Guide tira ações do IRB de suas carteiras para o mês de março

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Por Gabriel Codas

Investing.com – Em meio à turbulência envolvendo as ações do IRB Brasil (SA:IRBR3) Re, a Guide Investimentos divulgou nota no final da tarde de ontem retirando o ativo de suas carteiras Top Picks e Dividendos, para incluir Sanepar (SA:SAPR11) e Sul América, respectivamente.

A corretora explica que as inclusões são sempre baseadas em fatos apresentados pelas empresas, avaliação do cenário dos segmentos as quais se encontram, análises fundamentalistas e potencial retorno que tais ativos possam proporcionar.

Desta forma, os analistas destacam que no primeiro momento em que Squadra divulgou duas cartas questionando práticas contábeis da resseguradora, a opção foi por esperar o resultado referente ao quarto trimestre da IRB para realizar uma análise mais profunda se existia fundamento em tais questionamentos e como a empresa se posicionaria naquela altura.

Na visão da corretora, o resultado apresentado pelo IRB apresentou abertura interessante das questões debatidas e, na avaliação deles, não seria motivo para alterar a postura quanto à empresa. Assim, os analistas entendem que operacionalmente, o resultado foi robusto e, dado o desconto no patamar de preço daquele ativo, fez sentido optar por manter nas carteiras Top Picks e Dividendos.

Eles também apontam que, depois desse fato, veio a notícia de que Ivan Monteiro, presidente do conselho de administração da companhia naquela altura, teria pedido demissão do cargo logo após divulgação do resultado. A primeiro momento, esse fato foi negado pela própria empresa, o que tranquilizou os mercados temporariamente. Entretanto, na sexta-feira à noite, 28/02/2020, o IRB informou, por meio de comunicado ao mercado, que o pedido de demissão de Ivan Monteiro era real.

Com isso, mesmo com a nomeação de Pedro Guimarães, atual presidente da Caixa Econômica Federal, para a presidência interina do conselho de administração do conselho, o mercado elevou seu nível de incerteza quanto a veracidade das informações apresentadas pelo management da empresa.

Os analistas apontam ainda que, em um terceiro momento, a divulgação pela imprensa de que a Berkshire Hathaway teria triplicado sua posição na companhia serviu de suporte para confiança do mercado na empresa. Em um call realizado exclusivamente aos sell sides na segunda-feira, a própria IRB corroborou a veracidade da informação. Entretanto, na terça-feira à noite, a Berkshire emitiu uma nota afirmando que a informação era falsa e que a holding “não é acionista do IRB atualmente, nunca foi e não tem intenção em ser”.

A corretora reitera que as descrições de inclusão de ativos nas carteiras são baseadas em todos tipos de informação e que, até o momento da decisão de manutenção, o mercado não tinha conhecimento de que a empresa tinha divulgado informações que não eram verdadeiras, seja pelo pedido de demissão de Ivan Monteiro, ou pelo aumento de posição da Berkshire Hathaway na empresa.

A Guide mantém a opinião de que a empresa vem apresentando fortes resultados e que operacionalmente deve se manter como grande líder no segmento. Entretanto, a relevante falta de confiança do mercado em torno do management da empresa, tomou a decisão de retirar o ativo das carteiras Top Picks e Dividendos.

Tombo

Os papéis do IRB acabaram fechando a sessão de ontem com forte queda de cerca de 32%, a R$ 18,98, tendo alcançado na mínima da sessão R$ 16,31, menor patamar intradia desde agosto de 2018.

O tombo das ações da companhia, que tem entre os maiores acionistas a Bradesco (SA:BBDC4) Seguros (15,2%) e Itaú Seguros (11,1%), representa uma perda de cerca de R$ 8 bilhões em valor de mercado em relação ao fechamento de terça-feira e de pouco mais de R$ 18 bilhões no acumulado do ano.

Na última semana do mês passado, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que a Berkshire Hathaway, holding de investimentos do bilionário Warren Buffett, havia praticamente triplicado a fatia que detinha na resseguradora em fevereiro. No dia da divulgação da notícia, a ações do IRB fecharam em alta de 6,6%.

Em comunicado ao mercado na véspera, o IRB Brasil RE disse que “nunca afirmou que tal grupo fosse seu acionista”, mas analistas relataram nesta quarta-feira que executivos da empresa disseram, em uma teleconferência na última segunda-feira, que o grupo norte-americano era um investidor da companhia

“Em determinado momento, quando questionados sobre a participação da Berkshire na base de acionistas do IRB, os executivos disseram que têm uma relação próxima com o Sr. Ajit Jain, homem forte da Berkshire Hathaway e responsável pela operação de seguros da holding americana”, afirmou a Eleven Financial.

“Afirmaram, ainda, que a Berkshire é cliente e uma das retrocessionárias do IRB desde a época do IPO e que depois, passaram a ser investidores e, recentemente, aumentaram a posição via Berkshire Hathaway International Insurance”, disse a casa de análise em relatório a clientes, assinado pelo co-chefe de renda variável Carlos Daltozo.

De acordo com analistas do Credit Suisse, a sinalização de investimentos da Berkshire no IRB havia sido vista de forma positiva pelo mercado, indicando confiança na empresa brasileira, conforme nota a clientes da corretora do banco.

No final da manhã desta quarta-feira, o IRB comunicou ao mercado que conselho de administração da empresa se reuniu às 8h e determinou à diretoria a realização de uma “análise criteriosa” de sua base acionária.

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