Relatório da Economatica divulgado hoje (13) releva que 275 empresas brasileiras de capital aberto acumulavam endividamento bruto de R$ 1 trilhão em dezembro do ano passado. A agência calcula que o caixa das companhias equivale ao dobro das dívidas de curto prazo, as que devem ser pagas em até 12 meses.
O estudo abrange empresas não financeiras e exclui também a Petrobras, já que a dívida da petrolífera equivale a mais de 35% do valor de endividamento das empresas na amostra. Os valores de base são balanços trimestrais disponibilizados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), considerando o período entre dezembro de 2018 e 2019, que cobre cinco trimestres. Os valores são nominais e sem ajuste pela inflação.
Destaques
O estudo revela que a dívida bruta é de R$ 1 trilhão em dezembro de 2019, valor 11,5% maior comparado ao fechamento de 2018, quando somava R$ 899 bilhões. Já o endividamento líquido das 275 empresas alcançava R$ 658 bilhões ao fim do ano passado.
O caixa em dezembro de 2019 é de R$ 344 bilhões e também apresenta crescimento em relação a 2018, quando somava R$ 307 bilhões, com crescimento de 11,9%. Sérgio Brito, sócio da Ipê Investimentos, avalia que “isso nos diz que houve melhora operacional, melhoraram as margens. Ou reduzindo custo, ou melhorando processo, aproveitaram a taxa de juros baixa. Elas terão fôlego maior por ter reserva de caixa maior.”
Porém, ele alerta que a dívida de curto prazo pode ser quitada, mas a de longo prazo continuará. “As empresas tem fôlego para duas vezes a dívida de curto prazo, mas no longo prazo ainda é difícil.”
5 setores acumulam mais de R$ 10 bilhões de dívida de curto prazo.
As 34 companhias de energia elétrica que compõe a bolsa acumulam dívidas mais altas. A dívida bruta do segmento é de R$ 241,1 bilhões, enquanto o endividamento de curto prazo (CP) soma mais de R$ 40 bilhões. Ao mesmo tempo, possuem também os maiores caixas acumulados, de R$ 54,8 bilhões.
Mas é o segmento de Administração de Empreendimentos, com 16 empresas na B3, que possui a melhor relação entre caixa e dívida CP, a que deve ser paga em até 12 meses.
O analista também destaca que nem tudo são flores. Alguns setores, como aviação, varejo, hotel e restaurante, precisam de análises atentas. “É preciso cuidado para afirmar que possuem mesmo esse fôlego”, diz ele, considerando a queda das empresas por causa da pandemia de coronavírus. Também afirma que muitas necessitarão de ajuda do governo. Setor de telecomunicação também pode sofrer com inadimplência, com aumento de “demanda absurda”, diz Sérgio.
Os cálculos da dívida total bruta representam o total de empréstimos de financiamentos de curto prazo (CP) somados aos de Longo Prazo (LP). Já a dívida total líquida representa a dívida total bruta, reduzidos caixa e equivalente de caixa, e subtraído também valor das aplicações financeiras. A relação da dívida de CP é o total de empréstimos e financiamentos de CP divididos pela dívida total bruta.