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Estudo do BTG Pactual detalha os desafios da educação no Brasil

"Muito debate, pouca qualidade", relatório traz conteúdo aprofundado sobre o cenário da educação e os investimentos públicos no setor

O time de pesquisa do BTG Pactual, maior banco de investimento da América Latina, lançou estudo minucioso sobre o cenário da educação no Brasil. “Education – Thematic Research: Lots of debate, not much quality” reúne uma série de rankings nacionais e internacionais sobre a qualidade do ensino no Brasil, tendo como pano de fundo o investimento público no setor.

Frequentemente, os recursos financeiros são mencionados como uma solução, mas o levantamento mostra que o setor recebe 14% do gasto público total, um percentual acima de muitos países desenvolvidos.

Em meio ao debate que vem sendo travado sobre o teto de gastos públicos no Brasil, outra questão que surge é como fazer com que os recursos públicos sejam investidos com eficiência.

Na educação universitária, o estudo aponta que o avanço da graduação é impulsionado pela empregabilidade e não pela qualidade. No Brasil, os concluintes do ensino superior ganham, em média, três vezes mais do que os alunos que pararam de estudar após o ensino médio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Lacuna que tem se mantido estável nos últimos seis anos, apesar do aumento dos cursos à distância (EAD).

A falta de qualidade do sistema educacional brasileiro em relação a outros modelos mais bem-sucedidos, de acordo o levantamento, deve-se ao investimento absoluto por aluno no Brasil ser muito menor.

Um olhar sobre o gasto público anual direto por aluno de escola pública mostra que o Brasil está atrás de vários outros países. Mas esse argumento não conta a história completa. Apesar de investir menos por aluno do que outros países (em termos absolutos), esse gasto é muito mais representativo em relação ao PIB per capita.

Aumento da demanda de cursos de bacharelado EAD 

Em 2021, o Brasil tinha 8,99 milhões de alunos de graduação. Após o enxugamento de gastos do FIES em 2014, o número de alunos em cursos de graduação teve um leve aumento, impulsionado por uma melhor acessibilidade, por sua vez, apoiado pelo crescimento dos cursos EAD, que deve seguir crescendo.

Em 2015, 1,4 milhão de alunos de graduação estava matriculado no segmento EAD ou 17% do total de alunos. Mas em 2021, as universidades tiveram mais de 3,7 milhões de alunos EAD (41% do total) e 5,2 milhões de alunos presenciais (59% do total). 

Essa tendência foi diretamente afetada pela pandemia da Covid, que acelerou a mudança do presencial para o EAD. Em 2021, a captação de EAD totalizou 2,4 milhões de alunos de graduação no segmento privado (71% de todas as captações, um novo recorde), superando a captação presencial.

Para colocar isso em contexto, as captações do EAD foram apenas 28% de todas as captações em 2015.

Apesar do aumento de estudantes em EAD, o nível de escolaridade da população adulta continua muito baixo. Analisando a faixa etária de +25 anos: 6,4% não possuem graduação; 32,2% não concluíram o ensino fundamental; 8% concluíram apenas o ensino fundamental; 4,5% não concluíram o ensino médio; 27,4% concluíram o ensino médio; 4% não concluíram o ensino superior; e apenas 17,5% possuem nível superior. 

O estudo, que segue anexo, foi elaborado pela equipe de pesquisa do BTG Pactual, eleita como o melhor time de Research no Brasil nos últimos três anos consecutivos, como o melhor time de Research na América Latina em 2018 e em 2019 pela revista Institucional Investor, sendo o ranking mais importante do segmento. A votação é realizada com clientes e especialistas do mercado.

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