Juros

Como ficam as aplicações com juros de 5,5%

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O Comitê de Política Monetária (Copom) deve reduzir hoje os juros básicos da economia de 6% ao ano para 5,5%, uma das menores taxas da história. Com isso, as aplicações de renda fixa atreladas à taxa Selic e ao juro diário do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) passam a render menos. Já os empréstimos também devem ficar mais baratos, mas não muito. A caderneta de poupança, que rende 70% da Selic, passará a render 3,85% ao ano, ou 0,31% ao mês. Isso vale para os depósitos feitos depois de 4 de maio de 2012. Depósitos anteriores continuam rendendo 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR), que hoje está zerada.

Com a redução dos juros, os fundos renda fixa mais conservadores, que aplicam em papéis atrelados à Selic, como os fundos DI, continuam perdendo competitividade frente às cadernetas de poupança. Principalmente nas aplicações de baixo valor, onde os fundos de investimento cobram taxas de administração mais elevadas, alerta Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas das Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Assim sendo a caderneta de poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano.

Oliveira fez uma simulação do rendimento mensal líquido dos Fundos com uma SELIC a 5,50% ao ano, já descontado o imposto de renda de cada prazo, de acordo com a taxa de administração. Lembrando que a poupança deve render 0,31% ao mês:

Taxa de Administração ao ano

Prazo de Resgate 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 2,50% 3,00%

Até 6 meses 0,33% 0,31% 0,29% 0,27% 0,26% 0,24%

Entre 6 meses e 1 ano 0,34% 0,32% 0,30% 0,29% 0,27% 0,25%

Entre 1 ano e 2 anos 0,35% 0,33% 0,32% 0,30% 0,28% 0,26%

Acima de 2 anos 0,36% 0,35% 0,33% 0,31% 0,29% 0,27%

Já no Tesouro Direto, as aplicações em títulos que seguem a Selic, as LFTs ou Tesouro Selic, passarão a render menos. Os títulos prefixados vão reagir, por sua vez, ao comunicado do Copom. Se houver indicação de cortes maiores nos próximos meses, os juros prefixados tendem a cair.

Bolsa se beneficia de juros baixos

A bolsa se beneficia do corte dos juros pelo menor custo de oportunidade em investir em ações. O impacto do corte dos juros desta reunião, porém, já está embutido nos preços dos papéis. Apenas se houver uma surpresa e uma indicação de cortes maiores nos juros é que as ações podem reagir com mais força.

O cenário para o Brasil é bastante construtivo e o que falta para o país decolar é mais crescimento econômico, afirma Alexandre Silverio, responsável pela estratégia de renda variável da gestora AZ Quest. Segundo ele, o governo atacou os problemas macroeconômicos do país e as empresas estão mais preparadas, mas falta crescimento. Mesmo assim, há espaço para ganhos com ações, já que o Índice Bovespa, por exemplo, não reflete o PIB brasileiro. “Quando se compara com o PIB, o Ibovespa é muito concentrado no setor financeiro, enquanto dois terços da economia são do setor de serviços”, lembra.

Ele vê espaço para crescimento das empresas voltadas para o mercado interno com a retomada da economia, e diz que a gestora gosta dos setores de varejo, educação, saúde e infraestrutura e mais alguns casos específicos voltados para exportação, como as empresas de carnes, que vão se beneficiar do problema da peste suína na Ásia. “Mas nossa preferência é para consumo e varejo”, diz.

Já Carlos Eduardo Rocha, da gestora Occam Brasil, vê oportunidades em empresas ligadas à tecnologia, mesmo que em setores tradicionais, como a Magazine Luíza, com suas vendas online, e o Banco Inter, com seu banco digital. O setor de consumo também está entre seus preferidos, com Lojas Renner e Localiza. Já o programa de privatização beneficiará a Eletrobrás. Ele cita ainda outras empresas de energia, como Energisa e Equatorial e, em logística, a Rumo. “São empresas que devem crescer 10% ao ano”, diz.

Crédito terá queda pequena em relação às taxas

Já com relação ao crédito, Oliveira observa que a redução da taxa básica de juros terá um efeito muito pequeno nas operações. Isso ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores, que na média da pessoa física atingem 116,29% ao ano, uma variação de mais de 1.800,00% entre as duas pontas.

Taxas pessoa física
Linha de crédito Taxas Atuais Novas Taxas Variação
Selic – 6,00% Selic – 5,50%
Mês Ano Mês Ano % (mês) % (ano)
Juros do Comércio 4,94% 78,36% 4,90% 77,54% -0,81% -1,04%
Cartão de crédito 11,44% 266,85% 11,40% 265,28% -0,35% -0,59%
Cheque Especial 11,70% 277,26% 11,66% 275,64% -0,34% -0,58%
CDC Bancos –
Financiamento Veículos 1,55% 20,27% 1,51% 19,70% -2,58% -2,80%
Empréstimo Pessoal
Bancos 3,56% 52,16% 3,52% 51,46% -1,12% -1,35%
Empréstimo pessoal
Financeira 6,65% 116,54% 6,61% 115,56% -0,60% -0,83%
Taxa Média 6,64% 116,29% 6,60% 115,32% -0,60% -0,84%

Tempo de diversificar

Para Fabio Macedo, diretor comercial da corretora Easynvest, apesar da queda dos juros, o ganho real, acima da inflação, permanecerá o mesmo diante da expectativa de menor alta dos preços. Ele aconselha o investidor a não se desesperar e nem partir para uma corrida para outras categorias de investimentos. Mas é interessante começar a pensar um pouco mais em diversificação de carteira, principalmente para planejamento financeiro de médio e longo prazo.

O Tesouro Direto, diz, continua com seu valor, sendo a porta de entrada para muitos investidores que saem da poupança e uma ótima alternativa para reserva de emergência. E ativos como fundos de investimento imobiliário, fundos multimercados e ETFs (fundos com cotas negociadas em bolsa que reproduzem os índices de mercado) podem ser boas opções para quem quer começar a se posicionar em renda variável.

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