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Guerra comercial EUA-China esquenta e derruba bolsas na Ásia e Europa

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A guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a preocupar os investidores de todo o mundo e derrubou os preços das ações na Ásia e na Europa, diante do receito de que o conflito derrube o comércio internacional e agrave a tendência de desaquecimento da economia mundial.

Ontem, o presidente Donald Trump anunciou que vai impor tarifas de 10% sobre mais US$ 300 bilhões em importações chinesas, frustrando as expectativas com a retomada das reuniões entre os representantes dos dois países nesta semana. Já os chineses responderam hoje que não vão admitir serem chantageados e prometem responder também com restrições à compra de produtos americanos. Ontem, também o Japão anunciou medidas comerciais contra a Coreia do Sul, que exige compensações de autoridades japonesas por crimes cometidos durante a ocupação na II Guerra Mundial.

Em meio a essas novas tensões, o Índice Bovespa, que subia quase 2%, perdeu força e fechou em alta de 0,31%, aos 102.125 pontos. Já as bolsas americanas caíram, com o Dow Jones perdeu 1,05%, o Standard & Poor’s 500, 0,90% e o Nasdaq, 0,79%. Hoje, a queda continua, com o Dow recuando 0,18% no mercado futuro, o S&P 500, 0,30% e o Nasdaq, 0,61%.

O juro futuro dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA, que caíram ontem abaixo de 2%, hoje seguem em baixa, a 1,859% ao ano, queda de mais 0,03 ponto, indicando que o mercado aposta que os juros devem cair com o desaquecimento da economia americana e maior procura dos títulos como proteção. O dólar cai em relação ao euro e ao iene.

Hoje, na Ásia, o Índice Nikkei, do Japão, caiu 2,11%, o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 2,35% e o índice da Bolsa de Xangai caiu 1,41%. Na Europa, o Euro Stoxx 600 perde 1,91%, com o DAX, da Alemanha, perdendo 2,59% e o CAC, de Paris, 2,77%. O Financial Times, de Londres, perde 1,83% e o MIB, da Itália, 1,78%.

Segundo a LCA Consultores, o destaque da agenda americana será o relatório do mercado de trabalho em julho. A expectativa é de que os números mostrem a continuidade do quadro robusto, o que limitaria o espaço para o Federal Reserve (Fed, banco central americano) cortar muito mais os juros. .

Outras notícias também mantêm os investidores cautelosos, diz o Bradesco. No Reino Unido, a situação ficou um pouco mais tensa após o partido de oposição ao governo ter ganhado dois novos assentos no País de Gales. Essa notícia levanta questionamentos sobre a capacidade de articulação política do primeiro-ministro para conduzir o processo do Brexit. Além disso, a divulgação do payroll, hoje, pode influenciar ainda mais  os mercados.

No mercado de câmbio, diz o banco, apesar desse quadro, não se observa tendência única das moedas frente ao dólar. Já com relação às commodities, o movimento predominante é de perdas, embora, nesta manhã, o petróleo esteja recuperando parte de sua queda de ontem, que foi puxada pela retomada de tensões comerciais. Depois de cair 7% ontem, o petróleo WTI, negociado em Nova York, subia 2,6%, a US$ 55,34 o barril.

No Brasil, na ausência de indicadores relevantes, o mercado deve seguir a tendência internacional. O balanço da Petrobras também pode influenciar os negócios, com uma alta de 87% no lucro, lembra a Guide Investimentos. A estatal divulgou lucro líquido de R$ 18,9 bilhões. A venda de participação na Transportadora Associada de Gás (TAG) foi fator determinante nos resultados, contribuindo com R$ 21,4 bilhões para a empresa petroleira. Sem o desinvestimento na transportadora, o lucro da estatal seria de R$ 5,2 bilhões, abaixo do esperado pelo mercado.

A Guide destaca também que o ministro de Minas e Energia, Bento Abulquerque, enviou comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), informando que o presidente Jair Bolsonaro autorizou a venda da Eletrobrás. O governo pretende vender ações da holding até perder controle majoritário, tornando a holding em uma empresa de capital pulverizado, sem acionista majoritário. A Eletrobrás é responsável pela geração de 37% de toda a energia elétrica do país.

A venda da participação deve gerar em torno de 20 bilhões de caixa para os cofres públicos. Antes disso, o governo terá que reestruturar a empresa para manter controle sobre 2 dos seus maiores ativos: a Itaipu, hidroelétrica compartilhada com o Paraguai, e a Eletronuclear, subsidiaria composta pelas usinas termonucleares em Angra dos Reis (RJ). O governo manterá o controle sobre ambos os ativos.

Como a Eletrobrás é uma “empresa mãe” e não uma subsidiaria, como no caso da BR distribuidora, que passou por processo similar em julho, a venda requer aprovação pelo Congresso, lembra a Guide. Por esta razão, o governo não divulgou cronograma para o processo de desinvestimento. Em 2017, o então o presidente Temer buscou vender a participação do Governo na holding, mas não recebeu o aval necessário do Legislativo.

Para a Guide, sem indicadores relevantes no dia de hoje, e com as bolsas no exterior em queda, o mercado segue reagindo à temporada de balanços. “Com isso, esperamos um dia de viés neutro/negativo para ativos de risco locais”, diz.

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