O ex-presidente do Banco Central (BC) e fundador do Banco BBA Creditanstalt, Fernão Botelho Bracher, morreu nesta segunda-feira, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em decorrência de complicações associadas a uma queda com trauma cranioencefálico em sua fazenda. Ele é pai do atual presidente-executivo do Itaú Unibanco, Candido Bracher. O Itaú comprou o BBA em 2003, criando o braço de investimentos da instituição, o Itaú BBA.
Um dos maiores especialistas em câmbio e contas externas do país, Bracher teve duas passagens pelo Banco Central do Brasil: de 1974 a 1979, quando ocupou a Diretoria de Câmbio; e de 1985 a 1987, como presidente da instituição, período em que foi criado o Plano Cruzado, que, em 1986, tentou derrubar a inflação no início do governo José Sarney usando medidas heterodoxas, como congelamento de preços.
Bracher foi o primeiro presidente do BC após o fim dos governos militares, convidado pelo ministro da Fazenda, Dilson Funaro, e enfrentou um período difícil de ajuste dos bancos, que levou ao fechamento de grandes instituições, entre elas, do Banco Auxiliar, um dos maiores do país.
Em sua gestão, fizeram parte da diretoria do BC André Lara Rezende e Pérsio Arida, que, juntos, participaram da elaboração do Plano Cruzado e, mais tarde, do Plano Real. O Cruzado, baseado em congelamento de preços, não teve sucesso, as reservas internacionais do país caíram e Bracher, discordando das medidas adotadas pelo governo e defendendo ações mais técnicas de ajuste de juros e controle das contas públicas, acabou deixando o BC.
Em 1988, Fernão Bracher fundou, com Antonio Beltran, ex-executivo do Bradesco, e em sociedade com o banco austríaco Creditanstalt, o banco BBA Creditanstalt. Pérsio Arida, que se tornou amigo de Bracher, também faria parte do banco, com a letra A do BBA, mas acabou não entrando na sociedade. O empreendimento teve grande êxito e, em 2003, juntou-se ao Itaú para formar o Itaú BBA.
Filho de Zilah de Arruda Botelho e Eduardo Bracher, Fernão Bracher nasceu em 3 de abril 1935, em São Paulo. Formou-se em Direito, na Faculdade de São Francisco (USP). Em 1957, casou-se com a então historiadora e, mais tarde, psicanalista, Sonia Sawaya, ano em que seguiram para a Alemanha.
Bracher frequentou cursos de especialização nas universidades de Heidelberg e de Freiburg, onde nasceu o primeiro dos cinco filhos do casal. De volta ao Brasil, seguiu carreira no setor bancário privado até se tornar vice-presidente executivo do Bradesco.
Após se aposentar, em 2005, Bracher passou a se dedicar ativamente à educação, integrando o Comitê Executivo da Associação Parceiros da Educação e atuando como presidente do Instituo Acaia. Fernão Bracher deixa cinco filhos, Candido, Beatriz, Eduardo, Elisa e Carlos, além de 15 netos e 3 bisnetos.
O post Ex-presidente do BC durante o Plano Cruzado, banqueiro Fernão Bracher morre aos 83 anos apareceu primeiro em Arena do Pavini.
