Negócios e sustentabilidade

ESG em alta: Conheça fundos brasileiros com critérios de sustentabilidade

Agenda conquistou o mundo dos negócios da Europa e dos Estados Unidos nos últimos anos

- Nandhu Kumar/Pexels
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Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – A agenda ESG – siga de environmental, social and corporate governance (ambiental, social e governança corporativa, em português) – conquistou o mundo dos negócios da Europa e dos Estados Unidos nos últimos anos. Com a pandemia e as notícias de grandes queimadas na região amazônica, o brasileiro também passou a olhar mais para a sustentabilidade do que consome e investe.

Os últimos fenômenos climáticos têm acendido ainda mais o “alerta vermelho” emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente após a Cúpula do Clima, convocada e organizada pelos EUA nos primeiros meses do governo de Joe Biden. Os países desenvolvidos buscam alternativas para minimizar os impactos climáticos e fomentar práticas sustentáveis.

Lá fora, os fundos ESG já são consolidados e tendem a crescer mais ainda. Pesquisa elaborada a nível mundial pela BlackRock (NYSE:BLK) (SA:BLAK34) aponta uma mudança na alocação de capital. Os entrevistados planejam dobrar os seus ativos sustentáveis sob gestão nos próximos cinco anos, subindo dos atuais 18%, em média, para 37% em 2025. Dados da Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) mostram que o mercado relacionado aos investimentos sustentáveis movimentou US$ 35,3 trilhões em 2020.

De acordo com Marcella Ungaretti, analista de ESG na XP (NASDAQ:XP), na Europa metade dos fundos definiram estratégias ESG. Nos Estados Unidos, 25%. No Brasil, apenas por volta 2%. Para Ungaretti, o maior desafio hoje em relação ao mercado brasileiro é dificuldade de acesso e divulgação em relação aos dados das empresas e produtos.

Estudo feito pela Morningstar revela que os fundos ESG captaram pelo menos R$ 2,5 bilhões no Brasil em 2020. No entanto, os fundos que utilizam critérios ESG para análise de risco e tomada de decisão passam por expansão nos últimos dois anos, mas ainda estão no início de uma longa jornada no país. O interesse pela agenda cresce. Segundo o estudo “A evolução do ESG no Brasil”, realizado pelo Pacto Global em parceria com Stilingue, 2020 trouxe a discussão sobre ESG em ambiente digital para um novo patamar, com volume seis vezes maior do que o ano anterior.

Rentabilidade em ESG

Na B3 (SA:B3SA3), os investidores podem ter acesso ao ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), que é o indicador do desempenho médio das empresas bem posicionadas na agenda ESG. No entanto, uma nova metodologia para os critérios será válida a partir de janeiro do ano que vem. Desde que foi criado em 2005, o ISE valorizou 294,73%, contra alta de 245,06% do Ibovespa. Segundo Igor Cavaca, gestor de investimentos da Warren, os fundos ESG vieram para ficar e apresentam diferenciais em relação aos riscos.

“Essas empresas tem performado melhor do que o resto do mercado. Empresas que levam ESG em consideração possuem um menor risco dentro das suas estruturas, como ambiental, trabalhista e reputacional e por isso valoram mais”, destaca.

Para Celso Lemme, professor de finanças e sustentabilidade do COPPEAD/UFRJ, não há resposta única e consensual se os retornos são efetivamente maiores no ESG, mas é fato que os países estão alocando mais recursos em empresas e iniciativas que possuem estratégias com esses objetivos.

“Quais são os setores que tendem a se beneficiar nessa retomada verde? Todos serão vencedores e superar qualquer outro investidor? Todos, não. Mas se os setores vão precisar se ajustar às mudanças climáticas e a regulação de políticas públicas também, há um forte indício de que, no longo prazo, os setores que olharem para isso estarão melhor posicionados para receber capital”, explica o especialista.

Fundos de Investimentos e ETFs no Brasil com foco em ESG

Antes de escolher um fundo que esteja atrelado ao ESG, o investidor precisa entender as alternativas disponíveis. O professor Celso Lemme detalha que os fundos podem ter características de análise mais quantitativas ou qualitativas. Para os mais quantitativos, os critérios são mais objetivos, mas alguns ratings são conflitantes, não haveria um consenso entre eles. Segundo Lemme, os com análise mais qualitativa possuem mais foco na cultura da empresa. “No entanto, não há cobertura de espectro grande de empresas e há subjetividade na hora de julgar”, pondera.

Além disso, a carteira pode ter gestão ativa ou passiva. Ou seja, os fundos podem replicar índices disponíveis de forma indireta ou por ETFs. Apesar do custo mais baixo para o gestor, a autonomia é limitada. No fundo mais ativo, o gestor escolhe as ações por meio de análises próprias e o número de empresas possui flexibilidade. O custo é maior, pois demanda uma equipe especializada para fazer estudos desse tipo.

Ainda, os fundos podem ser multissetoriais ou temáticos. Por exemplo, a XP possui fundos temáticos como Trend Água, Trend Carbono ou Trend Lideranças femininas. Para os que englobam mais critérios, o investidor pode escolher o foco no mercado interno ou externo, como o Trend ESG Global e o Trend ESG Brasil. A Warren divide seus dois produtos entre investimentos relacionados ao ESG como um todo e outro com foco na igualdade de gênero. Conheça os produtos listados pelos especialistas consultados:

Trend Esg Global

O produto criado em 2020 segue estratégia indexada e investe em três fundos internacionais listados em bolsa (ETFs), geridos pela BlackRock, com critérios ESG: 50% (chegando até no máximo 60%) no iShares ESG MSCI USA Index (TSX:XSUS), 40% no iShares ESG MSCI EAFE Index (TSX:XSEA) com mais de 450 ações de empresas de grande e média capitalização de mercados desenvolvidos, exceto Estados Unidos e Canadá; 10% (chegando até no máximo 12%) no iShares ESG MSCI Emerging Markets Index (TSX:XSEM), com mais de 300 ações de empresas de grande e média capitalização de mercados emergentes. A estratégia apresenta proteção cambial.

Trend ESG Brasil

Também lançado em 2020, o Trend ESG Brasil possui carteira de cerca de 20 empresas de média e alta capitalização brasileiras que se destacam em fatores ambientais, sociais e de governança (ESG). Dentre elas, estão WEG (SA:WEGE3), Natura (SA:NTCO3), Localiza (SA:RENT3), Renner (SA:LREN3).

Warren Equals

Fundado em 2020, o Fundo Warren Equals reúne somente empresas com políticas consistentes de equidade de gênero, além de mulheres em cargos de liderança. O portfólio do fundo contempla 80% de empresas brasileiras e 20% de empresas estrangeiras. Fazem parte Ambev (SA:ABEV3), Arezzo (SA:ARZZ3), Banco Bradesco (SA:BBDC4), Coca-Cola (NYSE:KO) (SA:COCA34), Itaú Unibanco (SA:ITUB4), BB Seguridade (SA:BBSE3) e Magazine Luiza (SA:MGLU3), dentre outros papéis.

Warren Green

O Fundo Warren Green, criado em 2019, possui 70% da estratégia voltada a ações brasileiras, em que utiliza como critérios de escolha o índice Warren Green, Sustentabilidade Empresarial, Índice de Governança Corporativa (IGC) e Índice Carbono Eficiente (IC02). 20% são ações e ETFs do exterior. Os outros 10% são BRDs (Brazilian Depositary Receipt). Para as empresas estrangeiras e BDRs, os critérios são ETFs sustentáveis e ações com score alto em ESG da Reuters.

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