Ibovespa

Ibovespa cai 1,4% e dólar sobe com receio de “furo” no teto de gastos do governo

Imagem descrevendo ações do Ibovespa
Ibovespa atinge novo recorde histórico, impulsionado por commodities e alta da Petrobras. | Reprodução

Os mercados financeiros locais contrariaram a tendência global de otimismo e fecharam refletindo a preocupação dos investidores com a situação fiscal do país. Na bolsa B3, o Índice Bovespa fechou em baixa de 1,4%, aos 95.998 pontos, com R$ 12,8 bilhões negociados. O índice foi puxado para baixo por bancos, Petrobras e Vale e terminou com apenas quatro ações em alta. No dólar, a moeda americana subiu 0,99%, a primeira alta após três pregões de baixa, encerrando no mercado comercial vendido a R$ 3,894. E os juros no mercado futuro de DI voltaram a subir, com o contrato mais longo, para janeiro de 2025, projetando 8,01%, 0,17 ponto percentual acima do fechamento de ontem.

Várias notícias ruins contribuíram para o temor dos investidores. A primeira, o fracasso na tentativa do governo de aprovar um crédito suplementar no orçamento deste ano para cumprir a regra de ouro e garantir o pagamento de benefícios e custeio da safra. A votação foi adiada para dia 11. O Supremo Tribunal Federal (STF) também aumentou o suspense em torno da decisão sobre a necessidade de os legislativos aprovarem vendas de subsidiárias de estatais, ao adiar a votação para amanhã quando o assunto estava empatado em 2 a 2.

Receio de abandono do teto de gastos

Mas a grande preocupação surgiu de boatos de que o governo estaria pensando em burlar o teto de gastos aprovado no governo Michel Temer depois da aprovação da reforma da Previdência. O receio era que o governo estaria pensando em retirar da conta de gastos os investimentos. O teto prevê que o governo só pode gastar o mesmo valor do ano anterior corrigido pela inflação.

A informação foi desmentida pelo Ministério da Economia no fim da tarde, mas o estrago já estava feito. “O pessoal ficou bastante nervoso com a possibilidade de flexibilização do teto de gastos”, afirma Pablo Stipanicic Spyer, diretor da corretora Mirae Asset. “Até onde podem ir os gastos do governo depois de aprovar a Previdência e flexibilizar o teto, ninguém sabe”, afirma. “Isso que estressou o mercado.”

Petróleo cai com estoques nos EUA

No exterior, a queda dos preços das commodities, especialmente petróleo, ajudou a derrubar as ações. O barril do tipo WTI, negociado em Nova York, caiu 3,4%, para US$ 51,68, depois que o Departamento de Informações de Energia dos EUA divulgou que os estoques de petróleo americano tiveram a maior alta semanal em dois anos.

Menos emprego

Os mercados americanos repercutiram o número baixo de criação de vagas do setor privado em maio, 27 mil, ante 271 mil vagas em abril e bem menos que as 185 mil previstas pelo mercado, segundo a consultoria ADP. Na sexta-feira, saem os dados oficiais do Departamento do Trabalho.

Livro Bege

Já o Livro Bege, do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que faz um compilado de vários indicadores, mostrou que a atividade econômica apresentou melhoria entre os meses de abril e maio, apesar da tímida expansão na atividade econômica. A inflação manteve-se abaixo da meta de 2% e os gastos do consumidor foram moderados. Já o presidente do Fed, Jerome Powell, fomentou as expectativas de um corte na taxa de juros, segundo o BB Investimentos.

Bolsas sobem nos EUA e Europa

As bolsas americanas fecharam em alta, com o Índice Dow Jones e o Standard & Poor’s 500 subindo, os dois, 0,82%, enquanto o Nasdaq ganhava 0,64%. Na Europa, na véspera da reunião do Banco Central Europeu (BCE), a maioria das bolsas subiu e o Índice Euro Stoxx 600 ganhou 0,38%. O dólar recuou diante do euro e do iene. E os juros dos títulos americanos de 10 anos recuaram para 2,132% ao ano, 0,002 ponto de queda.

Só quatro altas no Ibovespa

No Brasil, apenas quatro papéis do Ibovespa subiram: Azul PN, 1,55%, Klabin Unit, 1,45%, Qualicorp ON, 0,54% e MRV ON, 0,18%.

A maior queda do dia foi de Via Varejo ON, com 4,32% de baixa, IRB Brasil ON, 4,08%, CSN ON, 3,63%, TIM Participações ON, 3,62% e BRF ON, 3,42%.

BB cai 2,7% e Braskem tem forte negociação

Petrobras fechou em queda de 1,30%, acompanhando o petróleo e a votação no Supremo que pode limitar a venda de subsidiárias de estatais. Vale ON caiu 1,47%. Já Itaú Unibanco PN caiu 1,94%, e Banco do Brasil ON, 2,76%. Braskem, que ontem desabou após o fracasso na venda da empresa, foi o quarto papel mais negociado do dia e fechou em queda de 0,15%.

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