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Ibovespa cai 0,83% e dólar sobe 0,69%; Oi perde 10%; mercado aguarda queda dos juros aqui e nos EUA na semana que vem

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O Índice Bovespa fechou em queda de 0,83%, aos 103.501 pontos, com o mercado devolvendo parte dos ganhos dos últimos sete pregões de alta. O principal indicador do mercado acionário brasileiro acompanhou as bolsas americanas, que também tiveram um dia de altos e baixos após o presidente Donald Trump afirmar que pode fazer um acordo provisório com a China e os chineses respondendo que vão comprar mais produtos agrícolas americanos. Enquanto o Índice Dow Jones subia pelo oitavo pregão seguido modestos 0,14%, o Standard & Poor’s 500 caiu 0,07% e o Nasdaq, 0,22%. Na semana, o Dow acumulou alta de 1,6%, o S&P 500, 1% e o Nasdaq, 0,9%. Na Europa, as bolsas subiram ainda repercutindo o corte nos juros e as medidas para injetar liquidez nos mercados do Banco Central Europeu.

No Brasil, o Ibovespa movimentou R$ 14,673 bilhões, abaixo da média do ano, de R$ 16 bilhões. As ações do Itaú Unibanco PN, papel de maior peso no indicador, ajudaram a segurar o índice, com alta de 1,36%. O banco subiu na esteira do anúncio da XP Investimentos, de que está contratando instituições para coordenar sua abertura de capital, o que deve valorizar a participação de 49% que o Itaú têm na corretora. Já o destaque de baixa foi Oi ON, que teve sua nota de crédito rebaixada pela agência Standard & Poor’s 500. O papel, que não está no Ibovespa, caiu 10,26%.

As maiores altas do índice foram de Marfrig ON, 6,44%, Weg ON, 2,91% e JBS ON, 2,51%. As maiores baixas foram de Kroton ON, 3,68%, Localiza ON, 3,54% e Multiplus ON, 3,39%.

Apesar do dia negativo para a bolsa, as ações do setor de frigoríficos apresentaram desempenho positivo, destaca a corretora Guide Investimentos. Marfrig liderou os ganhos da sessão com a expectativa de ampliação do acordo com o Burger King para a venda do seu hambúrguer vegetal nas operações internacionais da rede de fast-food, de acordo com fontes, negociações já estão em andamento, inclusive para uma atuação no mercado americano.

Outro destaque, as ações da JBS subiram com a expectativa de uma suspensão das tarifas de importação impostas pela China sobre a carne suína e produtos agrícolas dos EUA. A JBS possui grande parte da sua produção nos EUA e tende a se beneficiar com a medida, aumentando o volume de exportações para China.

Celulose em alta

Um destaque positivo da semana, segundo a Guide, foram as ações do setor de papel e celulose. No acumulado da semana, as ações de Suzano e Klabin acumulam ganhos de 14,5% e 1,5%, respectivamente. Em meio ao cenário ainda adverso para o setor, com estoques de celulose em níveis historicamente altos na China e cotação da commodity pressionada negativamente, as ações do setor tiveram desempenho positivo em função ao arrefecimento das tensões comerciais globais e manutenção do dólar acima dos R$ 4,00. Com isso, as ações reduziram parte das perdas no ano, mas ainda acumulam desvalorização de 11,5% no caso de Suzano e de 1% para a Klabin.

Ibovespa sobe 0,6% na semana

Na semana, o Ibovespa acumulou uma valorização de 0.6% no índice. Boa parte deste movimento se deu pela dinâmica positiva dos mercados externos, além da melhora nos setores de serviços e varejo, puxados pelo crescimento do consumo e do crédito.

Dólar sobe 0,7%

Já o dólar fechou em ligeira alta, de 0,7%, vendido a R$ 4,09 no mercado comercial. Hoje, o real e a lira turca foram as moedas de emergentes que mais se desvalorizaram diante do dólar, afirma Pablo Stipanicic Spyer, da corretora Mirae Asset. Segundo ele, os investidores aproveitaram o fim de semana para realizar lucros e aguardar as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil.

Cortes de juros nos EUA e no Brasil e reforma da Previdência

Na próxima semana, o foco do mercado deverá estar na reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom, que deve cortar na quarta-feira os juros, hoje de 6% ao ano para 5,5% ao ano, e na reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que pode reduzir sua taxa em 0,25 ponto percentual, de 2% ao ano para 1,75% ao ano. Todos acompanham o Banco Central Europeu, que tornou sua taxa ainda mais negativa esta semana, de -0,40 por cento para -0,50 ao ano. Juros mais baixos tendem a favorecer os investimentos de maior risco, como ações e os mercados emergentes.

Outro foco de atenção no Brasil será a discussão da reforma da Previdência no Senado, que pode ter novas mudanças e alterar o valor da economia prevista. Há um esforço também para incluir Estados e municípios na reforma, o que seria muito positivo para o ajuste fiscal.

Reforma tributária sem CPMF e novo secretário da Receita

A discussão da reforma tributária também deve continuar, em meio à indicação de um novo secretário da Receita Federal. A escolha será um bom teste para a força do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo, após o desgaste da demissão de Marcos Cintra pelo presidente Jair Bolsonaro e do veto do presidente à proposta de recriação da CPMF. Guedes pode anunciar alternativas para compensar o imposto do cheque, o que deve incluir tributação sobre dividendos e mudanças nos impostos de aplicações financeiras.

Bolsonaro também deve deixar o hospital na semana que vem e reassumir a presidência.

Inflação mais baixa e atividade fraca reforçam corte dos juros

Para o Itaú, a projeção de inflação do Copom para 2019 no cenário de mercado (que inclui câmbio e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus) deve recuar para 3,4% (de 3,6%) e ficar estável para 2020, em 3,9%. No cenário de referência (que considera câmbio e juros constantes), as estimativas devem recuar para 3,4% em 2019 (de 3,6%) e subir para 3,7% em 2020 (ante 3,6%).

Assim, o banco acredita que as condições para o cenário de continuidade do ciclo de flexibilização não tiveram mudanças significativas desde a última decisão de política monetária. “Dessa forma, esperamos que o Copom reduza a taxa Selic para 5,50% ao ano em sua reunião em 17 e 18 de setembro”, diz o Itaú. Olhando mais à frente, dado que a recuperação econômica deve continuar lenta nos próximos meses e as perspectivas para a inflação continuam benignas, o banco projeta que a taxa Selic chegará a 5,00% ao ano até o fim de 2019.

O Banco Fator também vê espaço para corte de 0,5% na próxima reunião e mais 0,5% até o fim do ano. O banco mudou as projeções para o IPCA deste ano (3,75%), reduziu o crescimento do PIB esperado para 2020 (1,5%) e elevou a taxa de câmbio para o final de 2019 (R$ 3,88). A LCA também estima um corte nos juros para 5,5% na reunião do Copom.

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