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Dólar atinge R$ 4,00 com guerra comercial e Argentina; Ibovespa cai 2%

O dólar comercial abriu em alta, pressionado pelo receio com os desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e com a forte turbulência que se abateu sobre os mercados argentinos após a vitória da oposição kirchnerista nas eleições primárias de domingo. O dólar abriu em alta e está sendo vendido no mercado comercial a R$ 4,012, ganho de 1,77% sobre o fechamento de sexta-feira. O dólar turismo, das viagens e compras com cartões no exterior, sobe 1,70% também, para R$ 4,17.

Na Argentina, o dólar disparou diante da expectativa de volta de Cristina Kirchner ao poder e de reversão das medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo de Maurício Macri, que acabaram levando o país à recessão e a inflação a 50% ao ano. A moeda americana sobe 16%, para 54 pesos, alta de mais de 7 pesos em relação a sexta-feira, diante da expectativa de que o país pode declarar um calote da dívida. Segundo o candidato oficial da oposição, Alberto Fernández, que vem como vice Cristina Kirchner, se eleito, ele deverá aumentar os gastos com escolas e pensões e retirará o dinheiro do pagamento de juros da dívida.

O receio é que uma mudança política na Argentina afaste os investidores externos também do Brasil, já que eles veem a região como um todo. “Sem dúvida Argentina afeta muito o dólar”, afirma Pablo Stipanicic Spyer, diretor da corretora Mirae Asset, acrescentando que o peso argentino é a moeda que mais cai no mundo.

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Segundo ele, o cenário internacional está ditando hoje o comportamento do mercado cambial brasileiro. As eleições primárias na Argentina mostram uma eleição folgada da oposição e de Cristina Kirchner. “É inevitável que o Macri perca, e isso levará a um sell-off de ativos argentinos que o mercado está antecipando, vendendo hoje”, diz. O receio é com a volta de políticas populistas, com comparações inclusive com a Venezuela, afirma Spyer.

Na bolsa, o Índice Bovespa cai 1,99%, para 101.921 pontos, puxado para baixo pelas ações dos bancos, como Itaú Unibanco PN, com perda de 4%, e Bradesco PN, 2,8%. As ações PN da Petrobras recuam 2,17% e Ambev, 3%.

Para Rafael Bevilacqua, estrategista da consultoria Levante Ideias de Investimento, os investidores internacionais enxergam a América Latina como uma coisa só quando ocorre algo de grandes proporções, como a possível volta do populismo com a Kirchner. O quadro provoca uma grande aversão ao risco em toda América Latina. “Hoje, teremos um dia negativo para os ativos locais e para o dólar, que deve subir forte”, diz.

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