Dia D se aproxima

Eleições 2022: movimentos de Lula e Bolsonaro, relatórios, respeito às urnas e o ânimo do mercado

Em função dos seguidos questionamentos ao processo eleitoral, o mundo vai estar de olho no Brasil neste fim de semana

Urna eletrônica - TSE
Urna eletrônica - TSE

A disputa presidencial chega ao dia D no próximo domingo, e mantém-se um elevado nível de incertezas sobre o que vai ser um eventual governo Lula (PT), que, segundo o Datafolha, tem chances de encerrar a eleição no 1º turno, com 50% dos votos válidos.

As informações são de Rosa Riscala e Mariana Ciscato, do Bom Dia Mercado (BDM).

Na pesquisa divulgada após o fechamento de mercado na última quinta-feira, o candidato do PT abriu 14 pontos de vantagem sobre Bolsonaro, com 48% a 34%.

Excluídos brancos e nulos, não existem condições de cravar uma vitória de Lula já no próximo domingo, mas as chances de ocorrer são reais. Se considerada a margem de erro de dois pontos, o petista possui entre 48% e 52% dos votos válidos.

Os institutos não farão pesquisa boca de urna no domingo e o resultado oficial do TSE vai ser conhecido no final da noite.

O último debate

Com 52% de rejeição, Bolsonaro enfrenta um desafio muito grande para virar o jogo, mesmo se garantir o segundo turno, quando Lula ganharia com 54% contra 39%. Já o debate da Rede Globo não parece ter sido decisivo como se esperava.

Um encontro com a participação do “padre” Kelmon (PTB), como se viu, não pode dar coisa séria, informaram Ciscato e Riscala. A participação do autodeclarado sacerdote rendeu muitos memes nas redes sociais, com as tiradas certeiras da senadora Soraya Thronicke (União Brasil), que o carimbou de “padre de festa junina”.

O “padre” foi escada de Bolsonaro e da própria Soraya, até que o presidente a desestabilizou com acusações de pedidos de cargos quando era sua aliada. Simone Tebet (MDB) mais uma vez mostrou que se sai muito em debates.

Já Bolsonaro começou muito agressivo e mudou radicalmente depois do primeiro bloco, que marcou uma sucessão de pedidos de direito de resposta de Lula. O candidato do PT registrou bom desempenho, mas perdeu a paciência justo com o padre.

No final das contas, não houve um grande tropeço nem uma grande sacada. Não houve ganhador, nem perdedor, e o horário avançado não permite acreditar que tenha muita influência sobre a decisão dos últimos votos.

A grande expectativa que se formou em cima do debate da Rede Globo não se confirmou, escrevem Ciscato e Riscala.

Como o mercado se prepara

Quanto ao mercado, por mais que haja muitas dúvidas sobre um eventual governo de Lula, em especial sobre a política fiscal e as estatais, “boa parte já entende que Lula vai ser eleito”, disse André Perfeito, da Necton Investimentos, ao Broadcast.

Até por isso, existe o sentimento de que um segundo turno apenas estenderia as incertezas por mais quatro semanas, disseram as jornalistas.

Existe ainda o receio de uma contestação dos resultados pelos apoiadores de Bolsonaro, se as urnas indicarem uma diferença muito grande para Lula, e o risco de violência nas ruas, o que seria péssimo para a imagem institucional do País, pontuaram.

Em função dos seguidos questionamentos ao processo eleitoral, o mundo vai estar de olho no Brasil neste fim de semana.

Embate institucional

Os sinais de que Bolsonaro pode estimular reações se acentuaram nos últimos dias, com novas acusações de fraudes e fortes ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, que voltou a ser alvo diário em suas lives.

Na quinta-feira à noite, em transmissão nas redes sociais, o presidente xingou o ministro de “moleque”, “patife” e “cara de pau”, e disse que ele abusa do poder para tripudiar em cima das pessoas. “Seja homem, Alexandre, uma vez na vida”.

Em Brasília, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, decidiu cercar o prédio com barreiras para evitar invasões e proibiu a posse de armas no dia da eleição, na véspera e na segunda-feira, para garantir que as eleições serão “seguras, limpas e transparentes”.

A aposta da Pantheon

A consultoria americana espera que os ativos brasileiros performem bem, caso Lula saia vitorioso já neste domingo, e prevê a recuperação das ações, performance “decente” do real e recuo dos juros prefixados.

A Pantheon, no entanto, acredita que a disputa vai ao segundo turno, mas sem chances de Bolsonaro ganhar a eleição.

Uma vitória “esmagadora” de Lula seria vista sob dois ângulos:

1) com alívio, porque inibiria uma contestação dos resultados, nos moldes de Trump;

2) com preocupação, porque poderia servir de cheque em branco para as políticas de esquerda.

Já se Lula (PT) vencer com uma pequena margem, o aumento dos ruídos políticos pode prejudicar os mercados financeiros, diz a consultoria, que faz um alerta: “o risco de Bolsonaro não sair tranquilamente da presidência real”.

O receio da Moody's

Em relatório ontem, afirmou que as eleições provavelmente afetarão a trajetória fiscal e econômica do País, já em vista as diferenças significativas no compromisso dos principais candidatos com as reformas estruturais.

“A Moody's espera que o próximo governo enfrentará impasses de natureza política, taxas de crescimento persistentemente baixas e uma política monetária contracionista que continua a pressionar a capacidade de pagamento de dívida do Brasil.”

A agência acredita que o ímpeto das reformas vai diminuir e prevê que os riscos de reversão nas políticas públicas aumentarão e que o compromisso com uma âncora fiscal confiável desponta como um fator fundamental que vai influenciar as expectativas.

As informações são de Rosa Riscala e Mariana Ciscato, do Bom Dia Mercado (BDM).

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