Ibovespa

Governo surfa no tsunami político e Ibovespa cai em dia de alta no exterior; dólar se aproxima de R$ 4,00

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Pressionado pelo cenário político doméstico o Índice Bovespa passou o dia em queda hoje, atingindo o menor nível do ano, aos 90,308 mil pontos na mínima do dia. O dólar bateu R$ 4,02 na máxima do dia, maior valor desde outubro de 2018. No fechamento, o Ibovespa caiu 0,51%, para 91.623 pontos e o dólar fechou a R$ 3,996, maior cotação desde as eleições. O dólar turismo fechou em alta de 0,48% para venda, a R$ 4,16.

Enquanto o mercado brasileiro recuava, as bolsas americanas recuperaram hoje parte das perdas, com o Índice Dow Jones subindo 0,45%, o Standard & Poor’s 500, 0,58% e o Nasdaq, 1,13%. O mercado melhorou depois que o presidente americano Donald Trump indicou que vai adiar o aumento das tarifas sobre importação de carros da Europa.

Restrições à tecnologia para a Huawei

Mas, no fim do dia, a guerra comercial entre EUA e China voltou a preocupar, com o Departamento de Comércio americano divulgando que colocará a fabricante chinesa de celulares Huawei Technologies e 70 afiliadas em uma lista de entidades que seriam proibidas de adquirir componentes e tecnologia de companhias americanas.

A medida tende a aumentar a tensão com os chineses, depois da alta das tarifas de importação de US$ 200 bilhões em produtos da China. Já o governo chinês retaliou prometendo aumentar os impostos de importação de US$ 60 bilhões dos EUA.

Além da guerra comercial, a divulgação de dados de atividade em desaceleração dos Estados Unidos e da China em abril derrubou as bolsas dos principais mercados pela manhã, com agentes precificando o maior risco de queda da atividade global, afirma o Banco Fator.

Contudo, os índices reverteram a trajetória no início tarde, após Trump, admitir a possibilidade de adiar a implementação de tarifas sobre importações de automóveis por até seis meses. Segundo o Fator, a cautela, no entanto, permanece e tende a deslocar a demanda de ativos de risco para aqueles considerados seguros, de modo a desvalorizar commodities e ativos de países emergentes.

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Denúncias contra o primeiro-filho

No cenário doméstico, o mercado continua acompanhando o tsunami de problemas que o presidente Jair Bolsonaro previu que viria esta semana. Entre eles estão a quebra de sigilo bancário e fiscal do primeiro-filho, o hoje senador Flávio Bolsonaro, e de seu assessor na Assembléia do Rio, Fabricio Queiroz. O assessor foi flagrado pelo Coaf movimentando recursos muito acima de sua renda. A preocupação do mercado é que Queiroz era muito próximo da família Bolsonaro, chegando a depositar um cheque na conta da primeira-dama.

Surfando no tsunami

O governo parece, porém, não se preocupar muito com os problemas que se avolumam no campo político e acabam contaminando a economia. Ao contrário, em vez de tentar se proteger e apaziguar os ânimos, resolveu surfar o tsunami, reafirmando os cortes nas universidades federais e aumentando o descontentamento da opinião pública e dos parlamentares. Hoje, em meio a manifestações contra o corte no orçamento da educação básica e do ensino superior por todo o país, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi chamado à Câmara para explicar esses ajustes.

Carteira de Trabalho, conhece?

Em vez de tentar colocar panos quentes na situação, Weintraub não apenas reafirmou o contingenciamento das verbas como usou de ironia contra os parlamentares, sugerindo que eles não conheciam a Carteira de Trabalho. As provocações do ministro vieram no mesmo dia em que parlamentares reclamaram do presidente Jair Bolsonaro, que em reunião com lideranças teria determinado ao ministro que cancelasse o corte de verbas. Enquanto isso, em Dallas, nos Estados Unidos, onde foi receber uma premiação, antes prevista para ocorrer em Nova York, Bolsonaro chamava os manifestantes de idiotas úteis, que não sabem a fórmula da água ou uma regra de três.

Para o Banco Fator, se a situação política pede cautela, o cenário econômico também não está muito melhor, com  a divulgação do IBC-Br de março evidenciando a tendência de queda da atividade no primeiro trimestre de 2019.

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