Em SP, mostra de cinema exibe filmes de temática sociambiental

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Começa hoje (29) a 8ª Mostra Ecofalante de Cinema, que vai exibir 132 filmes de 32 países, em 39 espaços da capital paulista, com toda a programação gratuita.

Reunidas sob o amplo guarda-chuva da temática socioambiental, poderão ser vistas produções contemporâneas premiadas, lançamentos e curtas-metragens infantis e que deixaram marcas nas décadas de 1970 e 1980. A programação, que também inclui debates, vai até o dia 12 de junho.

O Festival será aberto com o inédito no Brasil Bem-vindos a Sodoma (Áustria/Gana, 2018, 92 min), de Florian Weigensamer e Christian Krönes, premiado no Festival de Zurique, que retrata o maior lixão de lixo eletrônico do mundo. 

Em sua oitava edição, a Ecofalante se tornou a maior mostra gratuita de cinema de São Paulo. Para o curador, Chico Guariba, o sucesso do festival está em trazer filmes com qualidade cinematográfica que dialogam com os problemas cotidianos das pessoas. “São coisas que estão muito próximas das pessoas. A mostra não é muito de entretenimento, é uma mostra de reflexão”, afirmou.

Bem-vindos a Sodoma (Áustria/Gana, 2018, 92 min), filme de Florian Weigensamer e Christian Krönes, retrata o maior lixão de lixo eletrônico do mundo   – Divulgação/Mostra Ecofalante de Cinema

As produções tratam sobre saúde, trabalho, exploração de recursos naturais e gentrificação, processo de transformação urbana que expulsa populações pobres de determinadas regiões, e uberização, que é a precarização das relações de trabalho ligada às novas tecnologias.

De acordo com curador, o festival tem sido, inclusive, um espaço de antecipação de discussões que ocorrem no exterior. “A Ecofalante é uma janela de entrada para temas que ainda não são nem discutidos no Brasil”, disse, ao relembrar como, em 2015, a mostra trouxe a questão da morte das abelhas por agrotóxicos com o documentário alemão Mais do que Mel.

O canadense Antropoceno: A Era Humana é um dos filmes que exploram essa nova forma de ver e entender o meio ambiente. Premiado em festivais importantes, como o de Berlim, o de Toronto e o Sundance, o filme traz a ideia de que o homem se tornou o maior agente transformador do planeta. O filme, dirigido por Jennifer Baichwal, Nicholas de Pencier & Edward Burtynsky, passa por diversas partes do mundo mostrando as minas de potássio da Rússia, os santuários de conservação no Quênia e os danos sofridos pelas barreiras de coral australianas.

O filme Yover, produzido por Edison Sanchez e Miguel Zanguña Billalva, uma história sobre o trabalho infantil, as brincadeiras e amizade – Divulgação/Mostra Ecofalante

Outro foco deste ano são os filmes que encaram questões de saúde pelo ponto de vista da relação com o ambiente. O norte-americano Frente Atômica, de Rebecca Cammisa, mostra os efeitos tóxicos de longo prazo de resíduos nucleares na cidade de Saint Louis, que abrigou um centro de processamento de urânio para produção da bomba atômica. Lá, um grupo de mães enfrenta órgãos governamentais e empresas responsáveis por despejar lixo radioativo em seus bairros.

Brasileiros

Sobre a produção brasileira, o curador diz que vem notando uma mudança nos últimos anos. “Antigamente, tínhamos temas de meio ambiente que só eram ligados à floresta e índio. Isso ainda é presente”, diz Guariba. No entanto, os filmes que chegam agora ao festival trazem também, segundo o curador, questões urbanas, econômicas e sociais.

Em GIG – A Uberização do Trabalho, Carlos Juliano Barros, Caue Angeli & Maurício Monteiro Filho retratam o trabalho mediado por aplicativos e plataformas digitais. O documentário busca levantar as discussões sobre precarização e aumento da carga de atividade causada por essas mudanças.

Homenagem e panorama histórico

Há ainda uma homenagem ao cineasta Silvio Tendler, com 11 documentários feitos pelo diretor desde a década de 1980. Podem ser vistas produções recentes, como Fio da Meada e Dedo na Ferida, além de Glauber o Filme, Labirinto do Brasil, de 2003, e Jango, de 1984.

Um panorama histórico vai trazer 14 filmes de diretores consagrados mundialmente. Nessa parte da mostra serão exibidos O Fundo do Ar é Vermelho, de Chris Marker, e Uma Canta, a Outra Não, de Agnès Varda.

Locais

As exibições vão ocorrer tanto em salas da região central, incluindo o cine Reserva Cultural e o Espaço Itaú, como também em 15 unidades dos Centros Educacionais Unificados espalhados por diversos pontos da cidade. Espaços da prefeitura, como o Cine Olido e Centro Cultural São Paulo (CCSP), também vão receber os filmes do festival.

A programação completa pode ser vista na página  da mostra.

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