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Novo ciclo de baixa da Selic não deve começar em 2022, ações de varejistas brasileiras disparam, S&P 500 renova máxima histórica e mais

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- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por Daniel Shvartsman e Leandro Manzoni, da Investing.com – Novo ciclo de baixa da taxa Selic não deve começar ano que vem.

Varejistas brasileiras disparam na véspera, mas projeções para o setor não são de otimismo.

No exterior, as negociações de fim de ano trouxeram presentes para os touros, já que o S&P 500 atingiu seu maior recorde ontem, e o bom humor se espalhou para outros índices e classes de ativos. Há espaço para um repeteco, ou isso pode ser exagero?

Preços do petróleo sobem, os preços do gás natural se acalmam na Europa e os casos de covid-19 aumentam, mas as hospitalizações e as restrições governamentais diminuem.

Há muito no radar dos investidores.

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na terça-feira, 28 de dezembro:

1. Novo ciclo de baixa da Selic não deve começar em 2022

As expectativas de que o atual ciclo de aperto monetário encerre ano que vem e logo em seguida se inicia um novo período de queda da taxa Selic estão se desfazendo, segundo o jornal Valor Econômico.

Especialistas ouvidos pelo jornal apontam que a taxa chegará a 11,75% no fim do atual ciclo de alta, patamar que deve se manter no fim do ano que vem devido à continuidade de expectativas deterioradas para a inflação em 2022 e 2023.

O Boletim Focus, pesquisa do Banco Central para mensurar estimativas de mercado sobre variáveis macroeconômicas, divulgado ontem aponta que a taxa Selic deve encerrar em 2022 em 11,5%, um aumento de 25 pontos-base em relação à estimativa da semana anterior.

Isso significa que a mediana dos economistas consultados pela autoridade monetária ainda prevê início de um novo ciclo de baixa em 2022, embora essa probabilidade diminua semana após semana.

As probabilidades são quase certas de que o IPCA de 2021 atinja dois dígitos, com expectativa de encerrar o ano em 10,02% de acordo com o Boletim Focus.

A projeção da inflação para 2022 está em 5,03%, acima do centro da meta estipulada de 3,5% e da tolerância de 1,5 ponto percentual acima do centro da meta (5%).

Em 2023, a estimativa está em 3,38%, acima do centro da meta de 3,25%.

2. Preços do petróleo e do ouro esquentam, do gás natural e de criptos esfriam

Ontem, o petróleo começou a cair antes de reverter para um avanço de mais de 2%. Hoje, o petróleo WTI subia 1,57% a US$ 76,78, enquanto Brent avançava 1,42% a US$ 79,33, cada um nas máximas de um mês.

Isso se encaixa com o tema dos mercados da semana passada – a demanda retornará e quaisquer obstáculos da variante Omicron do Covid-19 serão temporários.

A questão no caso do petróleo é se isso acaba por pressionar a economia por meio de maiores custos de insumos e pressões inflacionárias.

Já os futuros do gás natural na Europa continuaram a cair, no quinto dia consecutivo de declínio, com cargas de gás natural liquefeito proveniente dos EUA e notícias de uma reunião entre os EUA e a Rússia que podem ter aliviado as preocupações de uma escassez de energia na região.

Empresas europeias de serviços públicos, como Iberdrola (MC:IBE) e Enel (MI: ENEI) eram negociadas em alta como um sinal de alívio no continente.

Os olhos estão na previsão, com previsão de meados de janeiro para trazer uma onda de frio, e aumentar, por consequência, a demanda por gás como fonte de energia e aquecimento.

Após um início de semana positivo, as principais criptomoedas caíam.

O Bitcoin caiu 3,2%, enquanto Ethereum recuava 3,69%. Solana perdia 4,28%, enquanto Cardano, o líder de ontem, caía 4,38%.

O setor não recebeu o impulso de "os touros voltaram para casa no feriado e convenceram os membros da família a comprar", mas não está claro quais notícias podem impulsionar a liquidação hoje, se houver.

Por outro lado, ouro futuro subia 0,54% no início do pregão, seja devido a preocupações com aumento de casos Covid-19 ou talvez o surgimento renovado da inflação.

3. Depois das máximas históricas, onde está o teto?

Os futuros do S&P 500 avançavam 0,22% e acima da marca de 4.800 pela primeira vez às 09h06, um dia após o índice fechar nas máximas históricas pela 69ª vez no ano.

Os futuros do Nasdaq subiam 0,41%, num reflexo da força contínua do setor de tecnologia, e os futuros do Dow Jones tinham ganhos de 77,5 pontos, ou 0,21%.

O Rali de Natal – a tendência para os mercados subirem durante os últimos cinco pregões de um ano e os dois primeiros do ano seguinte – aparece sobre nós e, a menos que surjam más notícias surpreendentes, não está claro o que irá desacelerar o ímpeto.

O Ibovespa Futuros continuou a alta da véspera e abriu com ganhos de 0,24%.

Em relação às ações, os papéis da Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) subiam 1,29% no pré-mercado depois que o analista da Wedbush Dan Ives aumentou seu preço-alvo para a montadora, de US$ 1100 para US$ 1400 por ação.

Nvidia (NASDAQ:NVDA) também avançava 1,04%, sem notícias específicas.

4. Ações de varejo disparam: excesso de otimismo?

As ações de empresas varejistas disparam na sessão de segunda-feira na B3, embaladas pelo Índice Cielo do Varejo Ampliado, que apontou crescimento de 11,1% nas vendas de Natal desse ano em relação a 2021.

As ações do Magazine Luiza (SA:MGLU3) avançaram 9,4%, enquanto Via SA (SA:VIIA3) escalou 8% e Americanas SA (SA:AMER3) subiu 3,8%.

No entanto, o indicador da Cielo (SA:CIEL3) não é deflacionado, por isso a inflação no período mensurado pelo IPCA-15 anual – prévia da inflação oficial – ficou em 10,24% neste mês e deve ser levado em consideração.

O crescimento real – descontada a inflação – na semana do Natal foi inferior a 1%, ou seja, sem uma expansão relevante, conforme matéria do jornal Valor Econômico.

Mantido esse patamar tímido de vendas, o jornal diz que as empresas varejistas podem revisar os orçamentos já aprovados para o ano que vem, além de destacar falas de economistas de entidades do setor de que a inflação do varejo está acima do IPCA.

A matéria diz que empresários do setor não avaliam que maior movimentação de dinheiro em ano eleitoral possa influenciar em um aumento de vendas, como ocorria em períodos eleitorais passados.

E a Copa do Mundo que vem a ser realizada no fim de 2022 tampouco contribui para o otimismo de vendas no setor.

5. Recorde de casos de Covid-19, mas as restrições permanecem mais leves

Os casos da Covid atingem novos patamares em todo o mundo, mas até agora as respostas governamentais foram silenciadas.

O Center for Disease Control (CDC) dos EUA anunciou que as quarentenas para COVID poderiam ser de apenas 5 dias em vez de 10 dias.

A França impôs restrições de coleta pública, mas manteve as escolas abertas.

A Espanha, até agora, exigiu apenas o uso de máscara ao ar livre.

Enquanto as pessoas esperam para ver como a gravidade da variante Ômicron pode ser reduzida e qual serão seus impactos sobre hospitais e vidas, governos em todo o mundo tomam cuidado ao tomar os tipos de medidas vistas no ano passado nesta época ou no início da pandemia.

Se o Ômicron significa o fim da pandemia do ponto de vista da saúde ou apenas do ponto de vista político, ainda não se sabe, e os dedos estão cruzados para que a cepa seja realmente leve.

Até agora, o mercado vai bem com apenas algumas vendas de curta duração, e nada que tenha restringido o efeito do Papai Noel nos mercados.

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