Projeções

Copom pode elevar Selic a 11,75% ao ano. Veja o que a XP espera para investimentos em renda fixa

Desempenho dos ativos depende do comunicado sobre os planos do BC para os próximos passos da política monetária

- Pixabay
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Entre hoje (15) e amanhã (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realiza sua tradicional reunião para deliberar sobre a trajetória da taxa básica de juros Selic.

A XP estima dois cenários como mais prováveis:

  • Cenário-base: elevação de 1% (de 10,75% para 11,75%), com comunicado mais aberto para as próximas reuniões;
  • Cenário alternativo: elevação de 1% (de 10,75% para 11,75%), com sinalização de nova alta de 1 p.p. para a próxima reunião.

A XP acredita que, caso o cenário-base se concretize, a curva deve fechar (queda nas expectativas de juros) nos vencimentos curtos, dado que parte do mercado ainda projeta um acréscimo acima de 1 p.p., que precisaria realizar um ajuste neste caso.

Agora, se prevalecer o cenário alternativo, a XP vê o mercado reagir com elevação de suas expectativas nas próximas reuniões, com menor impacto sobre os vencimentos mais longos.

Com a projeção de 1% a mais na taxa básica de juros, a XP projetou algumas possibilidades para investimentos em renda fixa ao longo dos próximos dias.

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De acordo com os analistas Camilla Dolle e Marcelo Freller, o comunicado sobre os planos do BC para próximos passos da política monetária guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses e, consequentemente, afetarão o desempenho desses ativos.

Cenário-base

Com cenário de maio ainda indefinido, o mercado pode fazer a leitura de que o Banco Central gostaria de continuar com a redução do ritmo de altas, com a elevação de 0,75 p.p. em maio, e encerramento do ciclo em torno de 12,75% a 13,0%.

Dolle e Freller explicam que isso faria com que a curva curta fechasse cerca de 0,20 p.p. em um primeiro momento (ou seja, as expectativas de curto prazo para os juros reduziriam em 0,20 ponto percentual), e poderia continuar a cair gradualmente nos dias subsequentes para se adequarem à perspectiva de juros de 13% (hoje, está em 14%).

Os analistas afirmam que os juros com vencimentos mais longos podem abrir (se elevar) neste cenário, com mercado em consenso de que o Banco Central ficou “atrás da curva”, e de que precisaria, portanto, de novas elevações no futuro para compensar o que não foi realizado nesta reunião.

Quais ativos vão melhor neste cenário?

  • Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos curtos: valorização
  • Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos longos: desvalorização

Em caso de concretização deste cenário, os títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos apresentariam valorização. Ou seja, abriria a possibilidade de ganhos de capital para aqueles investidores que já detivessem os ativos.

No caso de desvalorização dos títulos de vencimentos longos, principalmente prefixados e IPCA+, oportunidades podem aparecer para investidores que buscam esses indexadores e prazos para composição de carteira.

Dolle e Freller, no entanto, ressaltam a importância de ter cautela e se atentar ao seu perfil de investidor ao tomar a decisão.

Cenário alternativo

Caso o Banco Central comunique que a Selic vai para 12,75% na reunião de maio, o mercado pode estender um pouco a precificação atual de fim de ciclo, que hoje está em 14%, para 14,25%.

Nesse caso, Dolle e Freller acreditam que a curva de juros de curto prazo poderia abrir (expectativas mais altas) em cerca de 0,10 pp. Já a parte longa da curva teria menos potencial de se movimentar.

Em ambos os cenários, os ativos pós-fixados se mantêm como os mais conservadores do mercado e se beneficiam da alta na Selic, uma vez que sua remuneração acompanha a taxa básica de juros, explicam os analistas.

Exemplos de investimentos

  • Curto prazo (Pré e IPCA+): No caso de títulos públicos, há as LTNs e NTN-Fs com vencimento em 2022 a 2024 e NTN-Bs com vencimentos até 2026. Estes títulos são prefixados e indexados à inflação, respectivamente. Nem todos estão disponíveis no Tesouro Direto, podendo ser acessados via mercado secundário.
  • Longo Prazo (Pré e IPCA+): Títulos com duration (prazo médio de vencimento) acima de 5 anos como por exemplo NTN-Bs que vencem por volta de 2028. Há também títulos bancários e de crédito privado, que podem apresentar comportamento semelhante aos citados para títulos públicos.
  • Pós-fixados: Tesouro Selic 2025, Tesouro Selic 2027, além de LFTs negociadas no mercado secundário e títulos bancários e de crédito privado com a mesma característica de acompanhar a taxa Selic. Vale notar, no entanto, que estes títulos podem sofrer oscilações, embora menores do que os prefixados e indexados à inflação. Para reduzir o risco de variações antes do vencimento, procure títulos de prazos mais curtos.

 O que pode acontecer de diferente?

Além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações anteriores), outras forças agem no mercado diariamente que muitas vezes fogem do radar, relembram Dolle e Freller.

Como exemplo, os movimentos nos mercados externos que podem ter efeito sobre a percepção de risco global e, consequentemente, local, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, ou até mesmo acontecimentos no cenário político-econômico nacional que podem exaltar ou acalmar os ânimos dos agentes para além do que for decidido na reunião, assim como piora adicional na percepção do risco fiscal.

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