisso, o governo disponibilizou, por exemplo, uma linha de crédito especial para pagamento de salários, além de prorrogação de dívidas. No entanto, segundo pesquisa do SEBRAE, 60% dos empreendedores menores tiveram seus pedidos de empréstimo negado durante a crise.
Isso acontece porque os grandes bancos, operadores do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), têm políticas mais restritivas de crédito. “Para pequenos negócios, o primeiro ponto é conversar com o banco com quem já tem relacionamento para entender como acessar programas do governo”, diz Patricia Stille, sócia do Grupo Solum, holding que conecta empresas e investidores.
Outra medida, tomada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) permitiu que fintechs de crédito atuem como operadoras dos programas de liquidez para pequenas empresas. “Foi um passo dentro do desafio de gerar capilaridade e ampliar canais de acesso das PMEs a esses recursos públicos”, avalia Patrícia.
A especialista aponta que outras maneiras alternativas de financiamento para empresas, como crowdfunding e venture capital, podem não ser a ideia mais viável no momento. “São modalidades que, com a maior aversão a risco, captam menos investidores”, explica.
No entanto, essas opções não devem ser descartadas no futuro. Com a necessidade de adaptação a um cenário desafiador, novidades devem aparecer no pós-crise. “Em tempos de crise, é o momento de pensar em soluções alternativas e tentar trazer modernidade para o mercado”, diz Patrícia.
Só se necessário
Para lidar com a situação, o mandamento número um é olhar para dentro do empreendimento, aponta Patricia. “Organizar a estrutura de gastos é entender o que pode ser cortado é fundamental”, diz. Além disso, ter números organizados auxilia na hora de conseguir o crédito, pois prova a capacidade de arcar com empréstimos.
A especialista ainda aponta para a possibilidade de negociar custos fixos, uma vez que todos da cadeia produtiva estão passando por um momento atípico. “Lembre que seu fornecedor é seu parceiro e também tem despesas”, aponta. “Outro ponto importante é buscar orientação jurídica para todo o processo”.