Destaques: tensões entre EUA e China e ações em baixa

Por Geoffrey Smith

Investing.com – O quinto mês do ano inicia sob temor do tradicional “Sell in May”, que em português significa “venda em maio”, quando os índices acionários geralmente fecham no negativo no acumulado do mês.

Em 2020, a liquidação pode se repetir, com os mercados sofrendo depois que o presidente dos EUA Donald Trump ameaçou revisitar as medidas comerciais contra a China como punição por seu suposto papel na pandemia de Covid-19.

Warren Buffett se desfez de suas posições nas companhias aéreas dos EUA e não consegue encontrar o que quer comprar, mesmo com os recentes valuations em baixa e com bilhões em caixa.

A Europa está ficando cada vez menos confinada, mas os problemas da Rússia com a doença estão indo de mal a pior.

Aqui está o que você precisa saber nos mercados financeiros na segunda-feira, 4 de maio.

1. Trump e Pompeo atacam a China com o aumento do número total de mortos

O presidente dos EUA, Donald Trump, reviveu a perspectiva de adotar novas medidas comerciais contra a China para puni-la por supostas deficiências percebidas ao lidar com o surto de Covid-19. Ele também ameaçou romper o acordo comercial do ano passado com a China, caso não cumprisse seu compromisso de comprar mercadorias dos EUA nos volumes prometidos.

“Eles se aproveitaram do nosso país. Agora, eles precisam comprar e, se não comprarem, encerraremos o acordo ”, disse Trump em uma reunião virtual com a Fox News.

Tanto Trump quanto o secretário de Estado Mike Pompeo (este último conversando com a ABC) repetiram acusações de que o vírus se originou em um laboratório em Wuhan. Nenhum dos dois apresentou novas evidências para apoiar a alegação, que a China nega.

Na semana passada, o diretor das agências de inteligência dos EUA afirmou que o novo coronavírus não foi desenvolvido em laboratório. Seu surgimento foi natural e, em março, confirmado em artigo científico da revista Nature Medicine.

2. Primavera na Europa (Rússia não incluída)

Os bloqueios na Europa diminuíram ainda mais, pois o número de mortos pelo vírus Covid-19 caiu para o menor nível em dois meses na maioria das maiores economias da região.

A Itália, o país mais atingido, reabriu seus parques e restaurantes (estes apenas para delivery) e suspendeu a proibição de visitas pessoais. A Espanha também diminuiu seus bloqueios, enquanto as igrejas alemãs reabriram em um fim de semana, quando o governo também anunciou planos de reabrir parques infantis e outros espaços ao ar livre.

O mais estranho à tendência na Europa é a Rússia, onde o número de novas infecções continuou a aumentar acentuadamente no fim de semana. O rublo russo, que já está sob uma forte desvalorização com o impacto dos baixos preços do petróleo, caiu para o menor nível em relação ao dólar em quase duas semanas.

3. Ações devem abrir em baixa; dólar ganha força

As ações dos EUA devem abrir em baixa sob o impacto dos comentários do governo dos EUA sobre a China no fim de semana, juntamente com a afirmação de Trump de que o número de mortos nos EUA pode chegar a 100.000.

Às 9h08 (horário de Brasília), o contrato futuro do Dow Jones 30 caía 262 pontos, ou 1,11%, estendendo as perdas após a liquidação abrupta na sexta-feira. O contrato futuro do S&P 500 caía 0,86% e o contrato futuro do Nasdaq 100 perdia 0,7%.

Enquanto isso, o dólar perdia força contra o iene, mas subia em relação a moedas de maior rendimento. O índice dólar, que acompanha a moeda norte-americana em comparação com um conjunto de divisas de mercados desenvolvidos, subia 0,26%, para 99,33, com máxima em 99,48.

Os contratos futuros do ouro subiam 0,93%, para 1.716,80 dólares por onça, enquanto os rendimentos do Tesouro caíam e os spreads soberanos europeus subiam, em meio à preocupação com uma decisão do tribunal alemão na terça-feira sobre a legalidade das compras de títulos do BCE.

4. Buffett abre mão de ações de companhias aéreas

O lendário e bilionário investidor Warren Buffett mostrou apoio aos EUA e à economia mundial para evitar os piores cenários descritos por outros investidores no início do ano, quando a pandemia de Covid-19 irrompeu. Ele citou “a magia americana”.

Na reunião anual de sua empresa Berkshire Hathaway, Buffett disse que havia vendido todas as suas ações de companhias aéreas no último trimestre, com medo de que as perspectivas de longo prazo para o setor tenham mudado para pior.

Buffett também teve que se defender das críticas por falta de fechar novas compras acionárias, apesar de uma venda no atacado nos mercados.

“Não vimos nada atraente”, disse Buffett. A Berkshire foi prejudicada por algumas grandes apostas que azedaram nos últimos anos, principalmente a aquisição da Kraft Heinz, com o fundo 3G Capital, encabeçada pelo bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, e o apoio à aquisição da Anadarko pela Occidental Petroleum (NYSE:OXY), financiada por dívida, no ano passado.

5. Tyson Foods e Oaktree divulgam balanços

A temporada de balanços recomeça na segunda-feira com a Oaktree Capital, empresa de investimentos do colega guru de investimentos de Buffett Howard Marks.

Outros balanços de interesse incluem o da Tyson Foods, cujo fechamento de frigoríficos levou à intervenção presidencial na semana passada para mantê-los abertos, e a Sprint, que tem fusão planejada com a T-Mobile no final deste ano. Também há publicações da gigante de seguros AIG e da aspirante a Netflix chinesa IQIYI, cujas práticas contábeis foram recentemente atacadas pela Muddy Waters Research.

Sair da versão mobile