Estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que os agricultores brasileiros devem colher 241,3 milhões de toneladas de grãos durante a safra 2018/2019. Os números do 10º Levantamento da Safra de Grãos 2018/2019, divulgados nesta quinta-feira (11), em Brasília, apontam para uma produtividade 6% superior aos 227,6 milhões de toneladas colhidas na última safra de grãos. Caso a previsão se confirme, o setor registrará mais um recorde favorável de produtividade.
O principal destaque é o milho. Embora a produção do cereal primeira safra deva atingir 26,2 milhões de toneladas – uma redução de 2,1% -, a produção do milho segunda safra deve atingir uma produção recorde de 73,1 milhões de toneladas. Resultado que, se confirmado, significará um acréscimo de 35,6% em comparação à safra de 2017/18.
“A colheita já está bastante avançada e, segundo nossos levantamentos, já atingiu 84% da área plantada. Em comparação com o levantamento anterior, houve um acréscimo de 750 mil toneladas devido à boa produtividade. Com a soma das duas safras, a previsão é que se obtenha a maior produção da história, estimada em 99,3 milhões de toneladas de milho”, disse o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Guilherme Soria Bastos Filho.
No levantamento anterior, os técnicos da Conab estimavam que a produção de grãos da safra de 2018/2019 atingiria um total de 240,7 milhões. De acordo com Bastos Filho, a previsão mais otimista, divulgada hoje, deve-se, em grande parte, aos resultados do plantio do milho segunda safra. “Muito deste aumento veio em função do aumento da produção do milho segunda safra. O crescimento total [da produção] em relação à safra anterior é de 13,66 milhões de toneladas”, acrescentou o diretor.
O milho foi uma das culturas a ocupar uma área de plantio maior que a ocupada na safra anterior, cobrindo um total de 12,4 milhões de hectares na segunda safra. De acordo com Filho, a colheita já se estende a 84% da área total plantada com o produto.
Outros grãos
A área total plantada com grãos é estimada em cerca de 63 milhões de hectares. Ou seja, uma área 2% superior à ocupada na safra anterior. Além do milho segunda safra, que ocupou 894 mil hectares a mais que em 2017/2018, o plantio de soja e de algodão foram os que mais se expandiram, ocupando, respectivamente, 726,6 mil hectares e 435,6 mil hectares a mais.
Embora a área de plantio da soja tenha crescido 2,1%, a estimativa é que a produção atual seja 3,5% menor em comparação ao último período, atingindo um total de 115,1 milhões de toneladas – com as regiões Centro-Oeste e Sul respondendo por 78% desta produção.
Praticamente fechada, a produção nacional de arroz deverá atingir 10,4 milhões de toneladas, um resultado 13,6% inferior ao da última safra, atribuído às reduções da área de plantio nos principais estados produtores.
O país deverá colher também 4 milhões de algodão em caroço, ou 2,7 milhões de toneladas em pluma, o que, se confirmado, significará um volume 34,2% superior ao da safra passada. A colheita já foi iniciada e está em 28% da safra plantada.
A produção do feijão primeira safra, cuja colheita já foi encerrada, registrou uma queda de 22,5%, totalizando 996,4 mil toneladas. Os técnicos da Conab atribuem o resultado à redução da área de plantio e da produtividade no Paraná, em Minas Gerais e na Bahia. Em relação ao feijão de segunda safra, onde a colheita está em fase final, o clima favorável contribuiu para uma produção de 1,3 milhão de toneladas, 7,2% acima da obtida no período anterior. O feijão terceira safra também teve aumento de 20,5% e deve ter uma produção de 739,6 mil toneladas.
A produção total de trigo estimada é de 5,4 milhões de toneladas. O plantio do cereal deverá ocupar uma área total de 1,99 milhão de hectares – área 2,6% inferior a divulgada em 2018. Devido a alguns problemas como os efeitos de geadas, a produtividade foi reduzida em 28 quilos por hectare.
Desmatamento
Presente à divulgação do Levantamento da Safra de Grãos, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eduardo Sampaio Marques, comemorou os resultados.
“Esta é mais uma boa notícia que vem da agricultura. A segunda safra vem sendo colhida muito bem e pode ser que ainda haja uma surpresinha no final”, disse Marques, destacando o ganho de produtividade das principais culturas. “Destes 63 milhões de hectares de área plantada, 17,8 milhões de hectares, segundo estimativa da Conab, são plantadas mais de uma vez. Ou seja, o que temos são cerca de 45 milhões de hectares plantadas com grão, pois em quase 18 milhões de hectares, o plantio é feito mais de uma vez. Isto mostra um uso muito intensivo do recurso terra”, disse o secretário.
“Temos que valorizar muito isto nestes tempos bicudos em que estamos sendo tão criticados, nós, do setor agrícola e do governo. Porque o desmatamento está aumentando. De fato, aumentou, mas a agricultura não é vetor disto. Óbvio que deve haver, [por exemplo], soja em área nova, mas é insignificante em relação aos 800 mil hectares que a área plantada com soja aumentou, pois se eu pegar o que reduziu de área de arroz e de feijão e milho de primeira safra, é mais que aumentou a área [plantada com]soja”, acrescentou Marques.