O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou novamente nesta segunda-feira (18), a importância da interoperabilidade entre moedas digitais (CBDCs) de diversos países para possibilitar o seu uso em transferências internacionais. Segundo ele, esse é o principal desafio para as moedas digitais em estudo pelos Bancos Centrais.
"Os modelos e tecnologias desenvolvidos para CBDCs são diferentes entre os países, e uma coordenação entre os BCs é importante para possibilitar pagamentos transnacionais. Isso só funciona se for rápido e seguro, ou não será melhor que o sistema de criptomoedas", afirmou ele, em evento virtual sobre moedas digitais, organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Campos Neto lembrou que o Brasil tem se movido para uma moeda mais conversível. "Mas precisamos de uma solução de pagamentos transnacionais nos próximos anos, ou ela será encontrada por setor privado se não a encontrarmos. Essas coisas estão acelerando muito rápido", alertou.
O presidente do Banco Central disse ainda que os debates atuais tendem a focar muito nos valores de criptoativos e pouco no "network" e nos protocolos que estão sendo criados para o uso desses ativos. "O que sabemos com certeza é que não sabemos como a intermediação financeira se parecerá daqui a 3 ou 4 anos. O desafio é identificar as tendências e entender como o Banco Central atuará", afirmou.
Para Campos Neto, a questão real não é se o uso de criptos será necessário ou não, mas como a autoridades monetárias podem regular algo não linear e exponencial. "Em 2019 começamos a identificar algumas tendências, como a verticalização dos processos de vendas, conteúdo, mensagens e pagamentos. Começamos a ver uma corrida por dados, com um grande movimento de inserção de inteligência artificial na intermediação financeira", repetiu. "No Brasil, começamos com o Pix e a moeda digital (CBDC) vai ter outro papel. E os criptoativos terão outra parte", completou.
*Com informações do Estadão Conteúdo