Nota de crédito do Brasil vai subir?

Fitch descarta elevar nota do Brasil no curto prazo

A agência destaca que as contas públicas ainda são um ponto fraco, mesmo com os esforços do governo Lula para melhorar a situação fiscal

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MEI | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A agência de classificação de risco Fitch afirmou que não deve elevar a nota de crédito do Brasil no curto prazo, apesar do crescimento econômico acima das expectativas.

Em entrevista à Reuters, Todd Martinez, codiretor de riscos soberanos das Américas da Fitch, destacou que as contas públicas ainda representam um ponto fraco, o que impede uma reavaliação positiva da nota do país.

Atualmente, a Fitch classifica o crédito soberano do Brasil como BB, com perspectiva estável, o que coloca o país dois níveis abaixo do chamado grau de investimento.

“Para elevar a classificação de crédito do Brasil, precisaríamos ter mais confiança na capacidade do governo de gerar superávits primários”, afirmou Martinez.

Crescimento econômico não garante melhora na nota

Mesmo com previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 3% para 2024, a Fitch adota uma postura mais cautelosa do que a agência Moody’s, que elevou a classificação de crédito do Brasil para Ba1, um nível abaixo do grau de investimento, com perspectiva positiva.

A mudança pela Moody’s foi vista como um voto de confiança na economia brasileira, que perdeu seu status de baixo risco há quase uma década.

Entretanto, a Fitch mantém uma visão conservadora. Segundo Martinez, embora a atividade econômica continue a surpreender positivamente, as contas públicas seguem sendo uma preocupação.

“As contas públicas continuam sendo um ponto fraco, com repercussões na confiança, nas taxas de câmbio e, portanto, no crescimento”, observou.

Esforços do governo Lula são reconhecidos, mas não suficientes

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem buscado implementar medidas para melhorar o cenário fiscal, como mudanças nas regras tributárias e a recente decisão de reverter as isenções da folha de pagamentos.

No entanto, esses esforços ainda não foram suficientes para garantir uma melhora substancial na avaliação da Fitch.

A agência projeta que o déficit primário subirá de 0,6% do PIB em 2023 para 1,0% em 2025, antes de recuar para 0,8% em 2026.

Ao mesmo tempo, a relação entre dívida bruta e PIB deve crescer de 77,8% neste ano para 83,9% até 2026, segundo as previsões atuais da Fitch para o crescimento econômico e as taxas de juros.

Brasil ainda busca o grau de investimento

Assim como a Fitch, a agência Standard & Poor’s também mantém o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento, com uma classificação BB e perspectiva estável.

O governo Lula, no entanto, segue com o objetivo de recuperar o grau de investimento perdido em 2015. Em setembro, o presidente se reuniu com representantes das três principais agências de classificação de risco em Nova York para discutir a nota de crédito do país.

Apesar do otimismo do governo com o crescimento econômico e as reformas fiscais, a Fitch sinaliza que, enquanto não houver uma melhoria mais clara nas contas públicas e na capacidade de gerar superávits, o caminho para uma elevação da nota de crédito do Brasil permanecerá distante.

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