Nesta quarta-feira (26), três importantes decisões foram tomadas para pressionar empresas produtoras de petróleo a se comprometerem com a situação de emergência climática global.
Pela primeira vez na história, o Tribunal Distrital de Haia, na Holanda, considerou uma corporação – a Royal Dutch Shell – responsável direta por causar mudanças climáticas perigosas para a vida humana. A decisão foi resultado de uma ação judicial movida pela organização Friends of the Earth Netherlands (Milieudefensie), junto a dezessete mil cidadãos holandeses e outras seis organizações.
A corte determina que a Shell reduza suas emissões de CO2 em 45% até 2030, em consideração os níveis de 2019, em alinhamento com as metas do Acordo de Paris. A política climática da Shell apresentada ao tribunal não foi considerada suficientemente concreta. O veredito reconhece que a falta de compromissos climáticos da empresa viola direitos humanos, e que a companhia é responsável também pelas emissões de seus clientes e fornecedores.
"Nossa esperança é que este veredicto desencadeie uma onda de litígio climático contra os grandes poluidores, para forçá-los a parar de extrair e queimar combustíveis fósseis", afirma Sara Shaw, da Friends of the Earth International. Segundo Shaw, essa vitória também se estende aos países pobres, que têm pouca participação no volume total de emissões mundiais, mas já enfrentam impactos climáticos devastadores.
Pressão dos acionistas
Também nesta quarta-feira, uma tentativa ousada de alterar radicalmente a diretoria da ExxonMobil teve sucesso, com a eleição de pelo menos dois novos diretores: Gregory Goff e Kaisa Hietala. Os dois têm experiência em transição energética e conhecem a discussão sobre mudança climática.
Um pequeno investidor ativista chamado Engine Nº 1 solicitou à petroleira a substituição de quatro de seus diretores por profissionais experientes em energia renovável ou em sintonia com a crise climática.
Os outros dois nomes apoiados pelo Engine Nº 1 ainda têm chances de serem eleitos porque seus votos estão atualmente muito próximos do necessário. Estes resultados vieram após um dramático recesso de uma hora durante a reunião anual da empresa para contar o enorme número de votos de última hora.
A ExxonMobil havia anteriormente tentado apaziguar os investidores adicionando Jeffrey Ubben e Michael Angelakis à diretoria, sendo que Ubben tem alguma experiência em energia limpa, mas não foi o suficiente.
Os maiores gestores de ativos do mundo, incluindo BlackRock e Vanguard, que detêm participações significativas na Exxon e em outras petrolíferas, expressaram publicamente sua preocupação com o risco que uma transição para energia limpa terá para as empresas de combustíveis fósseis.
Ontem, com ativistas protestando na porta de seus escritórios, a BlackRock revelou que havia votado em três dos quatro candidatos apoiados pelo Engine Nº 1 para ingressar na diretoria da Exxon.
A pressão se estendeu à Chevron. Mais de 60% de seus acionistas votaram para forçar a empresa a prestar contas das emissões causadas pela queima do petróleo que ela vende.
De acordo com uma contagem preliminar, 61% dos acionistas apoiaram a proposta na reunião anual de investidores da empresa, repudiando a diretoria da empresa, que havia estimulado a participação acionária.
Com informações de Instituto ClimaInfo.