IPCA ou IGP-M: qual será o índice para reajuste dos aluguéis? Se depender da FGV, nenhum dos dois. Segundo Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), há interesse da Fundação Getúlio Vargas em construir um índice que seja específico para o mercado de locação. A informação foi trazida pelo pesquisador na manhã de hoje, em webinar sobre o mercado imobiliário promovido pelo instituto em parceria com o jornal Folha de São Paulo.
“Estamos conversando com parceiros em potencial, fontes de informações. Temos contato com várias empresas que estão no setor de administração de contrato de aluguéis para compartilhamento de dados que reflitam a realidade do mercado”, afirmou o pesquisador.
Para o pesquisador, apesar de urgente, ainda não há cronograma para chegada do novo índice. “Não temos uma expectativa, mas temos um desejo: ontem! Mas o processo é longo justamente para construirmos um índice que seja robusto e não mudarmos o que já temos por outro que também não funcione”.
Qual é a discussão atual?
Com a escalada repentina do IGP-M, que tradicionalmente é o índice de referência para ajuste dos contratos de aluguel, para a casa dos 23% em 2020 (contra 7,3% em 2019 e 754% em 2018), inquilinos passaram a procurar as imobiliárias para renegociação dos valores. Uma alternativa encontrada foi o reajuste pelo IPCA, considerado a inflação oficial do Brasil, que fechou 2020 em 4,52%.
Alguns proprietários, porém, discordaram e o caso foi para os tribunais. Ontem, o Tribunal de Justiça concedeu liminares para que duas empresas inquilinas do Shopping Iguatemi, em São Paulo, pudessem. Os desembargadores decidiram, considerando tanto a forte alta do IGP-M no último ano quanto a conjuntura da Covid-19, que causou grande retração do varejo, inclusive fechando shopping centers por longos períodos do ano.
Em 2021, o IGP-M já acumula alta acumulada de 5,17%.