Dólar às alturas

Dólar sobe pelo 4º pregão seguido e renova máxima em um mês com fiscal doméstico e exterior

Real amargou o segundo pior desempenho global na sessão desta segunda-feira

Dólar
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por José de Castro, da Reuters – O dólar começou a semana em alta, engatando o quarto pregão consecutivo de ganhos e batendo outra máxima em cerca de um mês, agora já mais perto de 5,40 reais, em meio a compras de segurança diante de renovados temores fiscais.

O real amargou o segundo pior desempenho global na sessão desta segunda-feira (27), à frente apenas do peso filipino. A moeda brasileira também sentiu o fortalecimento do dólar no mundo, em mais um dia de rali dos rendimentos dos títulos soberanos dos EUA, movimento que aumenta a competitividade da moeda norte-americana como opção de investimento.

O dólar à vista fechou em alta de 0,65%, a 5,37895 reais na venda, maior valor desde 23 de agosto (5,3823 reais). A divisa oscilou entre 5,3073 reais (-0,69%) e 5,3892 reais (+0,84%).

A cotação emendou a quarta alta consecutiva, período em que acumulou ganho de 1,77%. O dólar não subia por tanto tempo desde as oito sessões entre 29 de junho e 8 de julho, intervalo em que saltou 6,62%.

O dólar até iniciou o dia em queda, repercutindo a promessa de injeção adicional de liquidez pelo Banco Central com o objetivo de fazer frente a um aumento na demanda por moeda por causa do desmonte do "overhedge" (um tipo de proteção cambial dos bancos).

Mas o fortalecimento da moeda no exterior acabou emprestando fôlego às cotações por aqui. Além disso, no meio da tarde um forte movimento de compra foi visto após notícia de que a Câmara dos Deputados havia aprovado Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) que cria as bases para a instituição do novo programa social em substituição ao Bolsa Família, permitindo que seja usada como medida compensatória proposta que ainda esteja em tramitação no Congresso.

"Fica a dúvida se o governo vai conseguir essa fonte de receita para o novo Bolsa Família", disse Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.

Segundo ele, o real encara atualmente três fatores de risco: fiscal no Brasil, chance de mudança na política monetária norte-americana e incertezas sobre a China. "Aqui não temos ideia se vão achar (receita para o Bolsa Família), não. Sobre a China é difícil afirmar qualquer coisa, mas dos EUA pelo menos não espero grandes surpresas negativas", afirmou.

Com esse pano de fundo, especuladores voltaram a vender reais no período de uma semana encerrado em 21 de setembro, conforme dados mais recentes da CFTC, agência que regula mercados de futuros e opções nos EUA, o que interrompeu uma breve trégua no desmonte de posições na moeda brasileira vista na semana anterior. O estoque de contratos já está no menor patamar em quase quatro meses.

Na terça-feira (28), investidores vão monitorar a divulgação da ata da mais recente reunião de política monetária do Banco Central. Na semana passada, o BC elevou os juros para 6,25%, de 5,25%, conforme esperado, confirmando, segundo alguns analistas, intenção de evitar altas mais agressivas da taxa Selic.

Quanto mais altos os juros por aqui, mais custosas ficam posições contrárias ao real, o que ajudaria a amenizar pressões sobre a moeda brasileira.

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