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Enquanto a vacina não vem, a demanda por crédito já está imune à Covid-19

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Após ter experimentado os mais diversos debates, envolvendo desde o lockdown vertical ou horizontal, passando pelo ‘usa’ ou ‘não usa’ das máscaras e pela ‘volta’ ou ‘não volta do home office’, parece que a solução definitiva para o retorno à normalidade só virá mesmo com o advento da vacina. Mas a economia não pode esperar enquanto a mãe de todas as polêmicas parece ter apenas se iniciado.

Por incrível que pareça, as notícias nesse sentido começam a ser animadoras para a indústria financeira. Enquanto as autoridades ainda discutem ‘se’, ‘quando’ e ‘qual’ vacina será utilizada, consumidores e instituições demonstram já terem absorvido as transformações trazidas pelo ‘novo normal’, no que se refere à demanda por crédito, e conseguem produzir uma movimentação parecida ou até, em alguns casos, superior ao que ocorria antes da chegada do vírus.

Um dos indícios dessa surpreendente retomada foi o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), estudo que mede o número de solicitações de financiamentos mensais nos segmentos de varejo, bancos e serviços. Ao consolidar os resultados referentes ao mês de setembro, o trabalho concluiu que o acumulado dos nove meses pesquisados em 2020 já é 30% superior ao desempenho registrado antes da pandemia.

Em setembro, o destaque ficou com o setor de serviços, que liderou a demanda de crédito com um desempenho de 29%. No ano, o segmento está na dianteira da recuperação, apresentando um crescimento de 73%. Como segundo colocado desponta o segmento bancário, que avançou 30% de janeiro a setembro. O de varejo, por sua vez, está com um incremento de 12% no mesmo período.

Aliás, o destaque do setor de serviços pode ser lido como uma busca desse segmento por intensificar linhas de crédito para geração de receita mediante o cenário de crise. Existe uma clara tendência no mercado de verticalização de soluções para as respectivas cadeias produtivas.

Sinais preocupantes no varejo

Por outro lado, ao contrário dos dados sobre crédito, o comportamento do varejo pode gerar uma certa apreensão.  De acordo com o INDC, em setembro essa modalidade registrou uma queda de 5%. Mas, primeiramente, é preciso lembrar que agosto tem 31 dias e setembro 30; e que setembro teve um sábado (dia de maior venda) a menos que o mês anterior. Isso, por si só, representaria uma queda estimada entre 3% e 4% (ou seja, 60% a 80% da queda do Varejo é exógeno ao desempenho do setor). 

Outro ponto é que esse comportamento está bem concentrado em lojas de departamentos. Elas registraram uma queda de 10% nas vendas entre agosto e setembro, o maior tombo entre todos os segmentos de varejo.

Isso é histórico, pois setembro é um mês que, tradicionalmente, apresenta uma baixa nas vendas. Esse movimento de retração acontece porque é justamente nesse período que existe um gap nas programações especiais que alavancam o consumo.

Verificando os segmentos que compõem o setor de varejo, o de vestuário consta entre os melhores desempenhos, registrando 34% entre janeiro a setembro. Chama a atenção o pico nas vendas que o vestuário apresentou entre os meses de maio e junho, quando atingiu o patamar de 157%.

Os supermercados, por sua vez, registraram um desempenho de 13% em setembro  — mesmo patamar atingido em agosto — mas ainda acumulam um comportamento negativo de 20% no ano. Aqui percebemos um movimento inverso ao do setor de serviços. Esse setor foi o menos afetado pela pandemia do ponto de vista de faturamento do varejo. Mas o serviço financeiro carece de investimento em alguns momentos, bem como da presença física dos clientes para tal oferta.

Claramente o crédito tem se mostrado uma alavanca para o momento que estamos passando. Muitos concessores retomaram a confiança e o apetite ao consumo continuam latentes, mesmo com o consumidor estando em casa. Podem ter mudando de um setor para outro, mas as necessidades estão lá e o crédito também para suportar. 

De uma forma ou de outra, os números já permitem afirmar que a demanda por crédito foi imunizada aos efeitos mais danosos da pandemia. Dessa forma, quando a polêmica das vacinas chegar ao fim, temos motivos para acreditar em um novo e vigoroso ciclo de crescimento.

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